O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
70
- Escrito em:
1992-07-05
-
Publicado em:
1992-07-13
Terrorismo
Os leitores vão desculpar este CAT que na semana passada se comprometeu a falar sobre etiqueta nos BBS's. Acontece que um urubu derrubou um pacote no meu telhado, contendo disquetes com arquivos log fresquinhos da Bitnet e de alguns BBS's internacionais. Seria inominável crueldade de minha parte se não compartilhasse imediatamente estas informações com vossas mercês.
Virus 1: O problema das infecções viróticas em computadores está assumindo proporções alarmantes lá fora. Diversas instituições estão investindo pesado em tecnologia anti-viral. Em Munique, Alemanha, nos dias 7 a 9 de dezembro de 1992 vai haver a 3ª Conferência da EICAR (European Institute for Computer Anti-virus Research). Local: Park Hilton Hotel. Os temas abordados serão: tendências virológicas, tecnologia anti-virus, nomenclatura de virus, segurança em redes de computadores, medidas de segurança, estratégias empresariais, planejamento de recuperação de desastres, cooperação internacional, epidemiologia, procedimentos jurídicos, aspectos legais, sociais e éticos. Maiores informações: EICAR c/o Siemens Nixdorf AG, Dr. Ing. Paul Langemeyer, Otto-Hahn-Ring 6, D-8000, Muenchen, Alemanha. Tel: (+49) 89 636 82 660 fax: (+49) 89 636 82 824
Virus 2: Nos dias 10 a 12 de março de 1993, nos hotéis Ramada e Marriott Marquis em New York, vai realizar-se a 6ª International Computer Virus & Security Conference. O evento reunirá novamente a nata dos virólogos computacionais do mundo inteiro. Além dos criadores e usuários de hardware e software relacionados aos temas da conferência, estarão presentes representantes da indústria, de governos, militares, forenses e acadêmicos. Temas: Prevenção, detecção e recuperação de ataques de virii e de outros usos não autorizados; tecnologia de ponta em virologia de computadores; análise de produtos e técnicas disponíveis; tópicos especiais sobre LAN (redes locais), UNIX e criptografia; crime e legislação computacionais, além de diversos estudos de casos. Maiores informações com Judy Brand, Conference Chair, Box 6313 FDR Station, New York, NY 10150, EUA.
Bombas ANSI: A coisa já existe há anos lá fora, mas só agora surge em nossos BBS's - a ANSI-mania. É a coqueluche de enviar mensagens em BBS com caracteres de controle ANSI. Muito BBSzeiro andou investindo em um dos sonhos de consumo de qualquer usuário de micros: o monitor colorido. Com os códigos ANSI, pode-se enviar mensagens muito mais incrementadas, com figuras coloridas, campos piscantes, quotes sombreados e animações em modo texto. Para preparar mensagens assim, nada melhor que o famoso software shareware Thedraw, encontrável nos melhores BBS's da cidade em sua versão 4.0, sob o nome TDRAW400.ZIP. Se você acompanha religiosamente como eu as inestimáveis dicas do legendário e bem-humorado B.Piropo na Trilha Zero, então já sabe que é o driver ANSI.SYS do DOS que comanda a brincadeira dos coloridos e piscantes. Tudo muito bonito e engraçadinho, até que um belo dia você recebe uma bomba ANSI. Uma bomba ANSI é uma cadeia de caracteres que redefine uma ou mais chaves do seu teclado, programando algum efeito destruidor. Alguma coisa como reprogramar sua tela ENTER com algum string pernicioso que pode até resultar em apagamento de seu DOS ou de arquivos importantes do sistema operacional em seu micro.
Dependendo da capacidade do terrorista digital, a coisa pode ficar séria e é melhor eu me calar para não dar mais idéias nefastas aos celerados em potencial. Como defender-se? Primeira opção: Procure nos BBS's um arquivo chamado ANSI.ZIP, que traz um TSR (programa residente) que substitui o driver ANSI.SYS original do DOS. Este residente impede a redefinição de teclado via ANSI. A segunda opção exige alguma familiaridade com o programa DEBUG ou algum outro editor hexadecimal de arquivos. O código ANSI para redefinição de teclado termina com o caractere "p" (letra pê minúscula). O macete é substituir o caractere "p" por um outro qualquer de sua escolha, diretamente dentro do arquivo ANSI.SYS original. Antes da façanha, salve uma cópia do driver legítimo, para a eventualidade de alguma pisada na bola no momento de usar o DEBUG. Como encontrar o "p" certo dentro do ANSI.SYS? É facil. Ele fica perto de outras letras minúsculas dentro do código do ANSI.SYS, com alguns bytes entre uma e outra e geralmente na seguinte ordem: m, n, p, q, s, u. Se você usa o MS-DOS 5.0, ou o 4.01, o nosso "p" fica exatamente no offset 61 hexa. No DOS 3.3 o endereço é 51 hexa. Seu DOS é mais antigo? Troque de DOS ou descubra o "p" como dever de casa.
O Velho e Bom MS-DOS: Uma tema um tanto antiquado foi abordado em uma mensagem num BBS americano em junho. Não é novidade, mas vale a pena. Muito usuário que se considera fera em MS-DOS ainda não sabe como ecoar uma linha em branco num arquivo BATch. Basta usar o comando ECHO seguido de um Backspace, ou seja, de um ascii 08 decimal.
Tentei traduzir o chem-chem do urubu. Pelo que entendí, ele vai me mandar um log da maior autoridade mundial em virus informático, o Prof. Bontchev. Se a ave de rapina falhar, semana que vem falaremos sobre etiqueta.
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