O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira - C@T

Envernizando CDs

Artigo: 547

A arte de catalogar e cuidar de sua coleção

Publicado em:  2002-08-05
Escrito em:  2002-08-01

 

Se a leitora misturar acesso banda larga com um gravador de CDs, sabe o que terá? Terá uma profunda bagunça perto da sua máquina. Muitos internautas reclamam que, com a compulsão por gravar material chupado da internet, acabam ficando com um monte de CDs desorganizados empilhados aqui, enfiados em gavetas ali ou simplesmente jogados numa estante ou numa mesa acolá. Obviamente, na hora de encontrar no meio dessa confusão um MP3 específico, um vídeo, um software, manual ou documento, quase nunca se consegue achar nada em menos de duas horas de cansativa busca, na melhor das hipóteses. Existem várias soluções para este mal. A primeira delas é baixar um dos zilhões de programinhas gratuitos catalogadores de CDs e se disciplinar rigorosamente a usá-lo sempre que gravar um novo disco. Manter-se firme nessa disciplina é justamente o ponto mais difícil. Para alguns usuários a coisa se complica um pouco mais, pois além da compulsão natural pelo download-gravação, eles fazem questão de, quando o material é importante, gravar sempre duas cópias do mesmo CD e guardá-las em locais diferentes.

Eu me encaixo nesse grupo de obstinados e optei pelo bom e velho MS-DOS para manter atualizado o catálogo de minha modesta coleção de 104 CDs gravados em casa... bem, na verdade são 208, pois todos têm duplicata. Não uso nenhum programa específico para catalogar. Aproveitando-me da facilidade dos nomes longos do Windows, procuro batizar os arquivos com nomes honestos, como por exemplo "video_f16_barreira_som.mpg" em vez de algo críptico como "v9824nax.mpg". Para catalogar, simplesmente dou um "DIR" no CD depois de gravado e salvo a saída num arquivinho TXT, onde escrevo na primeira linha, com um editor de texto qualquer, algumas palavras-chave e um curto comentário sobre o que contém aquele CD específico. Escrevo uma numeração seqüencial nos CDs gêmeos usando caneta de transparência, indicando qual é o original e qual é a cópia. Depois disso, envernizo os dois CDs, deixo secar, e meto cada um num envelopinho plástico transparente com aba adesiva, guardando cada um em uma caixa de sapato diferente (Fig. 1), uma no escritório e outra na área de serviço. O nome do arquivo TXT que contém a listagem do diretório traz o número seqüencial de cada CD.

Na hora que preciso encontrar um certo arquivo ou um CD específico, apelo para o consagrado utilitário GREP no DOS, oriundo dos tempos do UNIX, e boto o bicho para varrer todos os arquivinhos-texto que contêm as listagens de todos os diretórios. Em poucos segundos o sistema me cospe a lista de todas ocorrências do texto que pesquisei e vou direto ao CD certo. Montando uma pequena rotina em "batch" para catalogar, este processo ficou suavemente automatizado e roda maravilhosamente bem aqui no dia-a-dia, com a perfumaria de ainda dar um eject na unidade e quase me entregar na mão o CD recém catalogado. Se você tem alguma experiência em batch files do MS-DOS, clique aqui para baixar o pacote que uso para catalogar meus CDs. Experimente-o por sua própria conta e risco, após ler o arquivo "_leiame.txt".

Quem estranhou a coisa de envernizar os CDs, saiba que foi uma valiosa dica que me passou o Luiz Augusto Alves de Lima, autor de dois livros de sucesso: "Como restaurar LPs para CDs e CDs para MP3" e "Seja um hacker e se defenda". Como sabemos, a informação fica gravada no CD na face de cima (Fig. 2) e não na face brilhante e refletiva (Fig. 3). É uma película que, caso descasque ou arranhe, babau. Deitando o CD sobre um jornal com a face brilhante para baixo, aplica-se verniz acrílico spray incolor (marca Acrilex, Corfix ou similar) sobre a face de cima. Segundo Luiz, isso aumenta a durabilidade do CD, pois torna mais difícil que a fina película gravada seja danificada pelo uso ou por corrosão de qualquer espécie. Pode ser verniz fosco ou brilhante, tanto faz.

E como este camarada é o campeão mundial dos macetes práticos, passou-me outra dica para os casos em que se tem um CD arranhado na face brilhante. Pegue um algodão, esprema sobre ele um pouco de pasta de dente Gessy Cristal ou similar, e esfregue na face arranhada (não no lado que tem a película gravada, por favor). Use movimentos rotativos com o algodão melecado e o arranhão vai sair, caso não seja dramaticamente profundo. Depois, limpe com um pano decente e não felpudo e pronto. Tenho usado essas dicas do verniz e da limpeza aqui numa boa. Se der certo também com você, leitora, então mande os agradecimentos direto para o Luiz. Mas se tiver dúvidas, se o seu CD derreter, se espirrar verniz no seu olho ou se ficar alérgica à pasta de dente, reclame direto com o mancebo.

Fig. 1 - Flagrante da coleção, mas na verdade os originais nunca ficam assim junto com os backups.

Fig. 2 - Esta é a face de cima, a da etiqueta, a da película gravada, onde se aplica o verniz spray.

Fig. 3 - E esta é a face de baixo, a face brilhante, onde se passa o algodão com pasta de dente.

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