O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira
C@T

As tartarugas que me perdoem

Artigo: 566

 Asteriscos, fotos digitais e pirataria

Publicado em:  2003-04-28
Escrito em:  2003-04-24

 

As bonitas que me perdoem. As mocréias que me perdoem. E também as feministas, as feias, as burras, as pessoas, as mulheres, as peruas, as senhoras, as maricotas, as tartarugas, as cariocas, as étnicas e as loiras que me perdoem. Parece maluquice, mas isso tudo é apenas para ilustrar uma função pouco conhecida do Google, já divulgada aqui e ali, e que penso será do agrado da leitora. É o caractere asterisco "*", que pode ser usado como marcador de palavra quando digitamos um argumento de busca entre aspas. Explicando melhor, se você procurar no Google por "as * que me perdoem" (com as aspas), o asterisco valerá para buscar qualquer palavra. Assim, neste exemplo, você receberá como resultado diversos sites contendo variações da famosa frase do Vinícius. Outro exemplo? Procure no Google por "suco de * gelado" (também com as aspas). Vai achar site mencionando suco de goiaba, maracujá, tomate, laranja, frutas, pêssego, uva, abacaxi, manga, maçã... Em suma, dá pra abrir uma loja de sucos.

Essa coisa de o asterisco valer como várias palavras ou strings é o que os especialistas chamam de "wildcard", ou coringa. Infelizmente o Google não implementa o wildcard em sua plenitude, mas apenas como coringa de palavra (um string delimitado por espaços em branco) e não de caracteres. Quem implementa isso, mais ou menos, é o velho AltaVista, em que se você procurar por "dis*mento" (sem as aspas), receberá resultados contendo discernimento, disciplinamento, etc.


Passeando pela web e maravilhando-me com as dicas sobre fotografia digital do dpreview, esbarrei na recomendação de um plugin de PhotoShop chamado Quantum Mechanic, que se propõe a diminuir o ruído e a granulação de fotos. Tem a versão Lite e a versão Pro, para Windows e Mac. E aí começa o problema: a Lite custa US$ 99 e a Pro US$ 189. Agora me diga a leitora, em sã consciência: quem é que vai dar 189 verdinhas por um plugin de PhotoShop? Uma pessoa jurídica? Essa sim. Um usuário final doméstico num país de primeiro mundo? Esse também. Mas e o resto? Jamais! A alternativa óbvia é a macacada ir direto ao astalavista.box.sk e baixar de graça o minúsculo crack do programa. É um keygen (gerador de chaves) todo estiloso, com direito a música hitech, e que cria uma chave válida de registro para o plugin, que passa a fazer o software rodar sem limitações e, diga-se de passagem, é até bem bonzinho na tarefa de limpar a foto. E então fica a pergunta: será que se os caras cobrassem apenas uns US$ 5 pelo plugin, será que alguém ia se dar ao trabalho de escrever um crack para ele? Será que um precinho camarada não motivaria a rapaziada a pagar pelo software? Bem, provavelmente os fabricantes já devem ter feito essa conta e concluído que é melhor mesmo arrancar os olhos da cara dos poucos que podem pagar e deixar a pirataria correr solta em paralelo.


E já que falamos em pirataria versus preços altos, um dos sites mais escabrosos do momento é o brasileiro Pootz, dedicado aos adeptos do eDonkey e do eMule, famosos programas de filesharing (compartilhamento de arquivos) através de repositórios distribuídos, de onde o pessoal baixa à vontade gigantescos arquivos de filmes, músicas, jogos e livros. Novamente, se os fabricantes não cobrassem tanto por um DVD ou um CD, certamente o povão plugado compraria mais e sem espernear. No entanto, como preferem meter a mão, a galera não tem outra saída e parte pro desespero. Visitando o Pootz a gente vê um site até bem organizado e cheio de material, anunciando títulos baixados da rede e oferecidos a um preço perfeitamente acessível. Mas é claro, a ganância duma multinacional não permite fazer preços tão em conta. Fica sendo coisa para a economia informal mesmo, tem jeito não.


Comentário do veterano Sidney Simões: "Já que o Brasil quer tanto um PC barato para combater a exclusão digital, a alternativa pode ser o Xbox da Microsoft. É um Celeron de 733 MHz, com CD e disco rígido e porta USB que roda um Windows 2000 modificado para só executar programas assinados pela MS. Com algumas modificações o Xbox vira uma Linux box e por U$ 150 tem-se uma máquina para fazer tudo que a Microsoft proibia." Um Xbox rodando Linux é bem baratinho e pode ser usado como um computador desktop comum, para email e navegação na rede, como um servidor (web), ou como um nó num cluster de Linux. Detalhes do projeto estão lá no SourceForge. Há quem diga que a Microsoft está segurando o preço do Xbox lá embaixo à força, pra ver se o bicho decola. Outros argumentam que, com US$ 58 bilhões no bolso, o tio Bill agüenta assim um bom tempo ainda.


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