AS RETRETES DO SENHOR ENGENHEIRO

Está no livro Encanamentos e Salubridade das Habitações, já em 3a. edição em Lisboa, fazendo parte da coletânea da Livraria Bertrand: Biblioteca de Instrução Profissional. É obra do engenheiro português João Emilio dos Santos Segurado e, no capítulo V, eu num guentei mais e resolví transcrever. Lá vai:


Instalações sanitárias (retretes coletivas):

Na instalação de retretes coletivas nos quartéis, escolas e, principalmente, nas grandes oficinas, é necessário adotar disposições especiais, por assim dizer: disciplinares, para evitar que o pessoal ali permaneça além do tempo indispensável. É de todos conhecido que os operários menos cuidadosos com os seu deveres, aproveitam a ida à retrete ameudadamente para abandonarem o trabalho. Recorre-se por isso a diversos meios que tornam incômoda a permanencia nas retretes. As portas dos sanitários devem ser baixas, para que facilmente se veja de fora quem lá está. Usam-se muito as retretes turcas, onde as pessoas se teem de acocorar para delas se servirem, mas tem-se reconhecido que nao é bastante isso, por não ser a posição incômoda para todas as pessoas.

Também se costuma colocar nas retretes desse sistema uns descansos de ferro encastrados nas paredes e que correspondem aos sovacos e onde as pessoas ficam por assim dizer penduradas para fazer as necessidades. Ainda se tem usado o tampo das retretes bastante inclinadas, para que o pessoal não fique bem sentado, mas apenas encostados, numa posição bastante incômoda, mas todos esses dispositivos são ineficazes quando se trata de mandriões incorrigíveis. Recorre-se, igualmente, à ação da água ou do vapor. Periodicamente lança-se nas retretes uma violenta corrente, que as lava, arrastando os dejetos, mas dirigida de um modo que uma parte da água molhará as pessoas que ali estiverem sentadas ou acocoradas; mas exige esta disposição que se disponha de um volume considerável de agua, o que nem sempre sucederá.

Empregando as retretes do sistema Doulton já descritas, pode usar-se com o mesmo fim a descarga de vapor das máquinas, feita na canalização; a temperatura do vapor é bastante para queimar ou, pelo menos, tornar insuportável a permanência nas retretes. Um meio preconizado por industriais para evitar a permanência do seu pessoal nas latrinas, é mantê-las num estado de imundice tal que o cheiro afugenta dalí os operários logo após satisfazer suas necessidades.

Texto extraído - sem comentários - das páginas 148 e 149 do livro do engenheiro acima mencionado.


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Agradecimentos: 

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