O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira - C@T

Limpando Spyware

Artigo: 498

Graciosos utilitários e seus presentes de grego

Publicado em:  2001-05-14
Escrito em:  2001-05-07

 

A coluna de 23 de abril passado, tratando, entre outras coisas, de Audiogalaxy e Sand, gerou uma chuva de emails que merecem resposta. Em primeiro lugar, é preciso dizer que não sou a favor da cópia descarada de material sonoro copyrightado através dessas ferramentas do tipo Napster. O correto mesmo é comprar a obra na loja. Mas há casos em que é difícil ou quase impossível encontrar certas peças. Onde encontrar a marchinha folk "Old King Cole"? E a Minnie Riperton cantando "Loving You"? E certos tangos nas versões de Enzo Firpo? E as canções tribais das mulheres Zulu? E o C.W.McCall cantando Classified? E as faixas lado B da Clara Nunes? E o making-of do Brain Salad Surgery do ELP? Aí é brabeira. Portanto, enquanto não achamos na loja essas preciosidades, entra em cena o Audiogalaxy ou algum de seus primos, como o iMesh e o Gnotella. E vamos curtindo os MP3, segue a vida.

Quando aprendi o que era FTP em 1992, bateu-me uma compulsão de copiar tudo que existia nos repositórios de software do mundo inteiro. Isso era obviamente uma loucura, pois não teria nem tempo nem espaço para guardar todo esse material. A turma que agora é bamba em baixar MP3 da rede passa pelo mesmo processo, sendo que dispõe da facilidade de ir queimando CD-R's para guardar os tesouros encontrados. Quando irão ouvir todas essas músicas? Isso eles não sabem. É igual à mania que alguns têm de comprar livro barato em sebo. "Ah, quando eu ficar velhinho vou ler tudo". E a estante vai se enchendo e vai se comprando mais estantes e o apartamento quase explode. Com MP3 é a mesma coisa. Tem gente que já tem pilhas e pilhas de CDs entulhados de músicas que jamais terá tempo de ouvir. Mas é a sensação de posse que locupleta essas doces almas. Bem, xapralá.

Apenas uma coisinha. Vários programas que instalamos em nossas máquinas deixam pequenos presentes indesejáveis rodando no sistema. Alguns deles ficam monitorando nossos acessos e por vezes enviam informações sobre nossos hábitos de navegação para seus respectivos servidores centrais. Isso é muito feio. Esses artefatos malditos classificam-se como spyware (spy = espião). Programas como o Audiogalaxy e o iMesh deixam spyware rodando em nossas máquinas. Alguns atrapalham, outros não. Se a leitora quiser se livrar desses odiosos módulos, uma das melhores soluções é baixar o programa gratuito Ad-Aware 4.6 que pode ser encontrado em <www.lavasoft.de/binary/awbin/aaw.exe>. Ele perscruta sua máquina e desconfia de qualquer fiapo de arquivo que se assemelhe a um spyware. Permite a você selecionar quais partes suspeitas deseja detonar. Experimentei aqui na maquineta e encontrei mais de 180 migalhas. Eliminei todas com sucesso. No caso do WebHancer, que é o spyware deixado silenciosamente pelo nosso querido Audiogalaxy, o Ad-Aware exigiu mais uma passada após um reboot na máquina. Depois disso, a limpeza foi total. Acostumei-me a rodar o Ad-Aware de vez em quando e quase sempre aparece um outro cookie metido a besta que ele se oferece para apagar. Sempre aceito esses oferecimentos. E a boa coisa disso tudo é que Audiogalaxy e iMesh, por exemplo, continuam funcionando perfeitamente sem os spywares.


Quando ao programinha Sand, o endereço que saiu impresso estava errado. O certo é <http://pascal.seg.kobe-u.ac.jp/~shii/sand/download/SAND4E.ZIP>. Shii Ken-ichiro, o autor do programa, contou-me que tem 29 anos, é programador profissional e vive em Tokyo. Seus hobbies são jogos de computador, criar web-sites e, logicamente, programar. Há cerca de 15 anos ele se inspirou num jogo japonês chamado "Lot Lot", em que vários balões iam caindo, cada um se movendo de acordo com uma regra matemática. Ele imaginou que seria muito mais interessante se o número de bolas aumentasse, mas como as CPUs da época eram muito lentas, o programa ficava uma carroça. Sete anos depois, com os processadores já bem melhorezinhos, Shii criou modelos de partículas que supostamente fluiriam como água. Quando rodou o protótipo, o que era para ser água ficou mais com cara de areia. Mas ele gostou do resultado e continuou a desenvolver este programa que chamou de "sand". As primeiras versões não permitiam desenhar paredes e executavam em tela pequena. Mas os usuários começaram a sugerir melhoramentos cada vez mais cabeludos. Alguns parentes, amigos e correspondentes disseram ao Shii que aquilo tudo era perda de tempo, mas ele não estava nem aí. Queria fazer algo interessante, mesmo que não desse grana. Acabou vendo surgir uma comunidade mundial de apreciadores do Sand e isso pra ele é o que realmente vale. Shii não tem planos para o futuro. Só diz que, com esses avanços incríveis na computação, imagina softwares fabulosos rodando em nossas máquinas pessoais num futuro próximo. Ele pede que vocês rodem o Sand e, caso gostem dele, espalhem para seus amigos. Pedi uma foto do camarada, mas ele se disse tímido e preferiu mandar um gif com seu nome escrito em japonês.

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