O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
46
- Escrito em:
1992-01-21
-
Publicado em:
1992-01-27
Os gatos do CAT
Modula e depois demodula. MO, depois DEM: MODEM. É exatamente isto que faz aquela caixinha ou plaqueta misteriosa, peça chave de qualquer usuário de micro que queira se ligar aos BBS's. O modem transforma informações digitais - bits e bytes - em roucos e desagradáveis sinais sonoros que são transmitidos pela linha telefônica. Do lado de lá, outro modem reverte a transformação, traduzindo os chiados de volta aos bits e bytes que o micro é capaz de compreender. Os modems são o que são hoje graças a padrões que surgiram em tempos em que eu ainda tomava mamadeira com Nestogeno e Dextrosol. Lá por volta de 1960 certa empresa telefônica norte-americana só permitia que modems da marca Bell fossem conectados às suas linhas. Àquele tempo já se operava a 1200 bps e um dos modems Bell mais famosos acabou se tornando padrão industrial seguido até hoje: o Bell-212.
Mas os modems Bell não se firmaram como os reis do segmento. Os verdadeiros monarcas são os modems marca Hayes (pronuncia-se "reis"). Hoje em dia, dizer que um modem é Hayes-compatível é o mesmo que dizer que é Bell-212-compatível. Todavia, o padrão Hayes inclui alguns automatismos adicionais, entre outros: discagem, reconhecimento do baud-rate (velocidade de transmissão) e resposta a chamadas telefônicas. Isso sem mencionar o já tradicional padrão de comandos Hayes, códigos de controle e configuração de comunicação via modem que começam com o prefixo "AT". Cuidado porém, BBSzeiro novato. Já houve casos de neófitos que compraram modems padrão Bell-212 que não eram Hayes-compatíveis. São modems raríssimos, mas existem. Conhecidos como "modems com acoplador acústico", permitem que você adapte o handset (a parte do telefone em que se fala e ouve, ligada ao aparelho pelo fio geralmente espiralado) ao modem, através de um adaptador de borracha macia. Fique fora dessa, amigo incauto: melhor que comprar um modem desses é comprar um gato preto.
Por falar em gato preto, faremos uma pausa no assunto em questão, para retomá-lo na semana que vem. O conhecido BBSzeiro Sr. Sidney Simões relatou, em uma de suas antológicas mensagens no BBS Eureka, um fato que se deu no depósito de animais sem dono, aquí no Rio. Um baiano de sotaque carregado, visivelmente abalado emocionalmente, disse haver perdido seu felino de estimação. O encarregado levou-o ao cercado de gatos vadios e pediu ao dono consternado que descrevesse seu mascote. Era um gato preto de nome Bé-chano (equivale a Bichano, dito em sotaque de Salvador). O encarregado franziu o sobrecenho e riu para si mesmo. Explicou ao cavalheiro que poderia perder suas esperanças, visto que a maioria dos gatos que ali se encontravam eram pretos e atendiam pelo nome de Bichano. Imperturbável, o cidadão soteropolitano assegurou que conseguiria localizar seu gato em questão de segundos. Abriram a porta do cercado e depararam com um verdadeiro mar de bichanos pretos. Com a voz firme mas embargada de emoção, o baiano chamou: "Bé-chano! Bé-chano!". E apenas um dos gatos respondeu: "Mé-au! Mé-au!"
Bom dia, boa tarde ou boa noite, dependendo de onde esteja o Sol quando estiverem lendo isso.
Ligou-me há coisa de uns cinco minutos o Clemente Lipmann, Sysop do BBS com o nome mais comprido que já ví: Centro Cultural Hand Ludwig Lipmann, vulgo CCHLL. Sujeito tímido, mas muito educado e simpático. Estava meio choroso porque não sairam na coluna os três números do BBS dele - sairam só dois. O jovem ficou ainda mais tristonho porque o número que não saiu é justamente o que ele está alugando especialmente para o BBS. Pobre sujeito, pobre rapaz.
Manda ficha aí, moçada. CCHLL: 259-3587, 239-8393 e 511-0769.
Grande abraço a todos e tomem por mim um daqueles chazinhos gostosos na ruidosa saleta do café, onde se acotovelam os malabaristas das Letras e das notícias.
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