O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 458 - Escrito em: 2000-06-06 - Publicado em: 2000-06-12


Mundo subterrâneo


Formatos de arquivos e guarda-chuvas perdidos

Gostaria de sugerir uma coisinha a quem gosta de mandar email para um monte de gente. Como se sabe, correio eletrônico é uma deliciosa arte. Se o cabra bobear acaba passando o dia inteiro lendo e respondendo mensagens e, à medida que vai se empolgando, a carga de email diário vai se multiplicando até que a mania assume proporções intoleráveis, transformando-se em vício, em alguns casos. No entanto, isso de controlar e disciplinar o uso do email é problema de cada um. Minha sugestão tem a ver, isso sim, com o formato de alguns arquivos atachados.

Não adianta tapar o sol com a peneira: sabemos perfeitamente bem que a maioria da galera usa mesmo os trecos da Microsoft. Esperneie quem quiser. O software tem uns bugs, às vezes trava, mas é o que todo mundo tem, não dá pra negar. Todavia, não podemos nos esquecer que tem gente fora dessa panela. No que tange ao processador de textos Word, seus usuários também constituem maioria esmagadora. Só que muitos se esquecem do problema das diferentes versões do software. A turma do tio Bill, sabe-se lá porque, insiste em fazer com que os documentos Word, com a tradicional extensão DOC, não sejam compatíveis de uma versão para a próxima. Trocando em miúdos, um doc Word de uma versão X não é aberto por um usuário de Word versão X-1.

Uma outra questão cruel é a do espaço em disco. Um colega meu que colecionava versões antigas de tudo quanto é software, certa feita teve o saco de pegar cada versão do Word e nela salvar um documento totalmente vazio. Pena que perdi a tabelinha que ele preparou. Mas era um absurdo, coisa de deixar qualquer um irado. A cada nova versão do Word, um documento vaziaço ia ficando cada vez maior. O argumento da turma microsoftiana é que, no arquivo DOC vazio são incorporadas uma série de facilidades inerentes à versão. Quanto mais recente a versão, mais badulaques existem lá dentro. E aí quem se ferra somos nós.

E daí, qual a solução?

Pois bem, fico besta de ver quanta gente boa desconhece a existência de um padrão para salvamento de arquivos oferecido pela própria Microsoft. Refiro-me à extensão RTF, ou Rich Text Format, que significa "Formato de Texto Rico". Apesar do nome brega, o formato RTF é uma ótima sacada. Seja qual for a versão que o cara estiver usando, se salvar o documento em RTF, o arquivo vai ser perfeitamente entendido por qualquer outra versão de Word, anterior ou mais moderna. E mais, um RTF é sempre menor que um DOC. É claro que, se a criatura usa as filigranas mais avançadas do Word, algumas perfurmarias de formatação se perdem quando se salva em RTF. Mas, cá entre nós, quem é que usa o Word com todas as suas possibilidades? Eu, pelo menos, só uso mesmo aquelas coisinhas furrecas de sempre, sem grandes elaborações. Para gente como eu, o RTF salva bonitinho sem perder nadica de nada.

E se você ainda estiver titubeando, aqui vai o argumento fatal. Um arquivo RTF não transmite virus, ao contrário do DOC, com suas infames macros. Portanto, dê uma experimentada. Salve tudo em RTF no Word. E na hora do email, não atache mais DOCs, troque por RTFs. Você pode até assustar seu destinatário por alguns instantes, mas assim que você der uma pequena explicaçãozinha, botando até banca de sabe-tudo, você conquistará a admiração e a simpatia de todos. Vá até o seu Word, em "Ferramentas/Opções/Salvar" e informe que, doravante, deseja salvar seus documentos sempre como RTF e zé-finí.

Bem, nem ousaria ir adiante, convencendo a leitora a usar apenas texto-puro em suas mensagens, que é o que costumo fazer. Mas se já a tiver convencido a usar RTF, considero uma vitória e tanto. Sobre essa discussão toda, só me resta recomendar para a negada um site britânico meio velhinho, mas que apresenta uma ótima argumentação a favor do RTF. Fica na Universidade de Exeter, na Inglaterra: <http://www.ex.ac.uk/its/USE/E/MAIL/8/sr7037.htm>.


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