O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 245 - Escrito em: 1996-04-08 - Publicado em: 1996-05-06


Hare Krishna arriscado


Existe um newsgroup na Usenet chamado comp.risks, que trata dos riscos trazidos pelas novas tecnologias. É muito divertido de acompanhar. Quem não tem acesso à Usenet, mas possui acesso e-mail, pode assinar a lista RISKS Digest. Basta enviar mensagem para [email protected] com corpo INFO para obter maiores informações. Se quiser assinar logo a lista, mande corpo SUBSCRIBE.

Um dos frequentadores da RISKS, Dan Cross <[email protected]>, comprou um CD contendo músicas e cantos da seita Hare Krishna e adorou o som. Doido para mostrar o achado à sua gata, ligou rápido para a namorada, mas ela não estava em casa e ele foi atendido pela "máquina de responder", vulgo secretária eletrônica. Resolveu aumentar o volume do som e deixar gravada a mística canção na secretária da amada. Poucos segundos depois a máquina fez um "clic-tchunk" e respondeu com aquela mensagem em voz sintetizada: "Enter access code for remote operation". Resumindo -- os sons do Hare Krishna ativaram o código secreto da secretária eletrônica, permitindo operações remotas.

Dan ficou aparvalhado e começou a elucubrar sobre quão longe chegou nossa moderna sociedade tecnológica e como ela cresceu simultaneamente em diferentes direções. Avançamos tanto em tantas áreas, que coisas aparentemente inócuas em um ramo da tecnologia (como uma trilha musical num CD) podem gerar resultados totalmente inesperados em outro ramo.


UM CALA BOCA: De vez em quando acontecem coisas que até renovam nossa fé nessa escalada dos bits e bytes nas redes mundiais. Lá nos EUA, por exemplo, quase toda biblioteca pública oferece acesso gratuito à Internet. É só chegar, se cadastrar e navegar. É claro que não dá para ficar horas pendurado na máquina, mas você pelo menos já ganha seu endereço e-mail. Exemplo disso é um colega nosso que se mandou para Vancouver, Canadá, e foi tentar a vida. Descobriu essa jogada da biblioteca e abriu sua conta grátis na freenet de lá. (Experimente "telnet vcn.bc.ca".) Hoje ele troca habitualmente e-mail numa boa com seus parentes e amigos interneteiros aqui no Brasil. Pode parecer que não, mas sozinho naquele gelo, isso é um apoio e tanto.

Outra boa das freenets é o que ocorreu em uns bairros pobres da periferia de Los Angeles. Um grupo de gente necessitada, sem ter a quem mais recorrer, teve a iniciativa de se cadastrar na biblioteca local e metralhar um monte de mensagens e-mail para o governo dos EUA, denunciando péssimas condições de vida (puxa, se são péssimas lá, maginakí...), paupérrima infraestrutura, violência policial e todas essas mazelas. E a coisa deu resultado, pois foram destacadas comissões, apareceram por lá figurões e providências foram tomadas. Está vendo só, como essa Internet tem lá o seu lado bom?

É claro que ainda vai demorar bastante até que todas as nossas bibliotecas públicas venham a oferecer acesso gratuito à Internet. Mas, nesse meio tempo, pode inserir no seu bookmark o URL do Governo do Brasil: http://www.mare.gov.br, com uma home page muito jeitosa e caprichada.


TUDO JUNTO: Pesquise a Web juntando os esforços de diversas search engines. Este site é bastante útil para o novato na Web, que não é muito chegado a longos textos ensinando como usar interfaces "simples". Veja em http://www.best.com/~mentorms/eureka.htm.


ENCONTROS: Quanto amigo antigo a gente reencontra navegando na rede, depois de muitos anos de separação. Ótima ferramenta para possibilitar esses bons momentos é o WhoWhere, http://www.whowhere.com.


DINÂMICA: Quer rodar uma aplicação super dinâmica em Windows e que também vai lhe manter em dia com as notícias? Baixe já já o software PointCast, oferecido em http://www.pointacast.com. Com o bicho já instalado e seu Winsock conectado, clique em "Update" e espere uns minutinhos. Ele vai fazer download de notícias, mapas do tempo, cotações de ações e muito mais. E não se assuste com o lindíssimo screen saver PCN que vai ficar ativo na sua máquina.


Estávamos uns oito interneteiros consultores em computação gráfica, todos leigos em Medicina, almoçando num a-quilo no centro. Um de nós produziu um tubinho de comprimidos efervescentes de cloreto de potássio, sacou uma pastilha e tacou-a num copo com água: "Fsssss!" Outro pegou a bula, leu um trechinho, arregalou os olhos e passou-a para nós com ar embatucado. Deve ter lembrado do filme "Tron", quando leu na bula: "...evitar dosagens excessivas, observando cuidadosamente pacientes digitalizados." Se a leitora é médica e puder mandar um e-mail para [email protected], por favor, explique como é que se digitaliza um paciente.


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