O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
27
- Escrito em:
1991-08-29
-
Publicado em:
1991-09-09
O polonês já usa, e você?
Não dá para ter sossego. Você está usando um software, já se acostumou aos comandos, já leu o manual todo e pode até se considerar um conhecedor do assunto. Mas eis que então, pimba! Sai uma versão nova. E aí? Você apigreida ou não apigreida? (apigreidar = neologismo boboca significando aplicar um "upgrade", melhor dizendo, instalar a nova versão de um software que você já usa). A maioria prefere adotar a nova versão. Afinal, sempre há uma modificaçãozinha no visual, aquele melhoramento em alguma rotina ou a eliminação de um antigo "bug" (erro de programa). Isso sem falar no status que lhe dá chegar para o colega, estufar o peito, encher a boca e dizer: "E aí, tudo bem? Já tem o Norton 7.2?"
Outros, mais contidos, não se importam em continuar rodando as confiáveis e bem estabilizadas versões antigas. No encontro do Leme do mês passado, um BBSzeiro relatou um papo que teve com um amigo seu que trabalha nos EUA numa firma de informática. Perguntado sobre qual plataforma usava, o sujeito fez uma revelação estarrecedora: "Só usamos máquina 486, mas o DOS é 3.3. É que o chefe daquí não gosta dessas novidadezinhas não. Windows? Nem pensar."
No mundo dos BBS's, é ainda maior a torrente de novos releases. A todo instante lançam um Procomm novo ou um ZModem mais cabeludo. Mas a coisa engrossa mesmo quando o assunto é compactador. Existe uma silenciosa mas aguerrida disputa mundial entre os produtores de programas de compactação de arquivos. Cada um consegue desenvolver um algoritmo mais poderoso que o anterior. Dizem os gozadores que a situação ideal será compactar arquivos inteiros até um único bit. E mais: com self-extract. Nesse sangrento embate, primeiro reinou o ARC. Depois veio o ZIP e mais tarde o LHA do altruista japonês Yoshi. E agora... apresentamos o fabuloso e extraordinário...
Calma. Ainda não. Vá lá na sua coleção dos exemplares anteriores do Informática Etc e pegue a edição de 26 de agosto, duas semanas atrás. Pegou? Página 3. Dê uma olhada cuidadosa na coluna da Madame Cora, PC Etc. Agora veja a foto, mostrando a capa da revista polonesa ENTER. Lá em riba, temos: "Pakery: Atari ST, Amiga, PC". Graças à gentileza do usuário de BBS's de origem polonesa Tomaszprbniw Epanowjrszmag, conseguimos chegar à tradução do vocábulo "pakery". Significa: compactadores. Agora veja a ilustração: uma pilha de disquetes com os nomes dos mais famosos programas esmagadores de arquivos: PKPAK, ZOO, ARC, PKZIP, PAK, LHA, LHARC, EXPAND e... ahá, é ele: ARJ!
Sim, respeitável público. ARJ! Agora em sua versão 2.20 de julho de 91. Bah! diria o Sultão. Mas alto lá. O programa é tão bom que já tem até pirata dito incurável querendo registrar sua cópia, imagine. Abra os ouvidos e preste atenção ao que este novo release do Robert Jung tem para lhe oferecer.
O ARJ provê uma taxa de compressão superior à oferecida pelos outros programas disponíveis para PC, exceto em alguns casos muito particulares. A nova versão é especialmente poderosa ao processar databases, arquivos gráficos (exceto GIF, que já é compactado) e documentos gigantes. Possibilita a compactação em múltiplos disquetes, ou seja, gravando o ARJ em diversos volumes, não importando o quão grandes ou numerosos sejam os arquivos de entrada. Note bem, os outros compactadores exigem que você gere um compactado grandalhão primeiramente em disco rígido ou disco virtual, para depois fatiá-lo de forma a fazer os pedaços caberem em diversos disquetes. Para humilhar de vez, o ARJ pode gerar uma lista índice que lhe permitirá extrair de um pacote multi-volume um determinado arquivo que esteja contido inteiro em um dos disquetes, exigindo que você insira apenas o disquete em questão.
Possibilita armazenar diretórios vazios dentro de sua estrutura, facilitando a geração de backups completos e mesmo a distribuição de software que exija definição de sub-diretórios de trabalho vazios.
Provê dois tipos de módulos auto-extraíveis, sendo que ambos suportam nomes completos de arquivos, incluindo PATH. Desta maneira, o usuário de um ARJ compactado com self-extract não precisa digitar quaisquer opções na linha de comando. Poderá recuperar a estrutura de diretórios com a maior facilidade.
Nem precisamos mencionar o mecanismo CRC-32 (cyclic redundancy check - 32 bits) para verificação de integridade do pacote final, pois essa facilidade já é padrão em compactadores que se prezam.
Outra novidade é o "envelope de segurança", que impede que um pacote ARJ pronto possa ser alterado por qualquer programa, incluindo o próprio ARJ. Isto dá ao usuário alguma certeza de que o compactado recebido não foi adulterado nem intencionalmente nem por eventual falha de hardware. Vale esclarecer, porém, que esta mamata do "envelope" só está disponível para os usuários registrados, ou seja, os que pagarem por suas cópias. Isso tudo sem contar com a surpreendente flexibilidade que o ARJ oferece, com inúmeros parâmetros e qualificadores opcionais.
Mas, ora. Você quer verificar na ponta do lápis? Então está bem. Andaram fazendo uns testes comparativos do PKZIP 1.1, PAK 2.51, LHARC 1.13c, HYPER 2.50, LHA 2.12 e ARJ 2.20. O benchmark foi executado num XT de 8 Mhz com 20 Mb de disco rígido e 512 kb de RAM com configuração "baunilha" (a não ser pelo disco virtual utilizado) e nas CNTP. Conclusão, o ARJ 2.20 é o melhor em tempo e taxa de compressão. O PKZIP só venceu em um único quesito: tempo de extração.
Já sabemos de gente recompactando seus acervos inteiros com o novo ARJ. O que esses caras não fazem para economizar uns quilobaitezinhos...
* Hot-Line BBS arrebentando: Oferece agora aos usuários associados uma biblioteca de programas em CD-ROM, totalizando 649 megas! É uma estupidez. Só a listagem do CD do Charles ocupa (zipada) mais de 300 kb. Cuidado ao listar em tela a relação de arquivos do Hot-Line. É tanta coisa que tive até cãibra no olho quando rolava no meu monitor aquela lista interminável.
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