O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
236
- Escrito em:
1996-02-27
-
Publicado em:
1996-03-04
Quero minha fibra
É grande sim e cresce rápido. Ano passado a Internet tinha cerca de 5 milhões de hosts, ou seja, máquinas penduradas na rede. Já são hoje 6,6 milhões. Chutando 10 pessoas em cada host, lá se vão 66 milhões de usuários Internet no momento. De acordo com o Internet Index, 37 milhões de criaturas acima dos 16, usam a redezona só nos EUA e Canadá. Se somarmos os 17 milhões usando o acesso Minitel à Internet na França, temos 54 milhões de usuários só nesses três países. Eita gentona boa.
Segundo estimativas dos mais letrados no assunto, há cerca de 660 milhões de computadores na face da Terra, sendo portanto 1% deles hosts Internet. Pense na média de quatro mãos por máquina e teremos 1,32 bilhões de seres teclando enter ou coisa que o valha. Se a velha previsão se concretizar, qual seja, a de que em 2001 haverá um bilhão de máquinas rodando na Terra, então a leitora pode fazer suas contas para descobrir quantos humanos estarão computando e quantos estarão navegando na rede a esta altura.
O preço dos discos está despencando. Já se compra um giga por US$ 300 e, se quiser um hardzinho furreca, leva até por 200. O Pentium de 150 MHz da minha tia já está fora de moda, pois os homens ficam falando nesse novo de 300. Isso quer dizer que um artefato desses roda cerca de 1.000 vezes mais rápido que o PC original, mesmo efetuando operações matemáticas cabeludas. A coisa só pega na hora da RAM. Essa sim, está carinha de dar dó.
Mas independente da memória, a turma está seguindo a voz do mestre: comprando máquina e comprando horrores. E Internet é um must, todo mundo quer navegar. Um cidadão chamado Andrew Seybold, camarada estribado nessas questões, acredita que a rede Internet vai sofrer um crash e vai queimar. Renasceria das cinzas depois, sob a forma da tão falada Information Super-highway. Ele mesmo declara que conseguia entrar num site, pegar o que interessava e cair fora em 10 minutos. Hoje leva meia hora, e olhe que ele mora lá na tampa boreal do mundo. A encrenca é que a turma está enfiando muito video, audio e material gráfico na pobrezinha da Internet. O nosso Andrew, que é editor do "Outlook on Commuinications and Computing", acredita que a Internet está hoje como estava o sistema telefônico dos EUA no tempo da mamãe (dele) -- conseguia mal e porcamente tolerar o tráfego.
Enquanto os cabos das TVs não estiverem mandando pacotes da rede para dentro das casas da maioria dos interneteiros, a turma vai se virar mesmo é com o ISDN, que está sendo usado nos EUA três vezes mais do que as estimativas mais enlouquecidas dos prestadores deste serviço de telecomunicação. Duas destas companhias já estão subindo nas tamancas, Pacific Bell e US West, querendo dobrar as tarifas para ISDN. Pode ser uma péssima idéia, num momento em que as companhias de TV a cabo estão prontinhas para oferecer serviços baratos de telefonia digital de alta velocidade, com opção de acesso a redes de computadores.
E fico pensando aqui no vilarejo, cheio dessa fibrinha caótica por baixo do chão. Que gozado, não sei porque estou começando a gostar dessas obras do Rio Cidade.
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