O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 437 - Escrito em: 2000-01-05 - Publicado em: 2000-01-10


O futuro já chegou


Embora sem avanços bombásticos neste ano 2000, 
até que estamos num bom rumo

Houve uma certa decepção com o tão propalado Bug do Milênio. Pensavam que a coisa ia ficar preta, mas no fim das contas nada de muito sério aconteceu. Se não houve um colapso generalizado nos sistemas de computadores, isso se deu graças à grana altíssima que foi investida mundialmente na conversão de programas, arquivos e interfaces. Há quem afirme que se gastou dinheiro à toa, mas a essa altura do campeonato, é impossível provar. E nem faz mesmo sentido que o gasto tenha sido em vão.

Todavia, o grande fiasco mesmo ficou por conta da chegada do próprio ano 2000. Não me refiro aos magníficos fogos de artifício em Copacabana, cuja queima assisti muito bem acompanhado, nadando naquele marzão frio e agitado a 200 metros da orla. Refiro-me, sim, às previsões dos futurólogos. Desde pequeno via, lia e ouvia prognósticos incríveis de que em 2000 o mundo seria totalmente automatizado, cibernético e asséptico. Depois de assistir aos filmes "Metropolis" e "2001 Uma Odisséia no Espaço", essa impressão ficou ainda mais forte. Porém agora, em janeiro de 2000, sentado aqui no escritório, olho em volta e vejo simplesmente o presente firme e forte. Não houve mudanças radicais na humanidade, nem no vestuário, nem nos transportes. É claro, no mundo tecnológico a coisa esquentou bastante.

Fato é que, há alguns meses, quando já andava meio encucado com essa questão, tive a sorte de receber da Cristina De Luca <[email protected]> uma encomenda e tanto. Ela queria montar um site que abrangesse os diversos futuros previstos para 2000 e me incumbiu da missão. Foi assim que nasceu "O Futuro Já Chegou", uma sub-árvore do Globo On que entrou no ar no primeiro dia do ano. Para acessar, basta entrar na página principal do jornal e clicar no ícone apropriado. Se quiser ir direto, aponte seu browser para <www.oglobo.com.br/futuro/intro.htm>.

Não é um site para se visitar com pressa, nem de uma vez só. Conheça um pouquinho hoje, depois mais um tanto amanhã e continue na semana que vem. São oferecidos diversos trampolins para o resto da Web, com links adicionais para a maioria dos assuntos tratados. Conheça as previsões que fracassaram, as que deram certo e as que ainda podem se realizar. Saiba também o que estão prevendo hoje para o futuro remoto e conheça um monte de curiosidades a respeito da "arte" de predizer o futuro. Segundo a Cris, o site permanecerá no ar durante o ano inteiro e, já que é assim, faço uma proposta pra você. Se, depois de visitar todos os meandros do site, você se lembrar de algo que possa enriquecer o conteúdo, não se acanhe, contribua. Basta enviar email para <[email protected]> com subject "futuro", contendo um pequeno texto de sua autoria, uma ou duas fotografias em JPG ilustrando seu ponto e alguns Web links que explorem mais a fundo o tema. O importante é que você não envie coisa que já esteja no site. Cada contribuição original será avaliada e, caso aprovada, figurará na Web page com os devidos créditos. E, caso você não queira contribuir, mas apenas comentar, sugerir ou criticar, sinta-se inteiramente à vontade.

Agradeço à Cristina pelo desafio, foi um trabalho muito estimulante. É uma delícia sair de facão em punho pela floresta da World Wide Web, caçando informações, fotografias e URLs. Mas essa experiência de busca pesada acabou revelando um mundo digital totalmente caótico e sem critérios. É impressionante a quantidade de lixo que se encontra na Internet. Achar algo que preste no meio desse universo de ruído dá um trabalho da peste, mas sem dúvida, graças à Web, temos ao nosso alcance hoje uma riqueza inimaginável de informações. Nesse ponto, as previsões acertaram. Em 1967, o descobridor do plutônio e Prêmio Nobel de Química, Glenn Seaborg, imaginava um mundo em que "pequenos consoles informáticos pessoais estariam conectados via uma ampla rede de centrais informáticas". Segundo ele, esses consoles "forneceriam uma ajuda no orçamento familiar, no cálculo dos impostos, no trabalho escolar, no planejamento das compras, nas transações bancárias e no crédito, na biblioteca e nas fontes de referência, nas compras e nas encomendas por correio". Ou seja, o cara estava simplesmente prevendo o advento da informática, da Internet e do comércio eletrônico. Outro cobra na futurologia é o famoso escritor e cientista Arthaiur C. Clarke, que previu o "desenvolvimento de uma grande biblioteca global".

E assim prosseguiu a garimpagem para montar o site, que às vezes começava ao pôr-do-sol e, quando eu ia ver, já tinha virado a noite toda navegando. Na ilusão de que seria fácil organizar todo o material coletado ao final da pescaria, descobri na última semana de 1999 que a quantidade de informação que havia obtido era muito maior do que a prevista. O resultado, obviamente, foi uma virada final extenuante que só acabou às 3 da tarde do último dia do ano. Mas valeu e "se" valeu! E à equipe que lutou brava comigo nessa briga e que aparece na letra "C" de créditos, o meu muito obrigado.


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