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Seminário iraniano do gato espião |
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Artigo: | 518 |
Não, nada disso, na verdade são três histórias desconexas |
Publicado em: | 2001-10-01 | |
Escrito em: | 2001-09-24 |
Começa hoje e vai até a próxima sexta-feira a SemInfo, Semana da Informática da UFRJ 2001, um evento realizado pela EjCM, Empresa Júnior de Consultoria em Microinformática da UFRJ. Serão várias palestras e debates, além de um saguão de expositores onde os visitantes poderão conhecer seus produtos e, se lhes der na telha, comprá-los. Para cada dia de participação os interessados deverão levar um quilo de alimento não perecível ou, se preferir, pagar 5 pilas. Os alimentos serão doados à Sociedade Viva Cazuza. Haverá três workshops: Lógica Fuzzy (hoje das 14h00m às 17h00m), Conceitos básicos de programação de jogos (quarta, mesmo horário) e XML - uma visão geral (quinta, das 14h00 às 16h00m). Outras atividades vespertinas serão as oficinas de criatividade, uma por dia, na seguinte ordem: Criatividade, Liderança, Marketing Pessoal, Inteligência Emocional e Trabalho em Equipe. A SemInfo se realizará no Auditório do bloco A do Centro de Tecnologia da UFRJ, na Cidade Universitária, na ilha do Fundão. Maiores informações no site <www.seminfo.ufrj.br>.
Nestes tempos em que tanto se fala nessas regiões remotas da Ásia, você já se encucou com os nomes das cidades Islamabad, no Paquistão, e Jalalabad, no Afeganistão? Não é mera coincidência que ambas terminem em "abad". Há outras cidades na região com a mesma terminação, muitas aliás: Ahmedabad, Allahabad, Aurangabad, Bahadurabad, Daimabad, Faisalabad, Fatehabad, Ferozabad, Gharibabad, Hyderabad, Latifabad, Liaquatabad, Mominabad, Nazimabad, Qasimabad, Quaidabad, Saeedabad, Secunderabad e Zamanabad, apenas para citar algumas.
Explica-se o tal sufixo "abad": é de origem persa/iraniana, da expressão "abad karna", significando cultivar ou assentar-se num pedaço de terra. É daí que vem a palavra "abadi" (lugarejo, povoado) e o sufixo "abad", precedido do nome da pessoa ou grupo que o fundou. O sufixo é usado nos idiomas persa, bengali, urdu e hindi e seu uso localiza-se ali pelo norte da Índia, Paquistão, Afeganistão, indo até o Irã, naturalmente.
Outra charada lingüística, decorrente deste recente alargamento de nossos horizontes geográficos, se deu ao notar-se que, de repente, entraram em cena países de nomes Afeganistão, Paquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão... e pode procurar que tem mais: Cazaquistão, Quirguistão, Curdistão... porque tanto país com nome terminando com "-istão"? Vem tudo da raiz também persa/iraniana "stan", significando situar-se, lugar, lar ou país. Os povos pré-iranianos habitaram por mais de mil anos as regiões hoje ocupadas por estas nações. Seus nomes se compuseram de "stan", precedido do nome do povo que vivia em cada pedaço. A exceção é o Paquistão (Pakistan), que ocupava grande parte duma região denominada Baluquistão e cujo novo topônimo pegou as iniciais de Pundjab, Afeganistão e Cachemira (Kashmir) -- cunhando-se o nome do novo país: PAKistan.
Sobre este sufixo, como era de se esperar, não tardou a aparecer um gaiato com uma boa idéia sobre como os EUA atacariam a região.
As agências de inteligência estão em polvorosa buscando maneiras mais eficientes de garantir a segurança da população, especialmente nos EUA. Em paralelo estão sendo pesquisadas também novas formas de obter informações táticas e de "inteligência" em ambientes hostis. No entanto, como se sabe, a busca por soluções criativas para se arrancar informações vitais de locais secretos é uma tarefa antiga e ininterrupta. Todavia, nem sempre estes projetos resultam em ferramentas ou procedimentos práticos viáveis, sendo muitas vezes engavetados. Caso assim foi relatado num memorando interno da CIA de março de 1967 e liberado só em setembro de 1983. Trata-se do Acoustic Kitty Project (Projeto Gatinho Acústico), mencionado em maior detalhe na página 208 do livrão de 800 páginas, de autoria de John Ranelagh, que relata a história da CIA: "The Agency: The Rise and Decline of the CIA", editado em 1986 pela Simon & Schuster, de Nova York. A Diretoria de Ciência e Tecnologia da agência pretendia aplicar técnicas especiais para treinar um gato cirurgicamente alterado de modo a fazê-lo atuar como espião. Parece brincadeira, mas é sério - continue lendo, querida leitora. O bichano havia sido bem anestesiado e depois cuidadosamente aberto pela barriga, onde lhe enfiaram aparelhos, encheram-no de fios por dentro, instalaram baterias e costuraram tudo certinho novamente. Nosso doce animalejo biônico, portanto, estava cheio de diversos e sofisticados implantes eletrônicos: diminutos transmissores e dispositivos avançados de controle, de tal forma que se transformara em uma poderosa plataforma de escuta eletrônica. A cauda do gato (para deleite do meu amigo Cruz) funcionava como uma antena. Em suma, uma verdadeira monstruosidade cibernética. Mas o gato era valente e convalesceu bem da traumática intervenção. Foi checado e sua saúde mostrou-se ótima. Com relação à performance dos transmissores, nota 10. O felino estava em ponto de bala para ser treinado. Havia porém o temor de que ele pudesse se desviar da missão, distraindo-se com assuntos típicos de gato, tais como comer, namorar, etc. Portanto, para evitar tais deslizes, efetuaram implantes adicionais no cyborg miador. Durante os treinamentos, conseguiram adestrar o gato a não prestar atenção a qualquer outra coisa que não fosse seu objetivo, ou seja, ouvir a conversa de duas pessoas a ele indicadas. Nada de ouvir passarinhos, outros gatos, cachorros, buzinas de automóveis nem sirenes. Concentração absoluta. Pois bem, hora do teste decisivo. A equipe dirigiu-se a um parque numa van toda cheia de sensibilíssimos aparelhos de escuta eletrônica e com o gato numa jaulinha. Minutos depois pararam o veículo de tal forma que o exímio animal espião pudesse identificar as duas pessoas ao longe. Pulou o bicho porta afora. Não se passaram nem três segundos e os olhares dos cientistas e engenheiros a bordo da van se arregalaram, todos completamente apalermados. Como era um projeto secreto, ninguém tinha avisado o motorista do táxi que passava por ali. E o gato morreu atropelado.
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