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Carlos Alberto Teixeira - C@T

GOOGLE COMPROU DEJA

Artigo: 486

Afamada máquina de busca engoliu gigantesco acervo da Usenet

Publicado em:  2001-02-19
Escrito em:  2001-02-13

 

Já admirou um céu estrelado e imaginou que a qualquer momento poderia presenciar o apagamento de uma estrela? Nunca presenciei tal fato cósmico, mas na segunda passada, dia 12, exatamente às 14h20, vi uma estrela se apagando na web. Estava pesquisando mensagens Usenet antigas no estupendo repositório do Deja.com <www.deja.com> quando, inesperadamente, todos os clicks dentro do site passaram a dar 404 (Not Found - Não Encontrado). Alguns minutos depois, os mesmos clicks passaram a apontar para uma página novinha em folha informando que o Google, afamada e poderosíssima máquina de busca, havia comprado o Deja.com e absorvido todo o acervo de 500 milhões de mensagens de newsgroups Usenet, num total de 1 Terabyte de conversas humanas remontando a 1995.

Como não tinha outra saída, continuei pesquisando na nova interface e fiquei profundamente desapontado com a flagrante decadência do serviço. Contudo, segundo os responsáveis, o sistema só ficará assim capenga numa fase inicial de conversão. O repositório histórico do Deja está sendo reformatado pela turma do Google e eles prometem que, quando concluído o trabalho, será possível acessar mais informações do que antes. Por enquanto, o novo site <http://groups.google.com> ainda não oferece visualização avançada nem postagem de artigos. Antigos usuários registrados do Deja.com continuam podendo utilizar suas contas My-Deja de email, mas novos usuários não serão cadastrados.

Como sabemos, antes da web, dos browsers e mesmo antes do email ser conhecido da grande massa plugada, a turma se comunicava online através de mensagens em Bulletin Board Systems (BBS). Em 1979, Steve Bellovin, Jim Ellis, Tom Truscott e Steve Daniel, da Duke University, aplicaram este conceito em redes mais abrangentes e bolaram uma forma de divulgar postagens em grupos de discussão chamados newsgroups. Estes grupos foram crescendo barbaramente em número e o intercâmbio mundial dessas mensagens originou a Usenet, um BBS planetário apoiado na internet. Hoje em dia, existe um newsgroup para quase qualquer tópico de conversa concebível.

Se seguir os passos da já consagrada máquina de busca Google, o módulo de busca da Usenet tem tudo para vingar, depois dessa etapa de transição. A pesquisa Google na web é um sucesso estrondoso, atendendo 70 milhões de buscas por dia, metade delas acionadas na página principal da companhia, em <www.google.com>. A empresa oferece produtos especiais de busca e atualmente licencia sua tecnologia de pesquisa a mais de 120 companhias em 30 países.


Recebi informe sobre um certo site <http://Carlos.Alberto.Teixeira.isgay.com> e fui visitá-lo. Em tempo, "isgay" vem de "is gay", que significa "é gay". Traduzo em seguida o título da página em inglês que lá encontrei: "Vizinhança chocada pelo fato de Carlos Alberto Teixeira ser acusado de exibir flagrante homossexualidade..." O texto logo abaixo do título entra em detalhes impublicáveis sobre as peripécias do tal cidadão na cidade de Nova York. Logo de cara, pus-me a pensar se esse tal homônimo meu teria se zangado por ter sua opção sexual exposta assim abertamente na Web. Mas ao rodapé da página, veio a explicação, que me causou sonora gargalhada: a página nada mais é do que um script, conforme se vê em <http://info.isgay.com>. Idéia criativa e bem bolada, perfeita para implicar com a rapaziada, o script da página substitui qualquer coisa que venha antes de "isgay.com" no URL e exibe um texto em que está inserido o nome informado. Por exemplo, <http://Hercules.Stallone.isgay.com> vai dar no mesmo texto básico, sendo que o nome Hercules Stallone estará inserido no corpo da página. Portanto, basta preceder o "isgay.com" com nomes separados por pontos e lá está. Enviei este achado para uma lista de amigos e foi uma sacaneada geral.

No entanto, o criador teve muita dor de cabeça com um internauta americano bastante burro que ameaçou abrir processo judicial contra o webmaster, caso seu nome não fosse "retirado do cadastro do site" [sic]. O tal energúmeno não entendeu que a página web é gerada dinamicamente a partir da URL informada e acreditava piamente que existia mesmo um site registrado com o nome <http://gringo.tapado.isgay.com>, supondo ser Gringo Tapado o nome do otário. Depois de muito bate-boca via email, com ameaças judiciais cada vez mais assustadoras feitas pelo papalvo, o indivíduo finalmente se absteve de dar prosseguimento ao embate legal, retirando sua exigência inicial de que o site fosse fechado.

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