O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 139 - Escrito em: 1993-11-09 - Publicado em: 1993-11-15


A guerra dos faxen


Antes de começar, plural de fax, em inglês, é faxen. Pedante? Besta? Metido? Concordo. Peço licença para nunca mais escrever tal aberração. Continue daqui mentalizando "a guerra dos fax" e vamos em frente.

Quase sempre acabo me estrepando com essa mania de querer enganchar um artigo no outro. Aconteceu de novo. Pretendia continuar descrevendo as mais recentes novidades shareware do SimTel, mas vou ter que quebrar a promessa por enquanto e conto com sua compreensão, pois nosso objetivo é defender os frascos e comprimidos.

Qualquer dono de fax decerto se considera um fraco e oprimido quando sua adorada maquininha começa cuspir papel inesperada e copiosamente, recebendo mais uma daquelas odiosas transmissões não solicitadas. É o temível e desagradável junk-mail, um dos mais hediondos e covardes expedientes utilizados por aqueles que querem fazer propaganda indiscriminada via fax, gastando sem a menor parcimônia seus caros rolos de papel.

Mas nossa vingança será cruel. Diversos BBSzeiros espertos lá da tampa do mundo, adotaram a seguinte medida de retaliação: enviar um fax de volta para o anunciante inescrupuloso, contendo páginas e páginas de puro papel preto. Os mais vingativos aprenderam a programar o fax remotamente de forma a enviar um loop infinito (repetição interminável de um conjunto de instruções ou comandos) de páginas pretas, o que eventualmente queimará a máquina do infeliz receptor. Para arrematar, o vingador poderá alterar seu fax-ID, substituindo-o pelo número de algum outro "junk-mailador" safado, redirecionando um possível contra-ataque. Ainda não conhecí quem soubesse programar este tal loop negro. Quem descobrir favor dar um toque, que divulgaremos com as devidas honras.


Na onda da Ecologia, depois do papel reciclácvel, temos o disquete reciclável. Claro que não é coisa para nós, pequenininhos. Mas imagine quando lançaram o WordPerfect 6, quantos disquetes encalhados ainda havia em estoque com a versão 5.1 já gravada. Uma empresa muito da esperta, Eco Tech Inc 001 (713) 840-0840, propôs-se a comprar estes grandes estoques dos principais produtores de software, doidos para se livrarem do peso morto. A Eco Tech judiciosamente apaga estes disquetes e os revende a preço de banana. De quebra, ainda dá uma de boazinha, fazendo reverter parte de seus lucros para a Wilderness Society. Que coisa tocante!


ATM não é atmosfera, mas sim Automated Teller Machine, mais conhecido entre nós como caixa eletrônico ou banco 24 horas. Fraudes nos ATM's não são freqüentes, mas acontecem, especialmente lá no titio. Nos primórdios da sem-vergonhice, os cafumangos posicionavam cameras de vídeo no teto mirando o teclado do ATM e com isto capturavam os PIN (private ID number = senha) dos incautos e distraídos. Porém, a última e ousada façanha dos brilhantes mas pestilentos tranquiberneiros eletrônicos foi noticiada recentemente no newsgroup alt.hackers da Usenet. Vale ressaltar que a dupla de contraventores já foi devidamente encaminhada ao xilindró norte-americano. Seu crime consistiu na instalação de um falso ATM em um shopping mall na cidade de Manchester, Connecticut, EUA. A máquina estava bem disfarçada com todas as plaquetas e adesivozinhos originais. A vítima se aproximava, passava seu cartão e inocentemente digitava sua senha. A máquina respondia polidamente com uma mensagem do tipo "sistema fora do ar". É óbvio que a esta altura os dados do usuário já haviam sido gravados. Mais tarde os malebras pegavam os códigos e procediam ao roubo propriamente dito, tendo chegado a sacar mais de 100.000 verdinhas antes de serem pegos pelo serviço secreto. Portanto, antes que a moda pegue aqui na terrinha, abra o olho e veja lá onde passa seu cartãozinho.


Vassoura, esfregão, rodo, sabão e desinfetante. Hora de dar uma faxina na República.


[ Voltar ]