O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 477 - Escrito em: 2000-12-13 - Publicado em: 2000-12-18


Macacos escritores


Um experimento coletivo de autoria caótica na Web

Alguém escreveu que, se deixássemos um macaco imortal diante dum teclado ou máquina de escrever e ele ficasse tamborilando aleatoriamente nas teclas durante milhões e milhões de anos, um dia acabaria por produzir um texto magistral, por pura sorte. Quando se criou a World Wide Web, os teóricos nela identificaram a concretização de um sonho antigo: a criação de uma consciência planetária distribuída. Diversos experimentos foram conduzidos como obras de criação dinâmica e coletiva, muitos deles usando hipertexto, cadeias de arquivos, conjuntos de imagens, associações de bancos de dados e até texto ASCII puro. Uma das mais simples, interessantes e divertidas iniciativas nesse sentido foi tomada pelo escritor Jorge Moreira Nunes <[email protected]>. Há dois anos e meio residindo na Flórida, EUA, Jorge é autor do livro "Macacos e Outros Fragmentos ao Acaso", que ganhou o prêmio para novos escritores da Biblioteca Nacional em 1999. É também dono do AcheiUsa, um jornal para brasileiros residindo naquele pedaço. No final de seu livro, Jorge levanta um tema (leia o livro!) e implementa a idéia de uma obra textual que vai evoluindo geometricamente em tempo real. A corrente de texto online se chama "Macacos" e o site é <www.geocities.com/vienna/choir/3006>. Trata-se de uma espécie de encadeamento de palavras e frases que vão se unindo através de uma associação totalmente livre de idéias. Acesse a página e saia lendo essa estranha tempestade cerebral. Você vai sentir sua mente dando derrapadas semânticas e culturais, sua memória vai ser chacoalhada e sua consciência vai sentir cócegas com as guinadas de ritmo e sentido que o fluxo de palavras vai tomando. As citações que brotam da leitura podem cutucar suas lembranças e até evocar sentimentos. Pelo fato de pessoas diferentes terem contribuído, dá para sentir os toques e as tônicas das diversas experiências de vida e dos variados temperos de humor e criatividade.

Ao final do texto de Macacos, Jorge abre um pequeno formulário onde o visitante pode (e deve!) contribuir com o próximo tijolo da construção. As novas palavras não são adicionadas imediatamente, pois é preciso que o próprio coordenador as filtre e faça as devidas correções e adaptações nos casos em que, por exemplo, dois visitantes diferentes sugerem continuações distintas para um mesmo final.

O resultado é um texto impessoal e aberto que, ao ser lido, dá a impressão de que o "autor" é dono de uma cultura vastíssima, de uma bagagem de vida super rica, de uma criatividade quase sem limites e de uma brutal capacidade de associação. No momento, Macacos tem cerca de 9800 palavras e não pára de crescer. Obviamente não é uma construção literária que faça sentido ou que tenha uma finalidade específica. É, isso sim, uma brilhante brincadeira que tende a aumentar cada vez mais. Visite Macacos, leia as instruções, contribua com suas associações de idéias e incentive seus amigos a participarem também.


Se você não tem problemas com inglês e se interessa por informática e Web, visite <www.1001tutorials.com> para obter tutoriais gratuitos sobre programação, abordando assuntos como: Windows 95/98/NT/2000, ASP, C, C++, CGI, DHTML, HTML, Java, Javascript, Pascal, Perl, PHP, SQL, Verilog, VHDL, Visual Basic, Visual C++ e XML. Em breve, Stephen, o webmaster, estará oferecendo também um polpudo tutorial de Linux.


A indicação que se segue não é de um site particularmente rico em conteúdo, nem maravilhosamente bem construído, nem sequer levemente brilhante. Mas que é bem criativo, disso não há dúvida: <www.nakednews.com>. Se a leitora estiver online e equipada para receber streaming de áudio e vídeo (RealPlayer ou Windows Media Player) e optar por se manter de olhos fechados, irá ouvir quatro repórteres canadenses apresentando em inglês, durante 10 minutos, manchetes internacionais, esportes, previsão do tempo e entretenimento. Se, no entanto, resolver abrir os olhos... bem, talvez a experiência seja mais interessante para a rapaziada.


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