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Telefone e televisão |
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Artigo: | 576 |
Qual o futuro da TV aberta e da telefonia convencional? |
Publicado em: | 2003-09-15 | |
Escrito em: | 2003-09-10 |
Nesses tempos de celulares, provedores comerciais e TV paga, seja a cabo ou via satélite, qual o futuro da telefonia convencional e da TV aberta? Frank James, do Chicago Tribune, foi fundo no assunto, ouvindo o que tem a dizer Michael Powell, que atua desde 2001 como chefe da FCC, a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos. O chefe do pedaço, um garoto de 40 anos, filho do Secretário de Estado Colin Powell, acredita que a televisão aberta vai pras cucuias, deixando aos americanos apenas as opções pagas. Quanto à telefonia fixa, também tem tudo para ir pro beleléu, mais ou menos do mesmo jeito que está indo a malha elétrica dos Estados Unidos, atualmente à beira de um colapso. Mas a leitora pode indagar: "E o Kiko?" -- "O Kikotenho com isso?" Explico: como se sabe, muitos dos problemas que afligem o titio lá em cima serão problemas nossos daqui a alguns anos ou, no caso, daqui a muitos anos.
Segundo Powell, a única saída será uma mudança nas regras do jogo, uma reformulação das ultrapassadas leis vigentes. No caso da TV, ele aponta que as redes deveriam possuir um número maior de estações locais de transmissão, de modo a poder competir melhor com cabo e satélite através do direcionamento mais focado de ofertas aos anunciantes locais e, conseqüentemente, atendendo mais concentradamente ao consumidor regional. Apesar de estarem ainda faturando aos tubos, Powell julga que as redes estão morrendo. Os programas de qualidade estão migrando velozmente para os canais pagos, deixando ao espectador convencional quase só lixo. Ele aponta como exemplo a programação esportiva, que só oferece uma cobertura realmente consistente fora dos canais abertos. Além disso, a TV paga tem duas fontes de receita: anunciantes e assinantes. Há também o relaxamento da censura, que permite exibição de programas muito mais picantes nos canais pagos, atraindo cada vez mais a grande massa que, como em qualquer lugar do mundo, está sempre ávida por sem-vergonhice. No que tange à programação infantil a situação também é grave, sobrando aos canais abertos apenas o rebotalho do conteúdo. Considerando que 86% dos americanos têm cabo ou satélite, e que este número vem crescendo 3% ao ano, as perspectivas são claras -- em 10 anos, se não forem tomadas providências, um abraço.
Com relação à telefonia, ele recomenda uma maior desregulamentação, tarefa difícil diante do momento político americano. Aponta também irregularidades na política de tarifação de chamadas, em que a coisa se complica muito na hora de decidir quem paga às concessionárias locais na hora de completar as ligações. Outra encrenca são as gigantes, como AT&T e MCI que, segundo Powell, se aproveitam das facilidades das pequenas locais. Fora isso, junto com a desaceleração econômica americana, há pouquíssimo incentivo para as companhias telefônicas locais fazerem novos investimentos.
Por causa de suas posições em ambas as questões, o jovem Mike Powell anda levando muita bordoada de seus oponentes e da mídia, que o acusam de não estar nem aí para o consumidor e de ser bonzinho com grandes corporações. Mas é inegável que a argumentação do menino faz sentido.
Segundo o ex-cientista-chefe da Sun Microsystems, Bill Joy, recém-egresso da companhia, muito em breve o celular vai absorver uma quantidade incrível de funções práticas em nosso cotidiano. Ele irá, por exemplo, substituir nossa carteira de dinheiro, transformado-se num nó concentrador de transações digitais de alta velocidade. Adeus documento de identidade, carteira de motorista. Estará tudo lá no seu celular: permissão para doação de órgãos, números de cartão de crédito, plano de saúde, fotografiazinhas da família, prontuário médico, contas de banco, cartão da locadora de DVD e por aí vai. É claro que a gente desde já se assusta com a possibilidade de poder perder todos esses valiosos dados num só instante, apenas esquecendo onde deixou o aparelho ou, simplesmente, trocando-o por um outro parecido num momento de distração. Mas até para isso haverá solução.
Em primeiro lugar, é possível que o meio de armazenamento de dados venha a ficar guardadinho dentro de você, num minúsculo implante subcutâneo. O aparelho de acesso, seja um celular ou um relógio de pulso, apenas trocará informações com este bio-microchip. Isso permitirá que você use qualquer outra engenhoca para acessar os seus dados pessoais, bastando encostar ou aproximar o apetrecho de seu corpo.
Mas enquanto não chegamos a este ponto, fiquemos com nossos queridos satélites mesmo. Através da combinação de sensores eletrônicos miniaturizados com a tecnologia da web sem-fio, logo teremos sistemas GPS (sistemas de posicionamento global) completos e de alta precisão empacotados num pequeníssimo e barato chip. Seremos capazes de enfiar o conceito de GPS arbitrariamente em qualquer objeto, como suas chaves de casa ou até mesmo suas lentes de contato. Perdeu alguma miudeza? Vá até a web, digite sua senha e encontre o bagulho no ato.
OK, ok, vai ficar maneiro. Vai melhorar nossa qualidade de vida e teremos mais oportunidades de lazer. Mas é aí que me lembro do que sempre me diz o Silva Costa, velho sábio do Babilônia: "E então? O que é que vamos fazer com tanto tempo livre?"
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