O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
222
- Escrito em:
1995-06-21
-
Publicado em:
1995-06-26
O espírito da noite
Acesso fácil à Usenet? Existe sim senhora. Não me refiro aos mastigadores de Usenet via e-mail, já mencionados aqui e que funcionam muito bem obrigado. Falo, sim, de acessos online a esse ultra-BBS que flutua sobre a grande rede. O sonho de consumo dos que só tinham acesso de leitura à Usenet era a capacidade de enviar artigos e contribuições originais, ou seja, possuir a chamada facilidade de "posting". Duas opções deixo para a leitora.
A primeira delas é através de seu Web Browser, seja Mosaic, Netscape, ou coisa que o valha. Aponte-o para http://www.dejanews.com/ e você será capaz de realizar pesquisas com direito a "or" e "and" numa base de 4 gigas de artigos Usenet, o que corresponde a cerca de 1 mês de contribuições. É muita coisa, posso lhe assegurar. Algumas hierarquias de newsgroups não são armazenadas, entre elas "alt" e "binaries". A interface de pesquisa é muito parecida com a da search engine Lycos (http://lycos.cs.cmu.edu/) da Universidade de Carnegie Melon, com alguns melhoramentos. Logo depois de ler um artigo, você pode postar um novo texto como resposta ou enviar e-mail para o autor do artigo original. Funciona que é uma beleza e é rápido como o corisco.
Uma outra opção, mais lenta, porém oferecendo acesso a todas as hierarquias é a máquina do Aburt. Na Universidade de Denver, no Colorado, EUA, um certo professor Andrew Burt resolveu disponibilizar uma workstation para oferecer acesso gratuito à Internet e chamou-a "NYX - The Spirit of the Night". Um correspondente nosso nos EUA já teve o privilégio de conhecer in loco a dita instalação, justamente na época em que o Nyx já não estava mais dando conta do recado e estavam preparando uma segunda estação, o Nyx10. As duas máquinas ficam numa saleta do departamento de Ciência da Computação. Nada se paga para acessar o sistema, que oferece login por telefone. Mas para nós de nada adianta o telefone, o que interessa é o acesso via Internet. Para tanto, use "telnet nyx.cs.du.edu" ou, se achar lento demais, "telnet nyx10.cs.du.edu" para acessar a segunda máquina.
A única exigência feita pelo Nyx, para lhe oferecer acesso irrestrito, é que você se identifique formalmente. Você pode enviar para lá cheque bancário que tenha seu nome impresso. Um colega nosso para lá enviou um cheque dum banco bem brasileiro, preenchido com US$ 10 e foi devidamente registrado. É claro que o Aburt não conseguiu descontar o cheque, mas o que ele quer é uma certeza, ou quase certeza, de que você é você mesmo. O Nyx é severamente atacado por hackers de todo calibre e, volta e meia, o arquivo de passwords é devassado, daí esse cuidado do Prof. Aburt. O procedimento correto para registro é imprimir um formulário que o Nyx exibe na tela, assiná-lo e ir ao consulado dos EUA para ter sua firma reconhecida pelo Notary Public. Depois você envia o papel por via postal e em poucas semanas torna-se usuário registrado do Nyx, com acesso total a milhares de newsgroups e a muitas outras atrações, tudo em modo texto.
Lembre-se porém que, se ficar mais de 30 dias sem acessar o Nyx, sua conta voa. Tal fato só não se verificará caso você se torne um honorável doador de fundos para a eterna vaquinha que eles promovem para a compra de mais discos. Nosso correspondente, por exemplo, ao visitar as instalações do Nyx, deixou umas 15 verdinhas com a madame lá e entrou para o rol dos honoráveis vitalícios.
Finalmente acabou a angústia de quem desejava um bom texto em português sobre PGP, o mais famoso software de criptografia, tão citado e recitado aqui. Que tal estudar o próprio manual original do PGP 2.6 traduzido para o portuga? O trabalho é de autoria da Roberta Paiva Bortolotti <[email protected]>, com revisão de Adriano Mauro Cansian <[email protected]>, ambos da UNESP, Universidade Estadual Paulista, Campus de São José do Rio Preto. Na verdade a tradução já está pronta há meses, mas devido a problemas de acúmulo de mensagens não-lidas na mailbox deste seu servo, só agora foi des-zipado o pacote. Nos BBS cariocas já é possível encontrar o soberbo trabalho, sob o nome PGP26_BR.ZIP. O texto é excelente, super didático e imperdível para quem deseja dominar a arte do PGP e não conhece inglês. O honorável Adriano disponibilizou a tradução via ftp anonymous em wolverine.ibilce.unesp.br (200.9.78.130), em /pub/pgp/pgp26_br.zip. No mesmo diretório pode ser encontrado o pgp26uix.zip com os executáveis e a documentação original.
O presidente da Federação Russa, Boris Yeltsin, proibiu num edito toda e qualquer criptografia em seu país. Não se pode mais encriptar nem autenticar via assinatura eletrônica qualquer coisa que seja. Dá cana. O edito do Yeltsin tem 9 itens, é curto, direto e tem sua tradução inglesa disponível em alguns BBS cariocas sob o nome CRIPRUSS.ZIP.
Falando em russos, saiu o build 13 do software iPhone, que segundo dizem, permite conversas reais full-duplex via Internet, ou seja, os dois falantes podem tagarelar simultaneamente no mesmo link. Necessário se faz possuir duas placas de som half-duplex, ou então uma placa full-duplex (uma que possa reproduzir e gravar sons ao mesmo tempo). A nova versão pode ser obtida através de ftp-anônimo do site vocaltec.com, diretório /pub. E o que é que os russos têm a ver com isso? Como sabemos, a versão não registrada do iPhone só permite 60 segundos de papo. Ao que parece, um certo elemento chamado Misha <[email protected]> discorda dessa limitação. Problema dele.
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