O GLOBO - Informática Etc. -
Carlos Alberto Teixeira
Artigo:
291
- Escrito em:
1997-03-20
-
Publicado em:
1997-03-24
Ligando para o PGPfone
É tanta coisa chegando junta nessa rede, e eu aqui impaciente querendo passar tudo pra vocês de imediato. Infelizmente não dá, o espaço é pouco, sempre pouco. E ainda tem o pessoal que manda e-mail perguntando isso e aquiloutro e tento responder todo mundo, mas nunca dá. Desculpas ao pessoal. Gostaria de iniciar um movimento em prol da redução do tempo de rotação do planeta, pois assim cada dia teria mais que essas míseras 24 horas.
Pois bem, a última que me chegou foi uma mensagem do Ray Dillinger <[email protected]>, sempre preocupado com a privacidade em meios eletrônicos. Ele novamente abre os olhos do pessoal para o perigo de se confiar em linhas telefônicas. Por exemplo, muita gente acredita fortemente que é necessário um mandado judicial para que nego saia fuçando nossas conversas telefônicas. Mas em alguns casos, você pode ter sua conversa espionada com a maior facilidade e sem papelada.
Segundo o Ray, nos EUA, as chamadas telefônicas internacionais são rotineiramente monitoradas por "computadores dicionários", que vasculham ininterruptamente os sons da linha em busca de padrões pré-definidos. Se em sua conversa você ou seu interlocutor pronunciarem mais que um certo número de palavras-chave, a chamada é passada a um humano para análise. Isso é procedimento de rotina, não é nada específico para uma pessoa, um certo número telefônico, nem para chamadas para este ou aquele país. Basta ser ligação internacional e é assim que funciona. Se isso se aplica ao Brasil? Creio que não.
Das chamadas feitas via celular, nem se fala. É a maior moleza interceptá-las, pois situam-se numa faixa de rádio-freqüência facilmente acessível. O Ray, um tanto exageradamente preocupado, acredita que todas as chamadas de celulares são acompanhadas lá na terra dele. Será o Benedito? Ele chega ao ponto de desconfiar até de chamadas via microondas ou via satélite. Tem Big Brother em todo canto, pelo jeito.
Os caras usam também técnicas de identificação de padrões de voz, expediente bem mais fácil do que sair detectando grupos de fonemas e formando palavras. Dessa forma, se o Big Boy tiver uma gravaçãozinha de sua voz, pode identificar em questão de segundos se você começar a tagarelar por via eletrônica, mesmo que seja via rádio.
E lá nos EUA a coisa se complica ainda mais, pois existe o serviço de Caller-ID, um sinalzinho silencioso que passa informações de "quem está chamando" entre o primeiro e o segundo toque do telefone, bem no início da chamada.
Portanto, não vá sair confiando na privacidade de suas conversas telefônicas pois, mesmo sem grampo nem araponga, existem jeitinhos e jeitões de fuxicar os seus papos.
E se estiver com o espírito cabreiro, pode sair correndo atrás do PGPfone, maravilha ainda em beta, rodando em Mac e em Windows 95/NT. Leia mais sobre ele em http://web.mit.edu/network/pgpfone/ e apanhe-o em http://www.ifi.uio.no/pgp/PGPfone.shtml (é shtml mesmo), já sabendo que o bicho tem quase um mega e que a conexão com a Noruega às vezes exige paciência.
Outra barbada, já rolada pelo cat há um tempão aqui mesmo, é o Nautilus. Dê um passeio em http://www.lila.com/nautilus/ e ponha as mãos no dito cujo, mirando seu browser (diga "bráuser") para ftp://sable.ox.ac.uk/pub/crypto/misc ou ftp://basement.replay.com/pub/replay/pub/voice.
É possível que você tenha nascido ontem e ainda não saiba o que é PGP. Nesse caso, leia o excelente documento que o holandês Galactus <[email protected]> preparou com tanto esmero, em http://www.pgp.net/pgpnet/pgp-faq/. E se inglês não é o seu forte, aprecie o magistral esforço do Henrique Holschuh<[email protected]>, que peitou a tradução da última versão do PGP internacional para o nosso idioma. Ele também traduziu prá nós a página internacional do PGP, deixando-a em http://www.dca.fee.unicamp.br/pgp/.
Olha, tá vendo só? Acabou o espaço, como sempre. Depois falamos mais do PGPfone. Paciência.
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