O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 180 - Escrito em: 1994-08-24 - Publicado em: 1994-08-29


Só falta o guaraná


Seu PC está ligado? Então que tal uma deliciosa pizza, com aquele aroma irresistível e o queijinho fumegante e borbulhante pontilhado de fatias de calabreza? O veterano BBSzeiro e mago das Lambrettas, Jorge Vismara, que é um de nossos correspondentes na cidade de "Os Anjos" na Califórnia, trouxe-nos notícia sobre a Pizza Hut, uma das maiores redes de venda de pizza por encomenda telefônica. Eles estão conduzindo um revolucionário projeto piloto com duração de 90 dias na cidade de Santa Cruz, ao lado de San Jose na costa do Silicon Valley. O objetivo do piloto é simples: você pode encomendar sua pizza via Internet, usando um PC.


APAGUE A LUZ: Se você é usuário de laptop, então sabe muito bem que a maioria destas maquininhas miraculosas traz sempre algum tipo de gerenciador de bateria, um tipo de controlador de consumo de energia. Afinal de contas, a bateria de um laptop é o seu calcanhar de Aquiles. Dessa forma, quando o teclado ou o mouse não são acionados por alguns minutos, este sistema corta a força da unidade de disco e da tela, salvando preciosa carga.

Diante da atual febre norte-americana de economia de energia, os usuários de PC's de mesa fizeram biquinho e sentiram deixados para trás. Mas não por muito tempo. Visando poupar eletricidade mesmo em máquinas "grandes", uma empresa chamada PicoPower Technology desenvolveu um chip que monitora ininterruptamente a atividade dos circuitos "cerebrais" em um PC convencional. Ao identificar qualquer operação no sistema que requeira um período não-desprezível de espera, o chip espertalhão analisa estimativamente quando é que o dito processo vai receber a tal resposta e corta temporariamente a alimentação elétrica daquele circuito em especial. Quando faltar um pentelhésimo de segundo para a operação completar, o danado do chipzinho restaura a força e o circuito adormecido desperta no ato, sem deixar cair a peteca.

Pode parecer cousa pequena, mas as máquinas que usamos são muito mais rápidas de nós, pobres e lerdos usuários humanóides. O estimado leitor nem imagina quanto tempo é gasto com os circuitos engatilhados e rodando a pleno vapor enquanto nós nos ajeitamos na cadeira, coçamos o... a nuca ou atendemos a um telefonema.

Alguns BBSzeiros versados em eletrônica hermética resmungaram que as correntes transientes produzidas com esse liga-desliga podem fazer mal à saude do aparato computacional. Mas o presidente da PicoPower dá de ombros e menospreza tal efeito maligno, alegando que a abordagem intervencionista de seu chip mágico reduz o consumo elétrico em cerca de 70%, além de contribuir para uma menor fervura nas entranhas da máquina, mantendo o micro rodando mais "cool".


NÃO ACREDITE: O velho Gauss estava correto quando afirmava que a imbecilidade está homogeneamente distribuída sobre face da Terra. Aproveitando-se deste notável fenômeno estatístico, boatos oriundos de verdadeiros espíritos-de-porco, tendo como alvo as mentes dos néscios, sempre circularam nos meios BBSzeiros e Interneteiros. Mas gostaria de chamar sua atenção para dois recentes rumores. O primeiro é a lenda de que, nos países de inverno rigoroso, quando o frio é de lascar, os donos de máquinas rodando Pentium abrem o gabinete do micro para aquecer o recinto.

Outra cretinice sem par é o "truque" que me chegou aos ouvidos da parte do renomado iatista e BBSzeiro Pedro Campos, dirigido aos felizardos possuidores dos modernos PC's com clock gritando a 100 MegaHertz. Segundo o rumor, quando o micro estiver funcionando, basta ligar bem pertinho um rádio receptor FM sintonizado em 100 MHz e, graças a um fabloso efeito de ressonância, o computador passaria a rodar com o dobro da velocidade.


A reboque do tema acima, não resisto e lhes conto o que ouví anteontem no ônibus Cosme Velho - Leblon. Pai azêmola e filho manicaca, ambos bem apessoados e trajados, sentam-se no banco atrás do meu. O filho se admira com um velho sobrado na rua Marquês de Abrantes e diz: "Mas que casa velha, pai.", ao que o homem responde: "Chama-se casarão, meu filho. É muito antigo, do tempo da colônia, do tempo de Dom Pedro I". O filho reconhece o personagem: "Ah, o Dom Pedro I, aquele da Primeira Guerra?". O pai esclarece: "Não filhote, Dom Pedro, o primeiro Presidente da República, velhinho português muito do safado."


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