O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: I2 - Escrito em: 1998-05-30 - Publicado em: 1998-06-08


Meio acadêmico carioca se prepara para Internet2

3Com e laboratório de redes da Coppe/UFRJ acertam detalhes para tocar o projeto das redes públicas de alto desempenho


Depois do alvoroço da Internet, entra em cena a Internet2, sua irmã mais nova, mais poderosa e mais rápida. Aqui no Caderninho já falamos aqui sobre a famigerada I2 num artigo que você pode ler clicando aqui. A coisa toda começou em outubro de 1996, quando 34 universidades americanas reuniram-se para formar o Comitê Geral de Trabalho da Internet2. Em janeiro de 1997, mais de cem universidades americanas já estavam comprometidas com o projeto. Na fase atual, o consórcio I2 conta, além do grupo de universidades, com o apoio de centros de pesquisa, agências do Governo e membros da indústria dedicados ao desenvolvimento de novas tecnologias Internet de alto desempenho. A Europa deu o troco com o projeto TEN-34 (informações em <www.dante.net/ten-34/ten-34broch.html>), uma interconexão de alta velocidade entre as redes européias de pesquisa.

Os projetos americano e europeu são iniciativas pioneiras no meio acadêmico. Inicialmente restritos a este setor, eles visam ao desenvolvimento de ferramentas e aplicações para redes eletrônicas de alto desempenho e seu objetivo não é somente o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a área acadêmica. Prevê também a transferência, no futuro, das tecnologias desenvolvidas e testadas para outro setor, o comercial.

Nossos conterrâneos não poderiam ficar para trás e também já se lançaram nesse novo desafio. Na Rede-Rio, o projeto Internet2 está sendo testado e simulado em ambiente controlado, no laboratório de Redes de Alta VELocidade (RAVEL) da UFRJ <www.ravel.ufrj.br>. Com investimentos de cerca de R$ 5 milhões, o projeto vai integrar as instituições governamentais de educação e pesquisa no Rio de Janeiro.

Foi utilizado, nesta fase, equipamento fornecido pela empresa 3Com que servirá para integrar as tecnologias de transmissão de dados, voz e imagem, juntamente com as infra-estruturas de teste envolvendo estações e servidores de alto desempenho. Através de seu integrador, a LLS Consulting, a 3Com está fornecendo nove switches Corebuilder 7000HD <www.3com.com/products/dsheets/400265.html>, seis Accessbuilder 9600, dois Corebuilder 2500 e três routers Netbuilder II.

A simulação do ambiente I2 serviu como referência para uma estimativa mais detalhada das conexões do backbone metropolitano. Neste projeto estão trabalhando em conjunto a PUC-Rio, o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica), a Faperj (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), a UFRJ e a Fundação Oswaldo Cruz e, se depender deles, a iniciativa leva nossa tecnologia a um nível de ponta em telecomunicações, numa tentativa de implantar uma grande estrada da informação aqui na área. Significa a migração de uma arquitetura ultrapassada baseada em routers com conexões de no máximo 2Mbps, para uma arquitetura moderna, com switches que operam com conexões a 155Mbps a um custo por porta muito mais baixo.

Dentre os objetivos do Ravel <www.ravel.ufrj.br/infra/infra-p.html> está a formação de recursos humanos e o avanço no conhecimento de diversas áreas relacionadas às novas tecnologias de redes de alta velocidade e suas aplicações em diversos tipos de serviços. O laboratório estuda redes locais e metropolitanas de alta velocidade, redes ópticas, redes digitais de serviços integrados em faixa larga (RDSI-FL ou B-ISDN) e redes que usam a tecnologia ATM (Asynchronous Transfer Mode - Modo de Transferência Assíncrono).

O pessoal está desenvolvendo várias aplicações especialmente para Internet2, dada sua alta velocidade. Algumas já estão em fase de teste. As principais linhas de pesquisa na I2 são: ambientes colaborativos envolvendo laboratórios virtuais com instrumentação remota; tecnologia de debates virtuais em multimídia e tempo real; bibliotecas digitais com imagens de alta resolução e áudio/vídeo de alta fidelidade; reprodução quase imediata de imagens de alta-resolução; novas formas de trabalho em grupo, com tecnologia de presença virtual e colaboração tridimensional; telemedicina, incluindo diagnóstico e monitoração remota de pacientes; projeções em três dimensões, através da utilização da ImmersaDesk (tela grande de televisão que projeta imagens em 3-D) e controle remoto de microscópios eletrônicos.

Atualmente, a Internet2 americana usa o vBNS (Very High Performance Backbone Network System), ou backbone de alta velocidade, da National Science Foundation. A velocidade máxima oferecida pelo vBNS é de 622Mbps, mas a maior parte das universidades do projeto Internet2 operam por enquanto a 155Mbps. A solução da 3Com para a Internet2 está preparada para transmitir até 2,4Gbps (Gigabits por segundo).

A fase de testes da Internet2 brasileira deverá terminar em dois anos, quando já se espera que haja um número razoável de instituições de ensino e pesquisa operando redes de alto desempenho em nível metropolitano, bem como usando vários tipos de aplicações interativas com tecnologia multimídia. Logo em seguida, proceder-se-á a integração nacional das várias redes metropolitanas de alto desempenho, formando assim o embrião do backbone nacional de alta velocidade.

Estão nos planos da equipe as conexões de alta velocidade com a Internet2 americana, permitindo às instituições de ensino e pesquisa do Brasil integrar-se à iniciativa original do Tio Sam, formando parcerias com universidades americanas para o desenvolvimento de aplicações.


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