O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 164 - Escrito em: 1994-05-03 - Publicado em: 1994-05-09


Finalmente o manual


Entrei numa dessas livrarias de informática do centro da cidade e deparei com um despretensioso livrinho que me despertou interesse imediato. Quando estiquei o braço para pegá-lo e dar uma olhada, minha mão se chocou com duas outras que tinham o mesmo objetivo. Não poderia chamar os dois outros senhores de cavalheiros. Grunhiu um deles, raivoso: "Eu vi primeiro". Rosnou o outro: "Esse já é meu". A moça do balcão apaziguou os ânimos dizendo que ainda havia um monte na outra prateleira.

Eu sei que vocês já leram semana passada a coluna da Cora e já devem saber de que livro estou falando. Mas o bichinho é tão danado de bom que faço questão de reforçar o toque. Publicado pela Editora Campus, "O MANUAL DA INTERNET" foi escrito em 1992 por duas madames, Tracy LaQuey e Jeanne C. Ryer. Se você tem acompanhado nossos papos sobre Internet aqui no Caderno e algumas vezes bóia nos termos e assuntos que abordamos, sugiro sair correndo em disparada até a livraria mais próxima e comprar essa belezoca. O formato é agradável, o conteúdo é rico e o linguajar é simples. Está repleto de ricas definições, exemplos e quadrinhos contendo divertidas curiosidades.

Por ser uma tradução pioneira, foi impossível escapar das escorregadelas diante dos traiçoeiros termos inéditos, tipo "snail-mail", que se refere ao tradicional correio postal, aquele com envelope, selo e carteiro. O termo foi traduzido ao pé da letra como "correio-lesma". Mas tudo bem.

Uma amostra grátis do texto original em inglês já estava disponível há algum tempo na Internet através de ftp-anônimo no site "ftp.std.com", no diretório "OBS", subdiretório "The.Internet.Companion". Esta pequena versão está disponível em formato ascii puro (342 kb) e em formato Compress/Unix (146 kb). De quebra, ainda tem no site uma imagem GIF da Dona Tracy (17 kb), figurinha simpática e jeitosa. Esta amostra grátis do texto serve apenas para abrir o apetite, pois nada se compara ao conforto de poder devorar um livro tão esclarecedor traduzido para nossa língua pátria.


Há cerca de duas semanas, a comunidade criptografológica (o termo não existe, mas tenho certeza que você entendeu) da Internet entrou em pânico, depois que quebraram a "invencível" chave RSA-129, incólume desde 1977. A tarefa ciclópica custou mas foi concluída, graças a um esforço distribuído por inúmeras máquinas Internet pelo mundo afora, contando com participação brasileira, graças a um dos maiores feras em Unix do Brasil, o BBSzeiro Durval Menezes.

Diante disso, os gênios planetários em criptografia e segurança de dados em telecomputação não sossegaram mais em suas elucubrações mentais. Nos newsgroups da Usenet especializados no ramo, eis que surge a nova coqueluche criptográfica. Ao invés de utilizar códigos matemáticos para codificar plaintext (texto normal), os físicos da Georgia Tech descobriram uma forma de enviar mensagens imersas em ruído eletrônico gerado por um raio laser piscante. Conectando dois lasers idênticos através de fibra ótica, o mesmo padrão aleatório de ruído luminoso é produzido em ambos os lados da linha. O receptor simplesmente subtrai o ruído e decodifica a mensagem criptografada. É uma idéia (literalmente) brilhante.


Sabe-se que, antes de um novo produto ser lançado no mercado, seja software ou hardware, ele recebe um nome-código dentro da empresa fabricante. Nos BBS norte-americanos dedicados aos usuários Apple, estão pipocando dúzias de divertidas mensagens sobre a reação de um famoso cientista diante deste hábito dos códigos secretos. Após protestar pelo fato de seu nome ter sido usado como nome-código de um novo modelo a ser lançado pela Apple Computer, o afamado astrônomo Carl Sagan entrou com um processo contra a empresa após ter descoberto que o dito código foi mudado para BHA, ou seja, Butt Head Astronomer (astrônomo cabeça de bunda).


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