O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 204 - Escrito em: 1995-07-21 - Publicado em: 1995-02-20


Pode usar, mas não garanto


Esta veio fresquinha do newsgrou04p rec.games.programmer da Usenet. Se você é um daqueles funcionários metidos a esperto que aproveitam que o chefe saiu para jogar um gamezinho no seu micro do trabalho, tenha muito cuidado. Foi lançado um novo software cão-de-guarda que fica residente em memória e só pode ser removido com uma password. A função deste programa vigilante, chamado GameCop, é detectar a ativação de joguinhos no computador. Pode ser programado para identificar até 100 diferentes jogos. E quando o vigilante encontra sua presa, faz o computador apitar feito doido, chamando a atenção de todo mundo no escritório. Dizem os entusiastas dos games que o único jeito é cortar o fio do speaker. Mas isso você não vai fazer, não é?


Recentemente anunciamos aqui os serviços de remailers anônimos na Internet. Muitos usuários andaram experimentando, alguns chegaram até a fazer gracinhas com desafetos e outros puseram-se a bagunçar mailing-lists. Mas passado o encantamento inicial, parece que a coisa se normalizou. Os grandes usuários dos remailers anônimos continuam sendo os tímidos e os que publicam artigos na Usenet que podem ser considerados preconceituosos, tendenciosos ou subversivos.

Há porém uma outra casta de usuários anônimos. Trata-se de verdadeiros feras na grande rede, que disparam petardos ativos na Usenet, com efeitos por vezes devastadores. Recente exemplo é o do usuário de codinome "Cancelmoose", que através do remailer anon.penet.fi da Finlândia, programou um "bot" (corruptela de "robot": programa que se mantém ativo na rede, atento para determinados eventos e tomando atitudes em função destes eventos) com um objetivo muito especial. A meta do "bot" do Cancelmoose era encontrar na Usenet qualquer mensagem que promovesse o novo livro "Netchat" de Michael Wolff e simplesmente eliminá-la. Sucesso absoluto. Cancelmoose, que alega já ter sido contratado dezenas de vezes para missões similares, novamente conseguiu.


Nosso amigo Andarilho, que nunca pára quieto, andou cruzando a Austrália de carro e especializou-se em desviar de cangurus na estrada. Encontrou também vastíssimas regiões no deserto central em que era expressamente proibido parar na rodovia, por motivo de contaminação radioativa. Isso em virtude de explosões que lá foram feitas na década de 50. Em diversos outros lugares do planeta, existem áreas contaminadas até hoje por explosões nucleares de outrora, mas infelizmente muitas vezes sem avisos ou placas. Para se precaver, cara leitora, antes de comprar fazendas em Nevada ou uma ilha na Polinésia, vale a pena consultar a Internet, apontando seu gopher para wealaka.okgeosurvey1.gov, onde existe um catálogo completo de todas as explosões nucleares conhecidas.


A empresa Input Inc de pesquisa de mercado prevê que, na virada do milênio, o número de conexões na Internet vai crescer das 25 milhões de hoje para 200 milhões. O mercado consumidor potencial na grande rede, no ano 2000, vai exceder os 200 bilhões de dólares, enquanto o mercado business-to-business vai valer perto de 50 bilhões de verdes.


A briga pelos segredos criptográficos nos EUA continua feia. O conflito ficou ainda mais sério depois que um espertinho teve acesso ao secretíssimo algoritmo RC4 da RSA Data Security e disponibilizou-o (também anonimamente, é claro) na Usenet. Em poucas horas, toda a comunidade criptológica do planeta tinha nas mãos o mais procurado segredo dos últimos meses. Por sorte, a cambada de fissurados pôs mãos a obra, caiu de ferro em cima do intrincado código e começou a enviar e-mail para a NSA apontando furos no algoritmo RC4 e até propondo melhoramentos, tornando-o mais rápido e mais eficiente. Só que secreto mesmo, ele já não é mais. E o Phil Zimmermann (autor do PGP) deve estar dando boas risadas...


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