Carta de um Literato
Enterras Estranjeiras


Versão 2.9 - 11/07/97

por Carlos Alberto Teixeira e s[ua|eu]s honoráveis colaborador[a|e]s


Esse tempo lonje do Brasil me enche de saldades. Onte tentei dar uma telefonema pra vocês, mas as linhas estão muito rúins. Pouco tenho escrito e sinto que talvês esteje perdendo um pouco a prática, mas me vêem à memória fatos curriqueiros do diadia.

Me lembro que certo dia há trêis anos atráz, eram meio-dia e meio, quando deu um pobrema no meu Escorte: furou o peneu. Asar meu: o estrepe também estava furado. Aproveitei e troquei um fusil quemado no painéu (olha que tinha ido ao eletrecista a menos de uma semana). Pior que, quando freiei o carro, por pouco uma jamanta não me bateu nimin. Dipois que fis o concerto, encontrei um camondongo morto dentro do capou. Para esquesser a pécima imajem e o cheiro fidido, tomei um sorvete Kri-Cocrante, muito embora preferisse muito mais ter comido umas sem gramas de mortandela com salxixa e iurgúte.

Dias dipois, estava eu avoando de helicópitro, no meio de uma discursão com meu adevogado, quando tivemos de enfrentar um bravo dum rodamoinho de vento, que a metereologia não a via previsto. No meio do vôu, levei duas mordidas de musquito: uma bem em cima duma berruga que tenho perto da sombrancelha e outra numa pretuberância que tenho abaicho do imbigo, bem perto de onde a via me mordido uma changuexuga. Nem precizo dizer que o lugar ficou rochunchudo e tive que passar logo uma pumada de terebentina em ambos os dois carossinhos.

Quando aterrizamos fomos diretos procurar uma lancheonete, tipo restorante serve-serve. Encontramos enfin um lugar que expirava confiança. A casa estava cheia e o garção, que era meio inguinorante, amostrou-nos um canto e foi dizendo "Se sentem-se". Acabamos sentando numa táuba, pois era um lugar omilde. Sinceriamente eu estava ezausto e esfomiado, precizava de uma janta. Queríamos comida ala kart, mas o homem disse que estava faltano de tudo. Então pegamos o cardápil e pedimos mesmo o prato do dia, marcado com um asterístico. Meu adevogado quase que vumita quando comeu o ôvo estralado. Mas o rendo mesmo foi tomar aquela chicra de café com gosto de ólho de fígaro de bacalhal. A comida estava realmente orrível e nós se senti-mos violentados.

Por falar em violência, não me esquesso de um dia na falcudade, dipois de assistir um conserto de violonselo, estava sastifeito e destraído orinando no toaletti, quando olhei pelo um vasculhante e tive o disprevilégio de ver, por trás de uma árve, um mendingo com a barriguilha aberta estrupando uma dona. Ficava chamando ela de largatixa. Se a mulher tivesse um mascote, por ezemplo um cachorro de pendigree, botaria o selerado pra correr. Mas não tinha, maior asar. Se eu ver uma sena assim de novo, nem seio que faço. Acho que tenho um infarte.

De modos que, logo dipois veio a poliça e fez o rizísto do fragrante da ocorrênssia. Demorou a sair o laudo porque o computador da delegacia estava com defeito na tecla blackspace e parece que tinha algum defeito também no CD-RUM. Estive com o delegado para servir de destemunha e chamei a atenção para a gravidez do crime. Ele me respondeu na maór cara-de-pau: "Grandes coisa...". Dias dipois o marjinal impretou um mandato de insegurança afin de sair do chilindró. E ele saíl mesmo, pois era dimenor.

Aliás, sair da prizão não é algo difício aí nessa terra. O comprimento da lei nem sempre se faz. Lembro-me do caso de um sentinela que, dipois de cometer uma inflação no tráfico, acabou atroprelando um pedreste que estava entertido olhando a vetrine dum cabeleleiro. Era Domingo e o polvo que assistiu ao encidente, perto duma área de laser, ficou revoutado. Quase depedraram a delegacia com paralepípedos. A reação da massa foi estupêndula.

Na mesma tarde alguém rodou no mimiógrafo um comunicado espalhando o falso buato de que, apesar de também ser vissiado em tóchico, o rél seria souto e sairia do cárssere livre como uma libérula. Tenho a imprensão que essa notícia atissou os ânimos como uma flexa incandecente. O ponto central que está ao redor de toda essa estória é que a gentália era corrúpita e o acuzado pagou um preço barato para sair do chadrês. Para os médicos, alegava que tinha o apêndice sulfurado e reclamou que lhe fez mau um mixto quente com arrozbife que lhe ofereceram na sela. Acreditem vocês que dipois até déro para ele bicabornato para curar um mau-estar que o safado sentiu no buxo, não sei se no estrômbago ou no figo.

A gente véve essa rotina doida e essas coisas me deixam tão enquieto que penso até em dar uma guinada de 360 graus na minha vida. Mas edifício, pois sou cheio de complecsos. Estou cheio de tíquete nervoso. Ainda minino, levei um supapo na cara e meu óculos vuou longe. Tive que ir ao fitalmologista e ele me segurou à força e delatou minha pupilha. Foi um choque para min. Hoje posso ser visto como uma pessoa cliteriosa, mas quando era muleque ficava jogando gaviota em plena aula, mascava muito chicrete (tinha os dentes tudo careado) e tacava champinha de garrafa nos colegas. Mas estava dezorientado, o que restava pra min fazer? Cada vez menas gente se aprossimavam de min e eu ficava sentado nos degrais da escada do coléjo, amargorado. Me tratavam como um cão sardento.

Minha professora me dava muita paumada. Lembro um dia que ela ensinou aquela regra de sintacse: "Advérbio não vareia, quanto mais se acorrege mais pioreia". Me bateu tanto que até hoje eu não comprendí esse ensinamento. Cheguei a pensar que purcausa disso eu fôçe escrever mau a vida inteira. Graças adeus isso não aconteceu.

Mas talvez seje por essas e outras que tenho tantos tralmas hoje endia. Me fizeram até um ezame no célebro: não deu nada. Eu sei que, quando vejo um mastro com bandeira a meio palmo, eu souo frio: a idéia da morte me aterrorisa. Quando tomo bãinho de mar, fico só pensando nos clorofórmios fecais se adentrando pelo meu corpo adentro e novamente entro em crize. E, mais extranho, quando tiro da carteira uma célula de R$ 1, olho para a esfinge da república e lembro da minha falicida tia Célha. Me disserão que precizo de ir a um piscanalista, mas eu descordo -- sou um cara normalícimo.

Mas isso tudo é coisas da vida. Vou terminando por aqui. A fauta de vocês é emensa. Dispidida dói, porisso não digo a Deus, só digo...

Tiau.

- c.a.t.
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