O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
213
- Escrito em:
1995-04-11
-
Publicado em:
1995-04-24
Uuencode/decode
De qualquer lugar do Brasil, você pode ficar sabendo dos BBS's que estão na sua área. Para isso, basta enviar e-mail para [email protected] - esqueça o "subject" e pode deixar o corpo da mensagem vazio, pois o fileserv é esperto e sabe exatamente que você deseja a última versão da fabulosa lista nacional de BBS's, mantida pelo Flávio Lucarelli. Você receberá em sua mailbox a lista "UUencodeada" em formato compactado ARJ, rival do ZIP.
E já que se falou em UUencode, vale a pena entrar em detalhe. As mensagens de correio eletrônico via Internet são o famoso e-mail (diz-se "imêio", corrompendo a pronúncia da adorável Lady Di). E-mail pressupõe texto puro, sem caracteres de controle, ou seja o conteúdo da mensagem é composto exclusivamente de caracteres "printáveis" de 7 bits. Acontece que o pessoal muitas vezes necessita enviar programas executáveis, arquivos compactados, imagens gráficas, sons digitalizados, animações e videos através de e-mail. O jeito é transformar estes arquivos complicados em representações ASCII de 7 bits. Diversas soluções produzem "armaduras" ASCII, porém a mais tradicional e disseminada delas é o padrão UUENCODE/UUDECODE, oriundo dos primórdios do Unix. Através do programa UUencode (codificador UU), um arquivo qualquer é transformado em um tijolaço de texto puro, ininteligível para o olho desarmado. Este pedaço de texto pode ser inserido em uma mensagem e-mail e enviado sem problemas para qualquer canto do globo pela Internet. Quando o destinatário recebe a mensagem, ele a salva num arquivinho-texto e executa o UUdecode (decodificador UU), reconstituindo o arquivo original, por mais esdrúxulo que seja seu formato. Existem outros, muitos outros construtores de armaduras ASCII: o XXencode, o MIME e o próprio PGP cumprem esta função, mas se você quer ser entendido por qualquer um, use UUencode mesmo.
O esquema de conversão do UUencode consiste na quebra de grupos de 3 caracteres de 8 bits em grupos de 4 caracteres de 6 bits e na soma de 32 (equivalente a um "space") a cada caractere de 6 bits, que é mapeado para o caractere final a ser transmitindo. Se você não entendeu chongas, basta dizer que tudo é convertido para ASCII bobo, ou seja ascii-32 até ascii-95. O ascii-32 é substituído pelo ascii-96, porque alguns mecanismos de transmissão se empombam com espaços em branco. Cada linha UUencodeada começa com "M" e termina com um caractere de "check".
Apenas uma advertência para quem usa a FidoNet: UUencode costuma dar creca, pois alguém engole informação no troca-troca das mensagens. Nesse caso é recomendável usar XXencode, que é um esquema de codificação parecido com o UUencode, só que mais confiável e robusto. Infelizmente é menos conhecido na grande rede. O código XXencode usa maiúsculas e minúsculas e às vezes consegue superar outros raros erros do UUencode, quando se trata da conversão de códigos ASCII para o pré-histórico EBCDIC. Dizem que o XXencode só não emplacou porque na idade negra da computação havia uma pinimba técnica contra as minúsculas.
Qualquer máquina Unix tem UUencode/UUdecode disponível, portanto um unixeiro não terá problemas. Mas se você, como eu, usa o velho deoésse, pode buscar no grandioso repositório OAK, sucessor do famoso SimTel, a versão DOS. Aponte seu ftp-mail para o site oak.oakland.edu, diretório /SimTel/msdos/decode, arquivo uuexe532.zip. Esta é a poderosa versão do UUencode/decode escrita pelo REM (Richard E. Marks), que ainda traz de lambuja XXencode e split de arquivos grandes demais. Leia o manual e seja feliz.
JUNK WEB: Para os que pensavam que a WWW seria a Era de Ouro do Conhecimento, com sabedoria instantânea disponível ao simples toque dum botão, digo que se enganaram. A quantidade de homepages idiotas é simplesmente inacreditável. A coisa se banalizou a tal ponto que é difícil encontrar algo que preste, só mesmo dedicando muito tempo à pesquisa. É claro que as grandes empresas e instituições acadêmicas e de pesquisa geralmente oferecem páginas impecáveis e muitas vezes úteis. Mas se você for correndo indiscriminadamente atrás de homepages pensando que em cada uma encontrará tesouros, certamente vai se decepcionar. Um elemento desocupado da Internet, o Sr. Joe Rumsey, num ato de inspiração suprema, compilou uma lista com as homepages mais inúteis que pôde encontrar na Web. Note-se porém que inúteis não equivale a desinteressantes. Quem tiver curiosidade e muito tempo de sobra, pode pesquisar http://www.primus.com/staff/paulp/useless.html
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