O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
215
- Escrito em:
1995-04-23
-
Publicado em:
1995-05-08
Tranque sua gaveta
É óbvio que a cara leitora não é usuária mão-de-vaca, daquelas que fica economizando kilobyte em disquete. Mas se conhecer algum usuário desse tipo, poderá passar a ele a dica que se segue. Muito micreiro quer aproveitar o disquete até a última gota, deixando - se possível - zero bytes livres. Alguns optam por fatiar arquivos grandes de forma a fazê-los caber nos disquetes. Outros usam compactadores capazes de produzir seções multi-volume, técnica em que o ARJ é campeão e o ZIP é vice. Mas se você, digo ele, quiser atulhar um disquete com arquivos originais até o gargalo, sugiro o tradicional e facílimo de usar FFIT, de autoria do finlandês Kai Risku. Ele não cobra nada pelo programeto, exceto que o usuário, se não for incômodo, lhe mande um cartão postal. E se você trocar uma conversa com ele, pelo e-mail <[email protected]>, o camarada pode até lhe passar os fontes do logiciário. O FFIT está à disposição da comunidade computófila (epa!) nos melhores BBS do ramo, ou então no fenomenal depósito de programas que fica em Oakland, EUA. Falo, é claro, do SimTel, o estupendo site acessível por FTP anônimo. Se ainda não sabia, anote agora: oak.oakland.edu. Os responsáveis pela biblioteca de software acabaram com velho pesadelo dos usuários, ou seja, encontrar um determinado programa naquelas intermináveis listas de diretórios. Agora, é possível obter a localização exata de um arquivo através de um simples comando que deve ser dado dentro do seu FTP. À guisa de exemplo, se o indivíduo desejar por as mãos no FFIT, basta acionar o comando "site exec index ffit", considerando que a cadeia de caracteres "ffit" é suficientemente rara para localizar o nome do ZIP. Pode tentar que funciona. Leia os "dox" do FFIT e mande um cartão para o Kai.
ABELHUDOS E LADRÕES: Recentes pesquisas divulgadas na Internet indicam que a curiosidade, a indiscrição e a roubalheira grassam incontrolavelmente no mundo computacional e eletrônico em geral. Graças à disponibilidade de informações em formato digital, chefes vasculham a vida de seus funcionários, companheiros de trabalho enxeridos metem o bedelho em arquivos de trabalho dos colegas, exploram seus disquetes, leem seu e-mail e até fuçam recados de secretária eletrônica.
E não pensem que isso não se passa aqui na terrinha. Quanto dinheiro vai pelo ralo com os prejuízos digitais nas empresas, sejam elas grandes, pequenas, privadas ou estatais. Como sabemos, para se manter na legalidade, toda companhia é obrigada a comprar os programas que usa, coisa que todo usuário deveria fazer por certo. (Tia, não me olhe assim!) Todavia, é comum vermos que, poucas semanas depois que um pacotão de software chega numa empresa, zupt, somem os manuais. Depois, vum, somem os disquetes. E muitas vezes, zapt, some até o mouse. E nas firmonas, grandalhonas e inchadas, some coisa grande: placa de vídeo, drive, hard disk, monitor e até computadores inteiros.
Se parasse por aí, já seria ruim. Mas piora: No que diz respeito à segurança e privacidade, estamos mal e muito mal. Já que a onda é "rede local", saiu todo mundo interligando micros e compartilhando espaço em disco. Acontece que nem todo redeiro sabe configurar corretamente uma LAN (local area network = rede local) e acabam ficando brechas horrendas de acesso. Muitas vezes pode-se ler informações até dos computadores centrais das empresas, que geralmente são velhos e carregados mainframes. E mesmo que não possa acessar estas grandes máquinas, o usuário mal intencionado não precisa pesquisar muito na sua própria LAN para surrupiar dados privilegiados. Orçamentos, despesas sigilosas, listas de telefones, senhas de acesso, informações secretas e um monte de outros pequenos e grandes tesouros estão à mercê dos muitos celerados digitais que pululam por aí.
Meu diabinho leu esse texto e reclamou: "Mestre, o problema taí, mas cadê a solução?". Eu digo: sai fora, tinhoso. É por essas e outras que o pessoal macaco velho não desgruda do seu PGP. Ó vida.
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