O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira - C@T

As maravilhas das ECDNs

Artigo: 540

Conteúdos pesados circulando livremente dentro das corporações

Publicado em:  2002-04-29
Escrito em:  2002-04-22

 

Temos sigla nova hoje, para alegria da leitora, que deseja sempre estar por dentro das novidades, mesmo que talvez efêmeras: ECDN (Enterprise Content Delivery Network) ou rede de entrega de conteúdo empresarial, um termo surgido na ano passado e que vem sendo ouvido com freqüência cada vez maior no meio corporativo ligado a redes. Como sabemos, tem sempre alguém por trás da cunhagem desses termos, faturando alto com palestras e workshops, geralmente explicando um jeito novo de denotar um conceito velho. Errados? Que nada, espertos, isso sim. Afinal, quem não gosta de arrotar tecnopalavrinhas novas numa reunião? No caso do conceito de ECDN, para todo lugar onde se olhe lá estará a empresa F5 Networks e seus dois palestrantes mais articulados: James Ni e Steven Goldman.

Naturalmente, é o próprio James (foto) quem melhor explica o conceito de ECDN e seus antecedentes. Considerando que as redes empresariais não estavam preparadas para digerir a avalanche de informações que hoje por elas trafega, surgiram alguns sérios gargalos na transmissão de dados pesados como áudio, vídeo, imagens e textos volumosos. Grande parte das corporações já se conscientizou da importância de tornar disponível, de forma mais fácil e transparente para o usuário final, este rico material que inclui normas internas, manuais de usuário e de referência, conteúdo em streaming e formulários e documentos de funcionários. Pois bem, ECDN é justamente a infraestrutura que permite levar essa pesada carga de informações, dentro da empresa, até o conjunto de funcionários, vendedores, parceiros e clientes espalhados pelo mundo inteiro. É através deste conceito que se torna possível executar esta entrega de informações da maneira mais rápida e menos custosa possível.

Uma ECDN melhora o desempenho da rede interna, aumentando sua confiabilidade e sua escalabilidade, já que permite levar grandes arquivos a pontos de acesso mais próximos aos usuários finais. Além disso, aspecto não menos importante, reduz drasticamente despesas de viagem e de treinamento empresarial, através de aplicações de e-learning. O sistema por trás de uma ECDN abrange todos passos de acesso, distribuição, gerenciamento e aceleração da entrega de conteúdo em mídia rica, dentro da corporação. Vale tudo, mesmo aquilo que antes causaria pesadelos aos administradores de sistemas -- arquivos os mais monstruosos possíveis: vídeos de vendas, material de treinamento, seminários online e os grossíssimos manuais de normas internas, tudo isso à ponta dos dedos, a qualquer hora do dia ou da noite, disponível para audiências focalizadas e pré-definidas.

O melhor da história, segundo James Ni, é que ECDNs nem são tão complicadas de implementar, como se poderia esperar a princípio. São simplesmente um jeito esperto de mesclar três coisas: (1) uma rede voltada para aplicações; (2) técnicas de gerenciamento inteligente de tráfego e (3) produtos de distribuição de conteúdo em rede.

Existe uma diferença fundamental entre uma CDN privada e uma pública. No caso da pública, não há o menor controle sobre a rede ou sobre os usuários que terão acesso ao conteúdo. Nesta situação, o que se faz é simplesmente retirar o conteúdo de um repositório de dados e lubrificar ao máximo seu caminho até o usuário final, eliminando as demoras de roteamento e de intercâmbio de pacotes entre os backbones da internet. No caso de uma CDN privada, ou ECDN, se for num âmbito empresarial, a coisa toda se processa não via internet profana, mas sim através da rede interna corporativa, num escopo bem mais restrito e controlado, com a vantagem de que, por se tratar de um sistema dedicado, não atravancará os circuitos convencionais da empresa. É claro, estamos falando de firmas parrudas, com bala na agulha.

Analisando de um outro ponto de vista, como se não bastasse a retração causada no mercado de viagens com os atentados de 11 de setembro passado, ainda aparece essa tal de ECDN para dificultar ainda mais a situação de empresas que vivem do deslocamento de gente. O caso mais típico que demonstra a economia proporcionada pela adoção de ECDN numa companhia, é o corte de custos com treinamento. Sem menosprezar a importância do contato face-a-face numa transação comercial ou na condução de um processo de instrução, é possível dividir as cargas horárias entre sessões presenciais e sessões de ensino ou comunicação à distância. Considerando-se uma empresa prudente, que não vai radicalizar na implantação de ECDN em seus processos internos, estima-se que a adoção desta tecnologia pode ter seus custos pagos em menos de vinte meses, se for considerada a economia com viagens e o menor dispêndio de tempo e recursos na preparação de eventos e reuniões.

Um outro ponto positivo é que, uma vez estabelecida e solidificada a infraestrutura de ECDN na empresa, ela poderá ser utilizada para várias outras finalidades internas. No entanto, será tarefa dos gerentes de conteúdo saber dosar com cuidado a forma de apresentar um mesmo material para diferentes audiências dentro da companhia. Obviamente, a apresentação que se fará de um produto a um técnico ou um engenheiro será muito mais detalhada e longa do que a que for oferecida a um executivo de vendas, por exemplo.

Quem estiver à vontade com o idioma inglês e quiser participar de um fórum grátis sobre o assunto, o bom é o da InfoWorld. Outra boa dica, é o webcast sobre este tema, veiculado através do ITworld. Visite a página deles e procure pela palestra da F5 Networks: "Enterprise Content Delivery Networks - What, Why and How". Notará que essa turminha de ECDN raramente quase nunca usa o velho termo intranet para designar uma rede interna corporativa. Deve ser porque consideram-no jargão ultrapassado. 

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