O GLOBO -
Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 471 - Escrito em: 2000-11-02 -
Publicado em: 2000-11-06
Fraudes digitais
Como evitar armadilhas ao comprar via internet
Nem só gente boa está boiando no mar da internet. A canalha, como não poderia deixar de ser, também se plugou em peso. Sobejam exemplos de arapucas online, muitas delas ardilosamente preparadas.
Segundo levantamento feito pela Comissão Federal de Comércio dos EUA <www.ftc.org>, uma das mais comuns armadilhas da internet são os leilões online, responsáveis por 45% das reclamações. Este valioso demorou um ano para ficar pronto e envolveu cinco agências governamentais americanas, organizações de proteção ao consumidor em nove países, além de 25 governos estaduais dos EUA. Foram movidas 251 ações legais os fraudadores. Os 10 golpes mais comuns foram selecionados a partir do Consumer Sentinel <www.ftc.gov/os/2000/07/ftcacccsentinel.htm>, um banco de dados contendo mais de 280 mil reclamações de consumidores.
Nos leilões virtuais, por exemplo, a vítima é atraída pela possibilidade fazer compras num mercado virtual que oferece uma vasta seleção de produtos a preços tentadores. Uma vez enviada a grana, muitos consumidores reclamam terem recebido uma mercadoria de valor muito inferior ao prometido. Em vários casos, nem chegam a receber coisa nenhuma. Quando negociando em leilões na internet, a dica é procurar saber mais sobre o vendedor do artigo e insistir no pagamento via cartão de crédito, ou então através de um serviço ou site de intermediação. Paga-se uma merreca para o intermediário, mas diminui o risco de você entrar numa roubada.
Com relação ao cartão de crédito, mesmo sendo ele uma saída mais segura para os tarados por compra via leilão, você pode dançar redondo se não tomar certos cuidados. Muitas armadilhas estão espalhadas pelos sites buscando apenas um otário que libere seu número do cartão. Caso típico é o dos adeptos da alta sacanagem, que passam noites inteiras pulando entre sites pornô. No embalo da luxúria, alguns caem feito patinhos nas ofertas de ver imagens quentes de graça, bastando apenas provar que é maior de idade e fornecer o número de seu cartão. Acredite, leitora: tem gente suficientemente tapada para cair nessa. Muita gente. Como sabemos, só se deve informar dados de cartão de crédito para empresas de confiança, de renome. E, feito isso, deve-se ficar alerta na hora de receber o extrato. Se notar alguma despesa estranha, suba logo nas tamancas e entre imediatamente em contato com a operadora do cartão.
Um outro perigo são as ofertas de dialers (discadores) e viewers (visualizadores). São programetos gratuitos que, supostamente, facilitariam sua vida, discando para certos números especiais de maneira miraculosamente mais rápida. Em geral, dialers e viewers são fornecidos por sites especializados em material pornô -- ah, como é fraca a carne! Quem teve o azar de instalar um desses softwares mutretados acabou tendo que pagar contas telefônicas exorbitantes ao fim do mês. O que ocorre é que, muitas vezes, esses programas desligam sua conexão e rediscam para um outro número, geralmente no estrangeiro, fazendo com que você se sujeite aos altos custos duma ligação internacional. Embevecido pelas ardentes imagens que passa a receber na tela, o usuário nem se toca de que foi feita uma nova conexão e acaba se estrepando. Para evitar encrencas desse tipo, convém ler atentamente o manual e as ressalvas que acompanham a maioria dos dialers e viewers. É comum que esses custos elevados sejam mencionados na documentação, mas na pressa e no furor, o sujeito não quer nem saber de leiturinhas maçantes.
Várias outras arapucas foram apontadas pelo FTC: falsos web-designers que prometem construir uma homepage para você a preço de banana e fogem com a grana; esquemas de marketing multi-nível e pirâmides; oportunidades de negócio com trabalho em casa; esquemas de investimentos fabulosos e enriquecimento instantâneo; fraudes de turismo, férias, saúde e muitas outras. Conheça detalhes em <www.ftc.gov/bcp/conline/pubs/online/dotcons.htm>
Apenas para se ter uma idéia do tipo de reclamação que chega aos ouvidos do FTC, browseie o endereço <www.ftc.gov/os/2000/10/> e conheça os atos da comissão em outubro de 2000. Essas fraudes high-tech ainda são mais comuns lá nos EUA, mas já se vê alguns cretinos nacionais fazendo seus primeiros ensaios aqui na terrinha. Portanto, abra o olho e lembre-se que a internet é uma selva. Mais cedo ou mais tarde, qualquer um de nós vai cair numa dessas armadilhas, é quase certo. Se acontecer com você, saiba que qualquer usuário da internet pode encaminhar uma reclamação ao FTC, bastando para isto que seja capaz de explicar sua situação em inglês. O formulário encontra-se em <https://www.ftc.gov/ftc/complaint.htm>. Atenção para o "https", indicando conexão segura. E se a leitora quiser chorar de tristeza, ao ver o quão longe ainda estamos de uma verdadeira rede de proteção ao consumidor, basta visitar <www.crimes-of-persuasion.com/Laws/operations.htm>.
Com a proximidade do Natal, se você for comprar via rede, saiba com quem está lidando. Verifique a localização e a reputação da empresa por trás do site. Proteja sua privacidade, só fornecendo informações pessoais se você tiver certeza de quem está do outro lado da "linha" e se souber direito como seus dados serão usados. Não use para fazer compras as mesmas senhas que utiliza para ter acesso ao seu provedor. Na hora da grana, procure pagar contra-entrega, ou então use o cartão de crédito, pois é a segunda menos arriscada opção. E quando for passar seus dados, dê preferência a um servidor seguro, aquele que faz surgir uma pequena chave ou cadeado na linha de status do seu browser, evidenciando que a transmissão é protegida. Fique esperta também com taxas adicionais e frete. E, para não ficar desprotegida, imprima as páginas web que tenham os detalhes da transação, incluindo contrato e instruções para eventual devolução da mercadoria.
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