O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 434 - Escrito em: 1999-12-13 - Publicado em: 1999-12-20


Informática na terceira idade


Como o computador pode dar novo impulso à vida de um idoso

Minha avó Tetéia tem 77 anos e mora lá no Rio Grande do Sul. Desde que o vovô faleceu, em 1975, venho tentando feito louco dar um agito na vida dela com algumas pitadas de tecnologia, mas não tenho conseguido grandes sucessos. Já quase a convenci a instalar uma parabólica para ampliar seu universo televisivo e acho que pelo menos isso deve rolar. Mas meu desafio maior é mandar instalar um micro na casinha dela, pendurado à Internet, e fazer a Tetéia catar milho para enviar email para o resto da família e depois até preparar sua própria página na Web.

A leitora nem imagina o que venho gastando de latim para cantá-la a entrar no mundo digital. Entretanto, para minha sorte, conto agora com um aliado de peso, meu amigo Gilson Nascimento. Em agosto passado, conheci este simpático senhor de 78 anos de idade no programa ’’Sem Censura’’, da TV Educativa. Ele estava sendo entrevistado pelo lançamento do livro "Informática na Terceira Idade", um guia bem-humorado para quem quer aprender informática depois dos 60 anos. À medida que o Seu Gilson ia contando sua história com desembaraço e segurança diante das câmeras ao vivo, eu ia ficando mais impressionado com a coragem daquele camarada. Sabemos muito bem a dificuldade que é aprender a mexer num computador a partir do zero. E, se a máquina assusta e intimida o novato, muito mais misteriosa e terrível ainda ela o é para o idoso que desconhece seus segredos. No entanto, todos esses obstáculos o Seu Gilson foi tirando de letra, com coragem e persistência. Começou a pilotar seu primeiro computador aos 76 anos. No final das contas, venceu as batalhas e ainda se dispôs a compartilhar suas vivências com seus semelhantes. O resultado foi um livro gostoso de ler, agradável e fininho, em que o autor conta a história de como trocou a máquina de escrever pelo computador. Sem abusar de termos técnicos complicados, ele conta casos e dá dicas interessantes e desconhecidas pela maior parte do público de terceira idade. Já sei de muito coroa que, depois de ler o livro, tomou coragem e caiu de cabeça nos bits e bytes. E com isso a vida do idoso muda radicalmente: ele descobre novos amigos, amplia imensamente seus horizontes e reencontra um certo gosto de viver, fazendo planos, promovendo encontros e trocando experiências que, a esta altura da vida, são muitas e ricas.

O escritor contou com a ajuda de seu professor Robson Jorge <[email protected]>, cujo incentivo foi valiosíssimo para que escrevesse esse livro que fala sobre o lado humano da informática, visando a aproximar as pessoas do computador, sem traumas. É um primor de simplicidade, pois ensina tudo bem do início, desde a explicação do que é um disquete. Em capítulos curtos, ele fala sobre editores de texto, email, janelas, tabelas, gráficos, joguinhos, arquivos, memória, discos rígidos e mouse. Ao longo do texto, o Seu Gilson vai dando toques sobre os termos informatas essenciais em inglês. Trata também do bug do milênio, da importância dos backups, da limpeza de arquivos, fala sobre CD-ROM e dá ainda dicas sobre a Internet.

A leitora certamente conhece bastante gente que se encaixa no perfil dos leitores do Seu Gilson, portanto aproveite esses tempos de Natal e compre para esse pessoal um presente utilíssimo que, quem sabe?, poderá trazer novas cores para a vida dessa turma. O livro, cujo preço é R$ 12, pode ser adquirido diretamente com o autor via email <[email protected]> ou pelo telefone (21) 255-2981. O Seu Gilson está pensando seriamente em reeditar o livro, portanto anda de olho em alguma editora que se interesse. O site do livro é <http://home.openlink.com.br/gnasc/>. Já estou aqui com o meu exemplar autografado e com mais um outro, que vou mandar para a Tetéia imediatamente.


Com a aproximação da virada do ano 2000, que erradamente está se chamando de Virada do Milênio, o frisson mundial envolvendo o (também equivocadamente alcunhado) Bug do Milênio pode em parte ter lá sua razão. Quantas vezes a leitora abriu anexos executáveis a mensagens de email nos últimos tempos?

Provavelmente várias vezes, não é? Pois bem, existe uma alta possibilidade de que em nossas máquinas existam vírus à espreita, apenas esperando os primeiros minutos do dia 1º de janeiro de 2000. Contra eles, obviamente, ainda não há defesa, visto que não se pode produzir vacina contra algo que ainda não se conhece. As empresas antivírus estão com equipes montadas que ficarão de prontidão, pois esperam uma avalanche de novas infecções. A julgar pela agilidade dessas empresas, é quase certo que em questão de meia hora já terão vacina disponível para qualquer vírus que apareça, mas nas máquinas das vítimas já terá sido tarde demais. Portanto, faça um favor a si mesma, leitora querida. Você tem 12 dias para arranjar tempo para fazer um backup caprichado dos arquivos de trabalho em sua máquina. Nada de salvar software, nem sistema operacional, nem aplicativos.

Copie seus documentos, seus projetos, suas fotos, suas páginas Web, seus bookmarks, seus dicionários particulares, seus arquivos de agenda e suas listas de endereço. Em suma, faça um bom backup do que lhe é mais precioso. Assim, se algum vírus desconhecido se manifestar na sua máquina, pelo menos os seus tesouros estarão salvos.


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