O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 13 - Escrito em: 1991-05-04 - Publicado em: 1991-05-27


Esse é fácil


O iniciante que está enfiando a cara pela primeira vez nesse maravilhoso universo dos BBS's, amiúde o faz pilotando algum software de comunicação tipo pé-sujo. São esses programas de terceira categoria que costumam vir como brinde junto com modems baratos sem marca produzidos em Singapura ou Taiwan n'alguma garagem fétida.

Esse tipo de programa faz o minimum minimorum para agradar a um principiante. Em pouco tempo, o usuário, já mais celejado e bem posicionado, vai torcer o nariz para o seu primeiro companheiro e logo perceberá que existem coisas muito melhores ao seu alcance. Uma destas pérolas é o TELIX, estupendo software de comunicação e facílimo de encontrar nos bancos de programas dos BBS's.

O usuário mais categorizado que existe abaixo da linha do Equador, quiçá acima, para falar sobre o Telix é o manipresto e conceituadíssimo arquiteto bbs-zeiro Maurício Silva. Após terrível sofrimento com um programa classe D de nome impublicável, este nosso caríssimo colega optou pelo Telix, que utiliza já há dois bons anos.

Segundo o emérito Maurício, o Telix, atualmente em sua versão 3.12, é um software bastante amigável e simples de usar. Aliás, esta foi a idéia básica que norteou seus produtores. Tal filosofia, contudo, não compromete em absoluto sua competência para dar ao usuário tudo o que ele espera de um bom soft de comunicação.

E o que se deve esperar? Bem, primeiro ele tem que emular um terminal. O Telix pode emular cinco tipos de terminais: TTY, ANSI-BBS, VT102, VT52 e AVATAR. Para você que está começando, experimente o ANSI-BBS se você usa o ANSI.SYS no seu CONFIG.SYS. Caso contrário, use o VT102 ou o VT52. Não entendeu nada? Tem problema não. Você pode mudar o terminal emulado mesmo quando estiver on-line. Experimente e veja o que funciona melhor para você.

Qual a velocidade de transmissão a ser usada? Depende de seu modem, e do modem que está na outra ponta da linha. O Telix pode transmitir e receber dados até a velocidade de 115.200 Baud (bit por segundo), sendo que as velocidades mais usadas são 300, 1200 e 2400 Baud.

E para discar? Ele tem uma lista de telefones que aceita até 1000 registros, e você pode ter quantas listas quiser. Nesta lista consta o nome do BBS, o número do telefone (incluindo o DDD, se for o caso), os parâmetros de comunicação (velocidade, paridade e stop bits), o "script" que está associado àquele BBS (mais adiante vamos ver o que é um script), o tipo de terminal emulado e um pequeno histórico mostrando a data da última conexão, quantas vêzes você se conectou àquele BBS, etc.

Oferece ainda a opção "chat" - para o usuário chato, pensaria você. Nada disso. O "chat" (pronuncie "tchét") lhe permite conversar com quem está do outro lado da linha, via teclado. Ele divide a tela em duas, mostrando o que você digita na parte de baixo, e o que você recebe (a falação digitada do outro cidadão) na parte de cima. Bonitinho e divertido.

E quando você está ligado num BBS e aparece uma mensagem enorme que passa voando pela sua tela quase lhe dando um nó nos olhos? Dá vontade de chorar. Mas não precisa. É só pressionar alt-B que ele mostra no ato o "buffer" onde fica armazenado o que entrou pelo modem. Basta ir voltando as páginas e lá está tudo aquilo que você não conseguiu ler porque havia passado direto. E você que pensou que aquilo tudo estava perdido para todo o sempre, hein. Nada mau esse Telix.

Para transmitir arquivos, ele oferece uma gama enorme de opções de protocolos. Desde o ASCII - sem nenhum tipo de correção de erro, até o Zmodem - o mais usado e com maiores recursos de correção, recuperação e retomada da transmissão, caso interrompida. Além disso, suporta até quatro protocolos externos. Um protocolo externo é como o nome diz: fica fora do programa, não faz parte do Telix. Cabe a você configurá-lo e o o Telix vai providenciar um lugar para ele na lista dos protocolos disponíveis, com o nome que você escolher. Quando você pressiona a tecla PgUp, para enviar um arquivo, ou PgDn para receber, o protocolo definido por você passa a constar da lista. A única diferença é que, ao escolhê-lo, o Telix vai acionar um "shell" para o DOS (vai ao DOS sem sair da memória). Mas para você, tudo isso será totalmente transparente.

Se você preferir, o Telix pode funcionar como um mini-BBS, através do modo "Host". Nele o seu micro fica esperando uma ligação de outro micro, do mesmo jeito que num BBS. A conexão se completa e o outro usuário fica pendurado no seu micro, podendo ter manipular os arquivos da sua máquina, porém de forma seletiva, através de quatro níveis de acesso - protegidos por senhas - que vão desde pegar simplesmente um arquivo num diretório determinado por você, até dar um shell no seu sistema e passear à vontade por ele. Obviamente esta última opção é só para as pessoas mais chegadas e de sua inteira confiança, tipo sua namorada, mãe ou professora. Isso em virtude do risco envolvido ao expor seu sistema de forma tão explícita e aberta.

Para capturar todas as novidades e lê-las depois com toda a calma do mundo, como já foi sugerido em artigos anteriores, basta teclar alt-L e o nosso bom Telix vai mostrar o nome do arquivo que foi configurado para este fim (este arquivo se chama "log") perguntando se você quer capturar neste arquivo mesmo ou em outro. Se o famigerado arquivo não existir ele cria. Muito gentil, não?

O "script" é um dos pontos altos do Telix. Ele vem com uma linguagem poderosíssima, bastante semelhante ao "C", chamada SALT (Script Application Language for Telix). Se você gosta de programar, e quer automatizar ao máximo suas conexões, pode escrever "script files", que são programas com instruções para o procedimento do Telix. Com eles você pode programar uma sessão num dado BBS, de forma a capturar todas as mensagens desde sua última conexão, a lista dos novos programas e boletins e até enviar mensagens. Pode fazer tudo o que lhe vier à cabeça em relação a uma conexão. A linguagem é tão sofisticada que o manual do SALT é um arquivo à parte. Basta dizer que o próprio modo Host do Telix foi escrito em SALT.

E o help? Pressione alt-Z e aparecerá uma tela com todos os comandos. Além disso a documentação que acompanha o Telix é bastante clara e abrangente, não deixando qualquer dúvida quanto ao funcionamento do bicho. Se você ler o manual (alguém por aqui faz isto?) estará, sem nenhuma dúvida, pós-graduado em Telix, pronto a ensinar para qualquer um.

Nosso gurú Maurício Silva revela que o Telix é produzido pela Exis Inc., P.O. Box 130, West Hill, ON CANADA M1E 4R4, (416)-289-4641, (416)-289-4645 fax e (416)-439-8293 BBS. Se quiser colocar as mãos nesta maravilha, procure entre os BBSs que você acessa os arquivos TLX312-1.ZIP, TLX312-2.ZIP e TLX312-3.ZIP. Descompacte, siga as instruções de instalação e mande sua pirão. Lembre-se que o programa é distribuído em regime de "shareware", ou seja, experimentou? gostou? pretende continuar usando? então passe as verdinhas para os autores.

Como é um dos mais difundidos softwares de comunicação, muitos utilitários são escritos para ele. Fique de olho neles também, pois são feitos para melhorar ainda mais a performance deste excelente programa.


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