O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 278 - Escrito em: 1996-12-16 - Publicado em: 1996-12-23

Chega de tanto formato

Quem navega pela rede está esbarrando toda hora em imagens GIF e JPG, formatos amplamente difundidos e já adotados como padrão em muitas aplicações. A leitora vai passeando distrída pela Web, mas nem imagina o bafafá que está dando porcausa desses formatos. Em 1987 a CompuServe projetou o Graphics Interchange Format (GIF) e depois que o dito cujo ficou super famoso, entrou com patentes e complicou a vida de um monte de gente. E o rôlo aumenta: o GIF é baseado na tecnologia de compressão de arquivos chamada Lempel Zev Welch (LZW), o que fez a Unisys entrar na briga em 1993, pois tinha alguns direitos sobre essa técnica. Um acordo foi feito entre CompuServe e Unisys e o resultado disso é que o resto do universo teria que pagar a eles pelo uso do GIF.

Essa briga é ótima apenas para os advogados envolvidos, que estão faturando aos tubos. Para nós é um estorvo. Em 1995, entrou em cena o Richard M. Smith, presidente da Phar Lap Software, jogando mais barro no ventilador. Disse o cidadão que a IBM possui uma patente do LZW registrada três semanas antes que a da Unisys. É claro que a comunidade de desenvolvimento de software ficou toda nervosinha e começaram a matutar saídas para essa encrenca toda.

Quem quiser acompanhar o arranca rabo tem que ter paciência e vagar com toda calma pelos newsgroups comp.graphics, comp.compression, e comp.infosystems.www.providers, na Usenet. Ficará sabendo detalhes sobre a corrida dos novos formatos, mas vou apenas mencionar alguns deles aqui e deixar os detalhes por conta de suas próprias navegações investigativas.

O GIF24 é a nova proposta da CompuServe. Suporta cores em 24-bits e compressão sem perdas. Detalhes em <http://www.compuserve.com/isd/news_rel/gif.html>. Estão bolando também um JPEG novo e você pode dar uma sacada no ótimo FAQ encontrado em <http://www.cis.ohio-state.edu/hypertext/faq/usenet/jpeg-faq/faq.html>. Tem também o PBF (Portable Bitmap Format), que foi projetado com o fim específico de desbancar o GIF. Saiba sobre ele em <http://www.xmission.com/~mgm/gif/pbf-format2.html>. Outro lutando bravamente é o PDS (Planetary Data System), desenvolvido pela NASA para uso com suas fabulosas imagens espaciais e descrito em <http://www.xmission.com/~mgm/gif/pds-format.html>. Existe um outro formato que foi projetado para ser gratuito mesmo, a julgar pelo nome: FGF (Free Graphics Format), com uma rápida explicação em <http://www.xmission.com/~mgm/gif/fgf-format.html>. Dezenas de outros formatos obscuros existem, alguns aparentemente geniais que juram que vão se tornar padrão, mas que no final podem dar com os burros n'água, como parece ter acontecido com os tão promissores Wavelets.

Peço porém atenção especial ao formato PNG (Portable Network Graphics), pronunciado "ping". Maldosas bocas declaram que uma das maiores vantagens dele sobre o GIF é a pronúncia sem ambiguidades, pois até hoje ainda não se chegou a um consenso sobre se o certo era "jif" ou "guif". Digam o que quiserem, mas o formato PNG incorpora uma série ótimas idéias, como os múltiplos CRC's (Cyclic Redundancy Check) que podem ser verificados sem precisar visualizar a imagem. Há também uma assinatura mágica com a qual pode-se detectar a maioria dos erros comuns de corrupção de arquivos gráficos. O PNG comprime de 10 a 30% melhor que o velho GIF, não tem perdas, não se baseia em qualquer algoritmo patenteado e ainda apresenta canal Alpha nos modos 8 e 16 bits, ou seja, pode-se graduar o nível de transparência da imagem. As referências e o código fonte estão disponíveis de graça na Internet. É pegar e usar. O quarter general do PNG fica em <http://quest.jpl.nasa.gov/PNG/> e vale a pena a visita.

Interessante relato nos chega da CHP (California Highway Patrol), a polícia rodoviária do estado da Califa. Um oficial deteve um fusquinha velho todo arriado, quase encostando o fundo no asfalto. Estava completamente atulhado com mais de 900 catálogos telefônicos. O motorista, com a maior cara de bocó, contou que estava começamdo um bico de entrega de catálogos e queria aproveitar ao máximo sua primeira viagem, portanto retirou todos os assentos do fusca e preencheu todo o espaço disponível, dirigindo sentado sobre uma pilha de catálogos. O oficial perguntou como é que ele iria dirigir depois de entregar tudo, e recebeu como resposta: "Puxa, não tinha pensado nisso…"

Sobejam na Internet estórias construtivas assim e se quiser conhecer outras, como por exemplo a do cão que atirou na própria dona, visite o mundo bizarro do Ovi em <http://netmar.com/users/ovigher/ovi.htm>. Ótimo Natal pro-C e prafa milha.

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