O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
257
- Escrito em:
1996-07-23
-
Publicado em:
1996-07-29
Quero dormir...
Lembra quando na Internet era tudo de graça? Ê tempo bão! Hoje cobra-se por quase tudo, aceita-se até dinheiro digital, e cada coisa tem seu preço. Mas nem tudo. Tem uma turma que se dedica a encontrar ofertas grátis na Internet. Eles já reuniram uma respeitável coleção de links para esses recursos. É claro que tem muita bobagem e quinquilharia, mas garimpando com calma, coisa boa pode-se encontrar, há que ter apenas paciência. Dedique um fim-de-semana daqueles cinzentos e passeie pelo site da Volition, em http://www.volition.com/free.html. Você vai encontrar um monte de portas a abrir, cada uma dando acesso a vastos corredores também cheios de novas portas. Haja tempo e disposição: concursos, dicas, repositórios, mailing lists, jogos, software, textos, notícias e muito mais.
A leitora nem imagina como são espertos os representantes dessa raça de Interneteiros. É assombrosa a inteligência e a argúcia dessa gente. O causo que lhes conto teve lugar num longo vôo de Los Angeles para Nova York. Um programador internauta sentou-se ao lado de um engenheiro e começou a puxar papo. Inclinou-se sobre o engenheiro e propôs um jogo divertido. Mas tudo que o engenheiro queria era tirar uma soneca, portanto polidamente declinou do convite e virou-se para a janelinha, ajeitando-se no assento, pronto a embarcar no sono.
O programador insistiu, dizendo que o joguinho era realmente fácil e muito interessante. Explicou: "Eu lhe faço uma pergunta e, se não souber responder, você me paga 5 dólares. Daí, você me faz outra pergunta e, caso eu não saiba a resposta, eu lhe pago 5 dólares."
Mais uma vez o engenheiro delicadamente disse que não queria jogar e novamente se posicionou para tentar dormir. O programador, já um tanto agitado, disse: "Muito bem, se você não responder me paga 5 dólares, mas se EU não responder, eu lhe pago 50!"
A proposta chamou a atenção do pobre engenheiro, que sabia que seu tormento não teria fim enquanto não concordasse em participar. Acabou aceitando a disputa. O programador sorriu e lançou sua pergunta fatal: "Qual a distância da Terra à Lua?"
O engenheiro, impassível e resignado, produziu a carteira, tirou uma nota de 5 dólares e passou-a ao programador com um meneio de cabeça. Por seu turno, disparou sua pergunta para o inconveniente companheiro de vôo: "O que é que sobe uma colina com três pernas e desce-a com quatro pernas?"
O interneteiro ficou completamente atônito, os olhos esbugalhados. Pediu um momento, ligou seu poderoso laptop e efetuou uma pesquisa em todas as suas referências em disco: nada. Mas ainda tinha a Internet a seu favor. Ligou seu fabuloso computador no Airphone (telefone de bordo oferecido em alguns vôos, coisa fina) e, via modem, lançou mão de todas as "search engines" que conhecia na grande rede, além de vasculhar a Biblioteca do Congresso de cabo a rabo. Frustrado, mandou e-mail urgente para seus colaboradores -- e nenhum deles pôde ajudá-lo. Resultado: derrota fragorosa.
Depois de quase uma hora navegando na rede com ardor, ele por fim jogou a toalha. Acordou o engenheiro que ressonava aconchegado e, cabisbaixo, testa suada, passou-lhe uma nota novinha de 50 mangos. O engenheiro, silente, pegou a grana e virou-se para continuar o soninho.
Nesse ponto, o programador não agüentou e, emputecido, acordou o engenheiro mais uma vez, agora sacudindo-o animalescamente pelos ombros, e perguntou afinal: "Pois bem, qual é a resposta?". Sem dizer uma palavra o sonolento engenheiro entregou ao programador nervosinho uma nota de 5 dólares, virou-se e dormiu tranqüilo o resto da viagem. Game over.
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