O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 53 - Escrito em: 1992-03-09 - Publicado em: 1992-03-18


É outro nível


Um número cada vez maior de fornecedores, tanto de hardware como de software, vem utilizando o recurso do BBS como forma de prestar um melhor suporte à sua base instalada. Naturalmente o costume originou-se nos EUA e hoje já é corriqueiro que, ao comprar um programa ou um equipamento, o usuário receba automaticamente sua senha de acesso a um BBS exclusivo, onde poderá obter suporte, requisitar reparos, ver dirimidas suas dúvidas e participar de forums e teleconferências sobre o produto em questão. Geralmente, bastará ao usuário fornecer ao BBS o número de série do produto adquirido e verá abrirem-se diante de sí as portas de um BBS objetivo, bem montado e bastante ágil. Uma mensagem enviada à empresa trazendo uma dúvida ou uma sugestão costuma ser respondida pelo Sysop de plantão em menos de 24 horas. Se a questão é grave e demanda resposta urgente, a equipe de suporte taca a mão no fone e responde por voz em questão de minutos. Estes poderosos esquemas de suporte via BBS, 24 horas por dia, 7 dias por semana, só são realidade no hemisfério lá de cima. Por aquí, só são vistos no mundo dos sonhos, quando os usuários estão em suas casas, dormindo pesadamente, com as orelhas inchadas de tanto ligar infrutiferamente para os departamentos de suporte, rogando por socorro.

Além da louvável função de prestar auxílio aos seus próprios clientes, estes BBS's exclusivos também desempenham um importante papel na divulgação de novas tecnologias e produtos. Geralmente, o acesso a estes sistemas é livre, no entanto as áreas públicas para troca de mensagens são exíguas e os limites de tempo para usuários não-clientes são reduzidos. De qualquer modo, é sempre proveitoso logar-se a um destes sistemas e ficar sabendo das últimas novidades.

É o caso da Corel Systems, de Ontario, Canada. Produtora do afamado CorelDraw, violentíssima aplicação gráfica para Windows, a Corel oferece um BBS para suporte. Recebí há dias o log de uma sessão no BBS da Corel e fiquei boquiaberto com o poder de fogo de uma nova divisão criada na empresa: a Corel Multimedia Division, especializada em produtos de armazenamento ótico. Oferecem unidades CD-ROM, discos WORM (Write Once Read Many - lê uma vez mas escreve várias) e discos óticos regraváveis, estes últimos verdadeiros monstros em termos de capacidade e segurança das informações armazenadas. Um disco ótico regravável oferece um custo estupendamente baixo de armazenamento: 25 centavos de dólar por Megabyte gravado. Capacidade indo de 128 Megabytes até mais de 1 Gigabyte por disco. Os dados armazenados têm vida útil de até 15 anos. E, para humilhar, a Corel está oferecendo uma interface chamada Luminar, para desenvolvimento de aplicações utilizando Jukeboxes.

O que é uma Jukebox? Você já deve ter visto uma daquelas engenhocas sonoras da década de 60, em que bastava selecionar uma música, apertar um botão e um braço mecânico pinçava o disco desejado, retirando-o de uma pilha de compactos e começava a tocá-lo. Pois bem, estas engenhocas chamavam-se Jukeboxes e a tecnologia do braço mecânico já está em pleno uso em aparelhos de inserção automática de discos óticos regraváveis. Um Jukebox ótico não muito sofisticado pode guardar de 3 a 94 Gigabytes de informações ocupando apenas o espaço físico de um gaveteiro médio. Com uma maravilha dessas, a turma das redes locais não pára de babar. Imagine um servidor de rede com acesso automatizado a, por exemplo, 50 Gigabytes de informação sem necessidade de interferência humana. E pensar que há poucos anos, fazíamos o diabo num XT com clock de 4.77 MHz e winchester de 10 Megas...


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