O GLOBO -
Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 464 - Escrito em: 2000-07-20 -
Publicado em: 2000-07-24
Celulares e suas torres
Estudos revelam perigos ocultos das radiações eletromagnéticas
Certa vez, um técnico da Marinha americana estava a consertar uma antena de radar e, desavisado, seu colega na ponte de comando ligou o aparelho. O marujo lá em cima na torre caiu morto em poucos segundos. Suas entranhas estavam torradas por dentro. Um cientista naval aproveitou o infortúnio do pobre rapaz e deu início aos estudos que levaram à invenção do forno de microondas. Quando se esquenta uma fatia de pizza num forninho desses, é a emissão eletromagnética que agita as moléculas da massa e do queijo. O aparelho, portanto, é projetado para não deixar que vazem microondas para fora do forno, o que prejudicaria a saúde.
Mudemos agora para a telefonia móvel. Antes de uma chamada chegar ao seu celular, ela passa por pelo menos uma estação rádio-base, que são aquelas antenas que ficam espalhadas pela cidade, torres e mastros metálicos ou de concreto que servem como repetidoras de sinal. Os órgãos reguladores de cada país estipulam normas de segurança de modo que o campo eletromagnético gerado pelos celulares e pelas torres não possam afetar a saúde da população. Como as freqüências envolvidas estão na faixa das microondas, o temor é que o usuário de celular possa ter os miolos torrados, tal como ocorreu com o mártir marinheiro.
Infelizmente, muitos outros efeitos nocivos não-térmicos podem advir do uso do celular e da proximidade de estações rádio-base. A divulgação dessas pesquisas, no entanto, obviamente contraria os interesses bilionários da indústria eletrônica, especialmente agora com a explosão do WAP e do advento da telefonia celular 3G (terceira geração). Conflito de interesses muito semelhante ocorreu há mais de trinta anos, quando não foram divulgados os malefícios que o fumo causa à saúde, fenômeno já então sobejamente conhecido pelos pesquisadores das grandes empresas, mas criminosamente mantido em segredo tanto quanto se pôde. No caso da indústria do tabaco, só agora as companhias, nos EUA, estão sendo obrigadas a pagar multas astronômicas às vítimas do cigarro.
No caso dos celulares, de modo a evitar que muitas vidas sejam ceifadas antes que a verdade venha a público, alguns heróis empenham-se na divulgação dos perigos da poluição eletromagnética a que todos estamos sujeitos. Roy L. Beavers <[email protected]> é um desses lutadores, um simpático coroa de 70 anos, nascido no Missouri, EUA. Ele lançou em 1995 na internet uma lista sobre EMF (ElectroMagnetic Fields - Campos Eletromagnéticos) e acabou se tornando conhecido como o "emfguru". Basta entrar no site dele, em <www.emfguru.com>, e ler a biografia do homem para você se impressionar. Mas o bom mesmo no site são os excelentes relatórios e comentários sobre o perigo das emissões. Existe uma mobilização razoável nos EUA, na Europa e na Ásia no sentido de alertar a população sobre esta ameaça. Os órgãos responsáveis, no exterior, aos poucos vão se apercebendo desses riscos e vêm tomando as medidas cabíveis no sentido de regulamentar o projeto de telefones móveis e proibir a construção das torres em locais urbanos perigosos. Entretanto, aqui no Brasil, como já era de se esperar, quase nenhum barulho se faz a respeito. Os celulares, que já foram símbolo de status, hoje estão na mão de qualquer um. As estações rádio-base são construídas quase a esmo e a população afetada não reclama por pura ignorância.
O ideal seria que todos os textos do site do emfguru fossem traduzidos para o português, de modo que pudéssemos oferecê-los via web, alertando nossos irmãos sobre a poluição EMF. O primeiro passo seria traduzir o recente e bombástico memorando do Dr. Gerard J. Hyland sobre os potenciais impactos da telefonia móvel nocivos à saúde. Este cientista, do departamento de Física da Universidade de Warwick (Grã-Bretanha) e do Instituto Internacional de Biofísica em Neuss-Holzheim (Alemanha), escreveu um relatório de 23 páginas, muito bem documentado, que resume suas pesquisas independentes nesta área. Vide <www.emfguru.com/EMF/hyland/hyland.htm>.
As explicações do Dr. Hyland são bem fundamentadas e os efeitos que ele aponta chegam a ser assustadores: dificuldades no sono, perda de memória, dores de cabeça, síndrome de fadiga crônica, debilitação do sistema imune, agravamento de quadros de epilepsia e até leucemia e câncer. As emissões em questão são ainda mais perigosas pois situam-se na faixa das freqüências usadas pelos nossos próprios processos neurológicos naturais. Ou seja, o controle e a organização de grande parte dos fenômenos eletromagnéticos que ocorrem em nosso organismo vivo podem ser abalados pela interferência externa das emissões de celulares e das antenas urbanas. Uma vez que as pesquisas nesse âmbito são financiadas pelas empresas que fabricam os equipamentos de telefonia móvel, nem preciso dizer que é um jogo de cartas marcadas. Portanto, se a leitora quiser preservar a si mesma e aos seus pequenos, evite falar muito ao celular. Isso é mais grave ainda para as crianças. O crânio pequeno de uma criança pode estar mais vulnerável por ser de um tamanho comparável ao comprimento de onda da perigosa emissão, gerando efeito de ressonância. Da mesma forma, não passe muito tempo perto dessas estações rádio-base. Tudo isso está explicadinho no memorando. Aliás, quem quiser colaborar traduzindo o relatório Hyland ou parte dele, por favor envie-me email com subject/assunto "EMF tradução". Se aparecerem vários voluntários fica mais fácil, pois cada um pega um trecho menor do texto. Depois de pronta a tradução, ela vai ficar disponível gratuitamente na web, com os devidos créditos à equipe que terá botado a mão na massa. Vamos lá, participe!
[2001-02-17] A tradução do texto do Dr. Hyland já está pronta e se encontra em www.yahoogroups.com/files/emfbr . O trabalho foi feito em mutirão e criou-se uma lista gratuita e aberta de discussões para o tema, cuja assinatura se dá com o envio de email em branco para [email protected]
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