O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 264 - Escrito em: 1996-09-05 - Publicado em: 1996-09-16


Reconhecimento, afinal


Um misterioso colega nosso chamado Line Printer System <[email protected]> informa que o pessoal da Dianetics, igreja Scientology, está usando as revolucionárias técnicas mentais do sábio Hubbard para quebrar chaves PGP. Graceja o Line, que estão gastando à toa rios de dinheiro, tempo e energia que poderiam facilmente ser economizados se contratassem um sensitivo psíquico paranormal para chupar a senha PGP da cabeça do dono. Em tempo, gostaria de publicar a brilhante frase que o Line exibe na sua assinatura (sig) nas mensagens e-mail que envia: "Você pode saber Kung Fu, mas eu sei sendmail... " Quem acompanha a história dos hackers e dos antigos rombos de segurança no programa sendmail de correio eletrônico em Unix, saberá dar o devido valor à sig do rapaz.

Mas voltando ao software PGP e escorregando direto para a legendária figura de seu criador, caimos de boca na notícia que nos traz o camarada Duane Fickeisen <[email protected]>. O afamado Phil Zimmermann, controvertido pai do Pretty Good Privacy (PGP), recebeu o prestigiado Norbert Wiener Award de 1996. (Se a leitora quer dar os primeiros passos em PGP, sugiro ler o texto em Porto Gays que certo muquirana andou escrevendo e que pode ser encontrado em ftp://ftp.ibilce.unesp.br/pub/pgp/cripto.zip)

O prêmio Wiener é para os que se excederam na promoção do uso responsável da tecnologia e é oferecido anualmente pela CPSR (Computer Professionals for Social Responsibility). O evento de entrega da honraria terá lugar em 19 de outubro próximo no encontro anual da CPSR na Georgetown University em Washington, nos EUA. O prêmio dado ao Phil está relacionado ao tema da conferência: "Comunicações Liberadas: O quê está em jogo? Quem se beneficia? Como se envolver?" que aborda o interesse público em manter controle sobre a vasta gama de serviços emergentes de comunicações e sobre questões ligadas à liberdade de expressão, proteção de direitos autorais e privacidade online. Maiores informações sobre o prêmio, emaile (pronuncie "imêile") o endereço [email protected], ou browseie (pronuncie "brauzêie") http://www.cpsr.org/home.html.

A CPSR é uma aliança de interesse público reunindo informaticólogos (eu ein, existe isso?) interessados no impacto das tecnologias computacionais em nossa sociedade. A entidade procura dirigir a atenção do público para as difíceis escolhas que dizem respeito às aplicações da computação e sobre como essas escolhas afetam o povão.

O advento do PGP trouxe a público questões críticas sobre privacidade, visto que este software permite ao cidadão micreiro comum codificar suas mensagens de forma que apenas o destinatário as possa ler. Antes do PGP, apenas governos e grandes empresas podiam trocar e-mail seguro.

No jargão informático, PGP é um "software de criptografia de chave pública". Phil Zimmermann, um rapaz de 42 anos, escreveu esta pérola e publicou o código-fonte nos EUA como freeware em junho de 1991. Desde sua criação, o PGP espalhou-se por todo o planeta e tornou-se O padrão para e-mail criptografado.

A inana surgiu quando o governo do Titio tentou controlar a criptografia. Por três anos o Phil foi alvo de investigações criminais pelo US Customs Service, que encasquetou que foram quebradas leis com a difusão do PGP além das fronteiras dos EUA. Todo o bunda-lelê não deu em nada, pois as investigações foram encerradas em janeiro do corrente ano sem o indiciamento do Phil. Por sorte, a rapaziada ajudou em peso, contribuindo para pagar as altas contas dos advogados do herói.

Zimmermann escreveu o PGP a partir de informações que obteve na literatura mundana. Nada secreto nem classificado foi pesquisado. Ele empacotou um emaranhado de matemática pretíssima num código honesto e bonito, que qualquer pé rapado poderia usar num micro modesto. Disse o fera: "Dei o PGP de graça, em prol da democracia. Esta tecnologia pertence a todos." Eita, cabra bom. Parabéns pelo prêmio, Phil. Dê seu alô para ele nos endereços [email protected] ou [email protected].


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