O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 220 - Escrito em: 1995-06-05 - Publicado em: 1995-06-12

Olhos nos olhos

Já recuperados do impacto do iPhone, conversa por voz em tempo real via Internet, já é tempo de experimentarmos um novo brinquedo. Que tal agora uma conversa cara-a-cara? Nosso próximo passo é o CU-SeeMe (pronuncia-se "si-iú si-mí" e significa "vejo-te veja-me"). Já testado em sua versão alfa durante algumas semanas, o CU-SeeMe é agora oferecido numa versão beta 0.34b4. Quem decidir usá-lo já sabe que estará correndo todos os riscos típicos de um testador-beta, ou seja, sua máquina pode travar, o programa pode reagir de forma estranha, pode haver interferência com outros programas, coisinhas desse tipo. Nada grave, mas mantenha o olho aberto.

Se a leitora empunhar sua espada ftp contra o site gated.cornell.edu, encontrará esta fina peça de logiciário no diretório /pub/video. Fica o aviso de que o site é bem lento, mesmo de madrugada. Portanto muna-se de paciência. Se preferir jogar com a sorte, então torça para o misterioso Mr. Felix já ter feito upload do Cu-SeeMe para os principais BBS da cidade, com o nome de CSM034B4.ZIP.

Se preferir conversar sobre o assunto antes de por mãos à obra, à tarde e à noite existe quase sempre no ar um "topic" sobre Cu-SeeMe na teia de servidores iPhone. Não esqueça de acionar o "refresh" na tela de call do iPhone, pois a lista de tópicos não é atualizada automaticamente.

Cu-SeeMe é um programa de video-conferência que roda em Mac (com audio) e PC com Windows (sem audio, por ora), proporcionando conexão um-para-um, ou então, através de um "refletor", conexão um-para-muitos e muitos-para-muitos, dependendo das necessidades da usuária e do poder mastigador de seu hardware. O programa exibe janelinhas em tons de cinza com 160x120 pixels (picture elements). Oferecendo video-conferência a um custo bem camarada, o Cu-SeeMe requer uma conexão IP à Internet, ou seja (como a leitora já está careca de saber) uma conexão SLIP/PPP.

A turma que desenvolveu o programa faz questão de frisar que o software ainda está meio cambaleante. Pedem também que não se abuse da pobre da Internet, sobrecarregando seus circuitinhos. Recomendam valores de até 100 kbps para o parâmetro "b/w limits" (limites de preto e branco), não mais.

Inicialmente escrito para Mac, o Cu-SeeMe recebeu patrocínio da NSF (National Science Foundation) a partir de outubro de 1993 quando começou o esforço pró-Windows. O governo norte-americano ainda detem certos direitos sobre o material, muito embora o copywrite seja da equipe da Universidade de Cornell.

Se pretender usar o Cu-SeeMe para apenas receber video, ó usuária de PC com Windows, você deverá estar equipada com: PC 386-SX+, Windows 3.1 ou 3.11 (for Workgroups) rodando em modo Enhanced, video VGA+ 256 cores (8 bits), uma pilha Winsock TCP/IP e uma conexão IP à Rainha das Redes. Para ser capaz de também enviar video, precisará de tudo isso, sendo que sua máquina tem que ser no mínimo um 386-DX. Claro que deverá ter também uma câmera com saída padrão NTSC e um cabo RCA honesto. Nos "dox" (manuais do software) é recomendada a NCK 9102 TeleCamera, que sai por cerca de 200 verdes. Maiores detalhes, já sabe onde.

Sua placa de video deverá poder capturar imagens, sendo uma das seguintes: Video Spigot, Video Blaster FS200, ComputerEyes RT, miroVideo DC1 TV, Reveal tv300, Orchid Vidiola Pro/D, Win/TV, Cinema/TV e Celebrity/TV-HighQ. Placas que não servem MESMO: Pro Movie Studio/Spectrum, Intel Smart Video Recorder Pro e Video Blaster RT300. Diversas outras placas existem mas ainda não foram testadas. RTFM e descubra.

Quem tem Mac precisa de tela de 16 "cinzas", uma câmera e uma placa AV-Mac ou SuperMac VideoSpigot, além das extensões Quicktime e SpigotVDIG adicionadas ao system folder.

Talvez você queira assinar uma mailing list sobre o Cu-SeeMe, já com mais de 460 participantes, bastando para isto e-mailar [email protected], com subject em branco e corpo "subscribe cu-seeme-l seu-nome-entra-aqui" (sem as aspas). Quem quiser enviar mensagem a ser distribuída para todos os participantes da lista, e-maile [email protected], cuidado no verbo e boa sorte.

O pessoal já conseguiu botar 16 caboclos falando entre si através de "refletores", o que foi uma verdadeira paulada na moleira. Atualmente, o Cu-SeeMe limita as janelas abertas ao número de oito e mesmo tão (aparentemente) pouco pode significar uma carga brutal sobre a rede, podendo chegar às bordas do valor crítico. Resumindo: devagar com a louça.

Alerta especial que nos chega dos Srs. Peter Hohl e Luiz Henrique da PUC: cuidado com uma versão falsa do "novo" ZIP, nos arquivos pkz300b.zip e pkz300.zip. Esta versão 3.00 do PKZIP é um "Cavalo de Tróia" que apagará seus discos rígidos se for executado. A versão mais recente do zip continua sendo a boa e velha 2.04g. Não se iluda.

 

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