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GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 358 - Escrito em: 1998-06-30 -
Publicado em: 1998-07-06
Seja bem-vinda, Pâmela
ENCONTRARAM-SE VIA INTERNET E TROUXERAM AO MUNDO UMA LINDA FIGURINHA
Os canais de chat do IRC (Internet Relay Chat) são um ótimo lugar para perder a timidez, conhecer gente e adquirir rapidez no teclado e nas idéias. Muita paixão já teve origem nesses animados bate-papos que costumam entrar madrugada adentro. As pessoas se identificam através de "nicks", ou apelidos, o que garante um certo anonimato e favorece maior liberdade de expressão para os mais enrustidos. Nos canais #brasil e #barril da rede Dalnet, um desses seres, apelidado "faster", conheceu uma criatura cujo nick era "Maquena". O nome verdadeiro do faster é Paulo e o da Maquena é Denize. Eles se conheceram numa época muito difícil. Paulo hoje pode dizer sem erro que ela foi a pessoa certa que apareceu no momento exato. Ficaram amigos, aproximaram-se, envolveram-se e acabaram se apaixonando, daquele jeito tórrido que normalmente acontece nesses romances cibernéticos. Pouco depois, os fogos se acalmaram e eles fizeram a sublime descoberta de que, passada a paixão, algo sutil e mágico permanecia: o amor. Começaram a planejar um longo futuro juntos, com filhos, família e todas essas coisas. E no meio desse planejamento, veio a agradável notícia: um neném já estava a caminho. A notícia pegou o casal de susto e causou surpresa em todos que os conheciam. O casal passou por uma série de apertos, mas quando a criança chegou, curou todos os arranhões.
Pâmela Prado Asseff Martins nasceu no dia 14 de maio de 1998, num parto filmado pelo orgulhoso papai. Até onde sabemos, é a primeira criança brasileira fruto de um amor que começou via Internet. Conheça a Pâmela no site que o papai e a mamãe prepararam para ela <www.sodre.net/~artsom/pamela_intro.htm>. Particularmente eu nunca vi uma vidinha de neném tão bem documentada na Web. Estão de parabéns.
Quem diria que algo assim iria acontecer: computadores espalhados por quase todo o planeta, pequeninos como um caderno de anotações. Maquinetas interligadas por uma rede mundial que a cada dia se torna mais e mais democrática e que promove até encontros amorosos. Houve tempos em que muito figurão declarava publicamente que esta revolução tecnológica seria algo impossível. Em 1943, Thomas Watson, presidente da IBM, não acreditava nessa explosão quando disse: "Penso que existe mercado mundial para talvez cinco computadores". Em 1949, a revista Popular Mechanics, famosa até hoje, publicava que "os computadores no futuro pesarão pouco mais de uma tonelada e meia". Bem, os grandes mainframes pesam esse tanto, mas lembre-se dos palmtops. No ano de 1957, o editor responsável pela publicação de livros de negócios da editora Prentice Hall garganteou: "Tenho viajado por todo esse país [EUA], conversado com as melhores pessoas e posso lhes assegurar que essa coisa de processamento de dados é uma moda que não dura mais do que um ano". Quando foi apresentado pela primeira vez ao microchip, em 1968, um engenheiro da divisão de sistemas avançados de computação da IBM indagou, descrente: "Mas, prá quê vai servir isso?". Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corporation, declarou em 1977 que não haveria razão por que uma pessoa desejaria possuir um computador em sua casa.
No entanto, isso não aconteceu somente com os computadores. Num memorando interno de 1876, a Western Union, podia-se ler: "O tal 'telefone' tem falhas e problemas demais para ser seriamente considerado um meio de comunicação. O dispositivo não tem nenhum valor real para nenhum de nós". Quando foi aconselhado a investir em rádio em 1920, David Sarnoff disse: "Esta caixa de música sem fio não tem qualquer valor comercial imaginável. Quem pagaria para ouvir mensagens que não fossem enviadas a alguém em particular? " Ainda sobre o rádio, H.M. Warner, um dos Warner Brothers, perguntou em 1927: "Quem irá querer ouvir atores falando?"
Muitos desses desacertos foram mais tarde contraditos por seus próprios autores. Basta que nos lembremos do que disse Bill Gates em 1981: "640 kb de memória deverão ser suficientes para todo mundo".
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