Carlos
Alberto Teixeira Essa macarronada digital que hoje
conhecemos como Internet vai ganhar uma
irmãzinha mais nova. Mais nova e melhor. Surgida
no fim da década de 60, com motivações
militares e depois acadêmicas, ela acabou
ultrapassando as fronteiras americanas e se
tornou uma entidade mundial. Aproveitando a
experiência obtida, está sendo feito um
esforço colaborativo de mais de 120
universidades nos EUA <www.internet2.edu/html/members.html> para desenvolver
tecnologia e aplicações avançadas vitais para
missões de pesquisa e educação. Essa
iniciativa chama-se Internet2, ou simplesmente
I2, um projeto da UCAID (University Corporation
for Advanced Internet Development) <www.ucaid.edu>, junto com o Governo
americano e diversos parceiros na indústria.
As universidades
foram escolhidas para darem o pontapé inicial na
Internet2 porque são as únicas instituições
qualificadas para tal, já que abrangem oferta e
demanda. Demanda dos tipos de aplicação que
serão desenvolvidas na I2 e oferta das mentes
talentosas necessárias para tocar o projeto
adiante. Pesquisa de ponta acadêmica e missões
educacionais de alto nível requerem a
colaboração do pessoal e do hardware localizado
em universidades americanas. Ao mesmo tempo, o
patrimônio cerebral de talento e proficiência
encontrado nas universidades afiliadas à I2 é
simplesmente insuperável. Estas instituições
ostentam uma longa história de desenvolvimento
de redes avançadas de pesquisa e de conhecimento
prático sobre como fazê-las funcionar. O meio
acadêmico é, sem dúvida, o terreno mais
fértil sobre o qual a semente da Internet2
poderia ser lançada.
Os investimentos
das universidades na I2, juntamente com os
esforços da indústria e do Governo, estão
ajudando a desenvolver tecnologias como o Ipv6
<www.oglobo.com.br/arquivo/info/cat/288.htm>, Multicasting <http://penta.ufrgs.br/rc952/trab2/hl_intro.html> e Quality-of-Service
<www.iptnet.ipt.br/rede/atm.html>, que irão favorecer o
surgimento de uma nova geração de aplicações
Internet, beneficiando todos os setores da
sociedade. Bem... da sociedade americana, por
enquanto.
A Internet2 não
irá substituir a boa e querida Internet velha de
guerra. Na verdade, seu objetivo é melhorar a
velhinha. O setor comercial é um parceiro no
novo projeto e conseqüentemente irá se
beneficiar dos avanços obtidos. Segundo o site
oficial da I2 <www.Internet2.edu>, a sabedoria desta
abordagem com respeito à pesquisa em redes foi
cabalmente provada com o crescimento avassalador
da Internet tradicional a partir das redes
acadêmicas e federais na década de 80. A
Internet2 vai repetir esse sucesso logo no
início do milênio, confiando na comunidade
universitária nessa etapa pré-comercial que,
cá entre nós, nem deverá durar muito, uma vez
que os olhos da iniciativa privada já estão bem
arregalados para cima das conquistas
tecnológicas obtidas com a nova filosofia. Daí
para frente, a turma da grana já estará
esfregando as mãos pensando na Internet3.
Os membros
acadêmicos da UCAID alocaram cerca de US$ 50
milhões anuais como financiamento para a I2. As
empresas afiliadas dizem que irão prover US$ 20
milhões durante toda a extensão do projeto.
Além disso, espera-se que as instituições
participantes venham a receber fundos em função
de prêmios concedidos pela NSF (National Science
Foundation) <www.nsf.gov> e outras agências federais
participando da iniciativa Next Generation
Internet <www.ngi.gov>. Recursos federais
substanciais para pesquisa e desenvolvimento
serão concedidos através de outras agências
governamentais.
Dois esforços
estão correndo em paralelo. A Internet2 é uma
iniciativa universitária, ao passo que a NGI é
federal. Logicamente elas se interpenetram em
muitos aspectos, pois a compatibilidade
certamente será mantida entre os dois projetos
e, no final das contas, o resultado final será
um só grande sistema.
A I2 funciona no
amplo contexto das redes de pesquisa e
desenvolvimento já existentes nos EUA. As redes
da Nasa e do Departamento de Energia, por
exemplo, já são elementos importantes na
iniciativa NGI. Nos próximos três a cinco anos
a Internet2 espera prover uma oportunidade de
reduzir substancialmente o número de conexões
redundantes de baixa velocidade atualmente
existentes, ainda bancadas pelos cofres federais.
Sumirão os resquícios da abordagem primordial
da Internet antiga, em que se buscava prover
caminhos diferentes para os pacotes IP chegarem
de um ponto a outro, com receio de ataques
nucleares, nos tempos da Guerra Fria.
A previsão para
1998 é que lá pelo finalzinho do ano todas as
universidades participantes já terão conexões
I2 estáveis. Alguns membros do projeto Internet2
já estão podendo se comunicar usando
multimídia e outros serviços avançados graças
à já existente infra-estrutura vBNS (very hi
performance Backbone Network Service) do NSF.
Além disso, cerca de 10 gigaPoPs (gigabit points
of presence) já estão ativos e rodando,
permitindo conectividade regional entre
instituições acadêmicas.
O objetivo final
da I2 é acelerar a transferência de tecnologia
necessária para mover as técnicas apropriadas,
desde o contexto acadêmico até o setor
comercial, criando a base tecnológica para uma
nova geração de redes que vai promover a
continuada liderança dos EUA nessa importante
área econômica. A educação básica, as
bibliotecas e outras instituições também se
beneficiarão das descobertas feitas durante o
projeto Internet2. Essa motivação é muito
parecida com a que norteou a primeira Internet, e
provavelmente vai funcionar bem novamente.
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