O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 195 - Escrito em: 1994-12-12 - Publicado em: 1994-12-19


A ilha sagrada


Sentado ao micro, partes de seu corpo estão em comunhão com a máquina. Seus dedos tamborilam no teclado, sua mão patola o mouse e os olhos... Ah, lá estão eles, grudados no bom e velho monitor, acompanhando os caracteres e dançando ao ritmo do scroll. Tudo vai indo muito bem até que, pziiu, a tela se apaga. Se já aconteceu com você, então nem preciso falar do pânico que se instala n' alma. E agora, quem você chamará para resolver a parada?

Com a abertura do mercado informático, o número de empresas prestadoras de serviços de manutenção e reparo de micros aumentou loucamente. Esta variedade de opções é altamente benéfica, pois com a concorrência mais acirrada, a qualidade tende a aumentar. Mas na hora do pepino, qualquer um fica meio receoso de simplesmente escolher na seção de classificados, na base do uni-duni-tê, o eleito sob cuja égide ficará o adorado monitor de video com defeito.

É claro que, em cada grupo de usuários, circulam informações sobre os feras no reparo de hardware. Uma empresa boa vai sendo indicada de boca em boca e todos ficam felizes. No meio dos BBSzeiros a coisa não se dá de outro modo. Há tempos já se fala nos BBS em um tal legendário mago da Ilha do Governador que derrota qualquer monitor, por mais teimoso que seja. Segundo diziam, um caso difícil ele resolveria em seu laboratório em poucos minutos, diante dos olhos estupefatos do cliente. Casos impossíveis apenas demorariam um pouco mais.

No caso deste CAT, como o monitor dele sempre esteve de prontidão, funcionando qual relógio suíço, pouca importância foi dada à fabulosa fama do misterioso ilhéu. Mas eis que um belo dia, o sábio CAT-pai, que gentilmente cedeu a sigla a este homúnculo que cá lhes escreve, bateu-me um fio e declarou ofegante: "Meu monitor morreu!". Era hora de agir. Saí à cata das coordenadas do insulano mágico e já estava para iniciar a discagem para os BBS para pedir socorro em mensagem pública, quando me liga o Silva Costa, BBSzeiro veterano, mestre das linhas e das cores. Ia ele pegar seu monitor consertado justamente no laboratório do tal mancebo e queria companhia. De pronto topei a jornada, não sem antes pegar o monitor defunto na casa de meu pai.

Não se pode dizer que o caminho até o castelo dos monitores seja tortuoso. Mas é prudente obter de antemão com o homem, um mapinha ou mesmo indicações das esquinas, contornos e retornos a tomar. Em lá chegando, ao darmos o primeiro passo na escada descendente que leva à cripta miraculosa, quase cuspi as tripas de susto, quando um gigantesco cão-fila proferiu um poderoso latido quase dentro da minha orelha. Refeito do trauma, fomos recebidos pelo afamado feiticeiro e, só então pude constatar que era pura verdade o que diziam dele.

Em dois laboratórios impecavelmente limpos e organizados, Portilho e seu sócio Cláudio [2004-01-15 - A sociedade com o Cláudio foi rompida há tempos] e o Cláudio mandavam brasa com a cara enfiada, cada qual em um monitor doente. Cercados estávamos por dezenas de prateleiras repletas de todo tipo de monitor, todos consertados, testados e esperando pela visita de seus donos. Outras tantas prateleiras exibiam inúmeras gavetinhas com peças eletrônicas originais para reposição, tubos de imagem, fios, instrumentos e um monte de aparatos que nem sei para que servem. Se o monitor é nacional ou importado, velho ou novo, limpo ou sujo, tanto faz: eles resolvem. Com seus 24 anos de experiência em eletrônica, Portilho nos atendeu em poucos minutos e desmontou o velho NEC II de uma forma tal que julguei que nunca mais alguém poderia remontar aquela incrível quantidade de plaquinhas e parafusetas.

Parece que foi a coisa mais fácil do mundo para o Portilho encontrar aquele resistorzinho queimado lá na última e mais remota das placas. Nem se passaram duas horas e o monitor estava novamente funcionando, refocalizado, ajustado e banhado. E mais, não fui esfaqueado no bolso: o preço foi justo.

Muitos abraços, despedidas e sartamos fora. Na volta, descobrí que é fácil memorizar o caminho até lá. Deixei o ressuscitado na casa do CAT-pai. Para quem pensava que ia ter que comprar um novo, ver o velho e fiel monitor funcionando a todo vapor foi motivo de muita alegria. Depois dessa, posso recomendar sem susto: não perca tempo batendo cabeça se seu monitor der creca. Ligue para o Portilho: (021) 396-9143 e 467-1492.

[ 2004-01-15 - O site do Portilho é www.videomonitor.com.br, telefones (21) 2467-7963 / 3363-3383 ]


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