O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira - C@T

Bolotas de banha

Artigo: 554

 Seus descendentes vão viver dentro de casa, comendo via tubinhos

Publicado em:  2002-11-11
Escrito em:  2002-11-07

 

Segundo estudo da Jupiter Research (jupiterresearch.com), 53% dos consumidores online não se importam de esperar um pouco mais pela entrega das mercadorias se o frete for grátis. Mesmo que boa parte ainda prefira entrar numa loja do mundo real e levar o produto no ato, esta nova tendência abre um nicho pouco explorado de mercado, pois o tempo decorrido entre o momento da compra e o da entrega passa a não ser mais um fator crítico, barateando a logística de quem vende pela internet. De acordo com a pesquisa, os varejistas online estão dispostos a absorver o custo do frete de modo a fomentar um aumento do consumo via rede.

O estudo demonstra também que, com a possibilidade de comprar online, o consumidor tende a se tornar cada vez mais preguiçoso, depois de já poder comprar pelo telefone ou pelo correio. Há quem acredite que, no futuro, a maior parte do consumo puro será feita online com entrega em domicílio. O mesmo produto, caso adquirido numa loja tradicional, poderá se tornar quase proibitivamente caro, já que o cliente estará indiretamente pagando os altos custos do estabelecimento e da infraestrutura que o servirá. Some-se a isto a crescente deterioração das condições de segurança nas grandes cidades do mundo inteiro e cada vez será mais arriscado sair de casa, usar um meio de transporte e ir até uma loja ou um shopping para fazer compras.

Seguindo esta linha de pensamento, é melhor fotografar hoje mesmo a si e toda a sua família para poder mostrar aos seus descendentes, daqui a uns 50 anos. Num futuro não tão remoto, é possível que os seres humanos urbanóides se transformem em insalubres e sedentárias bolas de banha, constantemente refesteladas em almofadões, vivendo em casas-casulo, onde trabalharão em regime de "home-office", consumirão ininterruptamente sem sair de casa, e comerão e beberão através de tubos, para maior comodidade e deslocamento mínimo. As relações interpessoais serão quase todas concretizadas por via eletrônica e mesmo as necessidades sexuais e de reprodução poderão ser resolvidas tendo a rede como intermediário.

Associando este distanciamento da realidade à fatia ocupada por estes futuros seres na pirâmide social, teremos quase duas humanidades distintas vivendo no mesmo planeta: os online e os offline, cada qual com seu universo próprio. Se observarmos bem, esta divisão já existe hoje, claramente. Só que, por ora, os offline existem ainda em muito maior número.


A revista New Scientist pediu a seus leitores que sugerissem um nome para a detestável mania que têm os celulares de fazer chamados inadvertidas quando esquecidos com o teclado desbloqueado num bolso apertado ou numa bolsa feminina cheia de tralhas. O termo vencedor foi "dialicídio", cunhado pelo leitor Derek Woodruffe. Outros notáveis foram "mobicídio", "celicídio" e "apoptose", este último sendo um termo já existente e que significa "suicídio celular biológico". Diversos leitores relataram traumatizantes casos de dialicídio, em que o celular ligava sozinho para alguém e deixava vazar conversas, às vezes cabeludíssimas, que não poderiam de modo algum ser ouvidas por outros, com conseqüências por vezes desastrosas.


Boa dica para quem ainda bate cabeça na velha questão: "Windows ou Linux?"  O Instituto Infnet está promovendo uma palestra grátis sobre o tema, a ser proferida em oito datas e horários diferentes neste mês de novembro. Mas corra! A primeira palestra é hoje, e é preciso fazer inscrição, pois há limite de 50 vagas para cada apresentação, que dura duas horas. O objetivo é apresentar as diferenças fundamentais entre as duas plataformas e ajudar a descobrir qual delas é a mais adequada para o modelo de negócios de cada empresa ou profissional autônomo.  Maiores informações em (www.infnet.com.br/eventos)


Noticiado no Slashdot, o novo cartão postal virtual produzido pela "Friend Greetings", da empresa Permissioned Media, é uma das mais gritantes manifestações de esperteza, descaramento e pouca vergonha na internet. Quando o usuário recebe o cartão, uma mensagem surge perguntando se pode proceder à instalação do software que permite a visualização da peça. Em seguida, aparece na tela uma EULA (end-user license agreement), uma daquelas licenças indigestas e longas que quase ninguém lê, mas onde você necessariamente tem que clicar no OK para que o programa seja instalado. No texto da licença consta claramente que, ao aceitá-la, você dá permissão ao software para enviar email para todos os contatos em sua lista de endereços do Outlook, ou seja, o comportamento típico de um "worm" contagioso, uma espécie de vírus. A atuação dessa peste começa com a vítima recebendo um email dizendo que há um cartão à sua espera.

Softwares antivírus ainda não estão classificando este infame programa como vírus, mas pelo menos o site da Symantec já oferece informações a respeito. Como se não bastasse o execrável comportamento de "worm", o maldito cartão virtual também planta na máquina do internauta uma peça de "spyware" que dispara anúncios comerciais no visor. No capcioso texto da EULA também é dada autorização para que o software instale no futuro quaisquer outros programas que os fornecedores queiram, a qualquer tempo. Em suma, é um procedimento absolutamente maligno, mas que conta com a falta de paciência e de atenção por parte do usuário comum, que nunca lê as licenças que autoriza. Afinal de contas, todo o potencial mal que o software pode causar está detalhadamente especificado no texto. Bem feito para quem não o lê.

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