O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 261 - Escrito em: 1996-08-21 - Publicado em: 1996-08-26


Aldeia global


A NCSA (National Computer Security Association) lançou um programa de certificação de segurança na Web. Por US$ 8.500 a NCSA vai checar firewalls, criptografia, controle de log de endereços IP (Internet Protocol), passwords e outras áreas sensíveis de um sistema, visando determinar se o site é à prova de hackers. Os sites que passarem na inspeção receberão um selo de aprovação da NCSA. "Queremos fazer os usuários se sentirem confiantes ao praticarem comércio eletrônico," disse o presidente da NCSA. "Se dermos à comunidade Web um padrão a alcançar, com respeito à segurança dos sites, o comércio eletrônico terá um grande impulso." Enquanto isso, o CBBB (Council of Better Business Bureaus) lançou o serviço BBBOnline, que monitora online questões sobre propaganda online através de uma rede de 137 escritórios em todos os EUA, fornecendo relatórios de confiabilidade online.


Parece lorota, mas aconteceu mesmo com um interneteiro, provavelmente novato, de nome Andrew Koenig <[email protected]>. Aficcionado por fotografia, recebeu informações sobre uma pequena empresa no estado de Indiana, nos EUA, fabricante de engenhosos badulaques e adaptadores para fixar câmeras e lentes a tripés especiais. Interessou-se logo e anotou o nome da firma: "Kirk Enterprises". Conhecedor do fabuloso poder de busca das search engines da Internet, meteu-se a investigar a Web à procura da home page da referida companhia.

Entrou no Lycos todo animadinho e disparou sua busca pela tal empresa. A leitora certamente já adivinhou o final da história: tudo que o pobre Andy recebeu foi uma caudalosa torrente de referências ao seriado Star Trek -- como não poderia deixar de ser.


CABINDA, ZAIRE -- O que ocorreu recentemente nas Olimpíadas de Atlanta, quando o sistema da IBM apresentou algumas pequenas falhas, não passou de um pequeno acidente de percurso na extraordinária história da Big Blue. Num lance considerado pelos escritórios da IBM como um dos mais importantes passos para a grande revolução mundial em andamento no âmbito das telecomunicações, M'wana Ndeti, membro de uma tribo Bantu do Zaire, usou um sofisticado modem de rede de uplink global, fabricado pela IBM, para quebrar uma noz. Ndeti, que já havia gasto mais de 20 minutos tentando fazê-lo com as próprias mãos, conseguiu esmagar a noz sem problemas, atingindo-a repetidamente com o poderoso modem. "Eu não conseguia quebrar a noz sozinho", disse o simpático nativo de 47 anos de idade, que logo em seguida adicionou a noz a uma espessa e apetitosa sopa de amendoins.

"Com a ajuda da IBM, fui capaz de quebrá-la." Ndeti descobriu o poder do fabuloso modem 28.8 V.43 ontem, ocasião em que a IBM estava filmando um comercial em seu vilarejo no sudoeste do Zaire. Durante uma pausa nas filmagens, que mostrava nativos africanos conversando animadamente em conferência via computador com crianças de uma escola japonesa, Ndeti surgiu repentinamente no set da produção e arrebatou o modem, acreditando que ele serviria bem como utensílio para sua finalidade de romper a dura casca da noz. Fez a escolha certa.

Os funcionários da IBM em verdade não se mostraram surpresos com o uso de seu equipamento, pois há tempos este gigante da computação vem provendo a comunidade usuária com soluções práticas para seus problemas do dia-a-dia. "Nossos sistemas de telecomunicações oferecem a pessoas do mundo inteiro soluções eficazes, adequando nossos produtos às suas necessidades específicas", disse Malcolm J. Wright, diretor de marketing da empresa. "Seja você uma freira enclausurada num mosteiro italiano ou um aborígine do Grande Deserto de Areia da Austrália, a IBM tem as melhores idéias para levá-lo hoje até onde você quer chegar no mundo da informática."

De acordo com Ndeti, dentre as mais poderosas características do modem, a mais impressionante foi a solidez do gabinete plástico do aparelho, que resistiu por vários minutos os vigorosos impactos aplicados contra uma grande pedra, no afã de esmagar a casca da noz. "Eu pus a noz na pedra e acertei-a com o modem", disse Ndeti. "O modem não quebrou. É um bom modem." Ndeti ficou tão bem impressionado com o artefato que logo tratou de adquirir uma workstation IBM topo-de-linha completa, com microprocessador PoverPC 601, drive CD-ROM interno 4X e três conectores 16 bits de rede Ethernet. O nativo já fez bom uso de seu novo sistema, construindo uma engenhosa armadilha para gazelas com a fiação do computador. Além disso, aproveitou o monitor como âncora para sua canoa e produziu uma arma tosca mas efetiva usando o mouse. "É um bom computador", disse Ndeti, abrindo e habilmente destripando uma gazela recém-capturada, utilizando como lâmina o chip processador interno, achatado e afiado. "Estou usando cada parte dele. Vou assar essa gazela no teclado." Horas mais tarde, Ndeti de fato assou o animal no fogo produzido pelas 200 páginas do manual do computador.

O porta-voz da IBM exaltou a escolha de computador de Ndeti. "Estamos satisfeitos que o povo Bantu está se voltando para a IBM para suas necessidades de negócios", disse o CEO da companhia, Will Jordans. "Desde Kansas City até Kinshasa, a IBM está aproximando o mundo. Nossa tecnologia de ponta está realmente criando uma aldeia global."


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