O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira - C@T

O do pirata é miúdo?

Artigo: 529

Dúvida atroz assola as almas dos adeptos da pirataria

Publicado em:  2001-12-17
Escrito em:  2001-12-13

 

Natal vem chegando e as ruas cheias de camelôs. Andando pelo Centro do Rio, nunca tinha visto tanto software pirata à venda em plena calçada. Sobre lonas azuis espalham-se os CDs. Barbantes em diagonal na lona permitem fugir rápido, caso apareça a fiscalização. Um puxão bem dado e a lona se fecha virando saco e, depois disso, o comerciante informal põe sebo nas canelas. A Avenida Rio Branco, perto da Praça Mauá, é um dos pontos mais movimentados, onde se compra um CD por R$ 10,00, dois por R$ 15,00. Numa só venda, vi um sujeito levar para casa um PhotoShop 6.0 e um AutoCAD 2002, que sairiam oficialmente por US$ 500 e US$ 2.500, respectivamente. O sucesso é flagrante, a julgar pela quantidade de camaradas engravatados que, babando, cercam o ponto no horário de almoço, naquela região de alta densidade de empresas de informática. Profissionais de TI e apreciadores de software se aglomeram nervosos em busca de barganhas, independente de serem funcionários da Oracle, RealNetworks, Infnet, Fujitsu, Sun ou mesmo da Microsoft, cuja sede é ali mesmo do outro lado da rua, no imponente prédio RB1. Aliás é quase cômico ver todas as versões do Windows e do Office à venda por R$ 10,00 na calçada logo defronte ao escritório da Pequena Mole.

Aleatoriamente interpelando compradores, ouvi deles que só compram na lona para experimentar o software e, logo depois, adquirem a versão oficial. OK, acreditamos. Na internet é a mesma coisa: o tráfico de programas piratas vai de vento em popa, com sites oferecendo de graça tudo do bom e do melhor. Até em listas de discussão cujo objetivo original era intercâmbio de dicas e técnicas, o assunto se desvia para troca de endereços de sites piratas. No entanto, observa-se na rede um outro fenômeno curioso, o dos banners escabrosos.

Por algum motivo desconhecido, associa-se a busca por software pirata a um interesse por pornografia. Nos sites de warez e de cracks, a coisa mais comum é ver surgir na tela um monte de banners com belas jovens de grande saúde, mostrando tudo nas posturas mais impressionantes possíveis. No entanto, o que nunca falta, em posição de destaque de qualquer página pirata que se preze, é o onipresente banner do "Penis Enlargement". Esse é de matar. Não estou a par de qualquer estatística que demonstre cabalmente que o típico buscador de versões não oficiais de software e de cracks de programas seja mal dotado de pistola. No entanto, pela insistência do tema, é bem possível que haja de fato alguma correlação, talvez até de causa e efeito, quem sabe? Seja como for, tenho recebido relatos de situações vexaminosas vividas por cavalheiros sérios e pais de família que, numa inocente visita a sites como o Astalavista, viram irromper em sua tela a foto de um camarada com um instrumento de porte descomunal em estado de máxima glória, às vezes inserido numa ampola de vidro, anunciando um tratamento miraculoso que daria ao incauto pujança semelhante à da foto. Mais de um internauta aderente à moral e aos bons costumes já cuspiu o café no monitor, tamanho o susto. Isso quando não estava acompanhado da filhinha que, de olhos arregalados, perguntava ao pai que coisa era aquela. Para estes cidadãos salvaguardarem os valores familiares, na próxima vez que quiserem pegar um inocente crack de software, convém lembrar que mantendo pressionada a tecla ALT e teclando F4 em seguida, a janela corrente se fecha de imediato. Outra saída prática é manter pressionada a tecla Windows e teclar M depois, fazendo com que todas as janelas se minimizem, fazendo surgir o desktop. E, por fim, temos também o desesperado e pouquíssimo elegante recurso da consagrada dedada rápida e certeira no Onofre (on-off) do monitor.


O Rename.net continua gratuito, mas demos muito azar com a dica da semana retrasada sobre o redirecionador de mensagens do Mail.com. Poucos dias depois, o site mudou sua política e passou a cobrar pelo serviço. Nessa mesma época, também se tornaram pagos sites semelhantes, como o AmExMail e o 2ndmail. Sobraram raríssimas alternativas decentes e gratuitas na rede e, como são sites sem tradição, cabe à leitora experimentar um a um. 

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