O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 260 - Escrito em: 1996-08-21 - Publicado em: 1996-08-19


Tira a mão da extensão


Cena noturna típica: você pendurada na linha, viajando leve e solta pela Internet, sem barreiras nem fronteiras e com a cabeça a mil. De repente, aquela parada que se prolonga e começa a incomodar. A máquina congelou? Que nada. Foi sua mãe, filho, marido ou algum outro infeliz que pegou a extensão do telefone para bater papo. Decerto ouviu um chiado estranho, talvez um apito e desconfiou que mandou sua conexão Internet prás cucuias. O conflito doméstico que se segue é bem conhecido.

Existe um aparelhinho que você espeta em cada extensão e que impede este freqüente mal estar. Cada extensão passa a só ter acesso à linha telefônica caso ela estiver livre. Portanto se algum agregado doméstico distraído ou mal intencionado lançar mão do monofone vai ouvir apenas vácuo sonoro e sua navegação não sofrerá a menor marola. Nunca ví o dispositivo funcionando em linhas brasilianas, mas a leitora, que eu sei que é muito safa, vá fuxicar as páginas da Micro Solutions (www.teleguard.com) e da Sandman Company (www.sandman.com).


Parece lorota, mas aconteceu mesmo com um interneteiro, provavelmente novato, de nome Andrew Koenig <[email protected]>. Aficcionado por fotografia, recebeu informações sobre uma pequena empresa no estado de Indiana, nos EUA, fabricante de engenhosos badulaques e adaptadores para fixar câmeras e lentes a tripés especiais. Interessou-se logo e anotou o nome da firma: "Kirk Enterprises". Conhecedor do fabuloso poder de busca das search engines da Internet, meteu-se a investigar a Web à procura da home page da referida companhia.

Entrou no Lycos todo animadinho e disparou sua busca pela tal empresa. A leitora certamente já adivinhou o final da história: tudo que o pobre Andy recebeu foi uma caudalosa torrente de referências ao seriado Star Trek -- como não poderia deixar de ser.


Se eu chego e falo a palavra hacker, imediatamente a leitora já pensa naquele jovem anormalóide, entortador de bits, pilotando um super-micro conectado, num ambiente dark, roupas extravagantes e ouvindo heavy metal. Mas nem tudo que reluz é ouro. O Dr. Andrew Blyth <[email protected]> da Universidade de Glamorgan, nos repassou um artigo do Sunday Times dando conta que agentes da inteligência norte-americana penetraram nos computadores do parlamento europeu e da comissão européia como parte de uma campanha de espionagem visando afanar segredos econômicos e políticos. A comissão convocou um expert em segurança para barrar futuros ataques de espionagem por parte de agentes do governo americano.

Oficiais de segurança revelaram ter detectado diversas ocorrências em que seus sistemas de comunicação foram comprometidos pelas invasões efetuadas pelos espiões. Encontraram provas que os EUA fizeram uso de informações obtidas via "hacking" como forma de ajudar suas negociações em 1995 no GATT (General Agreement on Tariffs and Trade - Acordo Geral de Tarifas e Comércio).

A rede de computadores do parlamento europeu interliga mais de 5 mil computadores e armazena documentos privados médicos, financeiros e informações oficiais de governos.

Mas isso é papo velho, pois a CIA já foi acusada, pelos governos do Japão e da França, de ter invadido suas redes de comunicação em tentativas de obter segredos comerciais e outras preciosas informações sigilosas. Ao que parece, eles seguem à risca o velho ditado malgaxe: "Fássawk Yeudíggo Masnonfás Aukyeufásso".


Pequena prova para programadores: "F u cn rd ths, u cn gt a gd jb n cmptr prgrmmng". Para saber a resposta, mande mail para [email protected]. Se puser subject "catprova" a resposta é automática. Senão, pode demorar um pouco, pois será na munheca.


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