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Aproveitando a epidemia |
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Artigo: | 586 |
Como usar uma onda
de contaminações viróticas |
Publicado em: | 2004-02-02 | |
Escrito em: | 2004-01-29 |
Que tal essa epidemia de vírus que começou na semana passada, hein? Um espetáculo, coisa nunca vista. E continua firme e forte, atravancando o tráfego digital no mundo inteiro. Mas há quem veja um lado positivo até nisso. Aqui na caixa de entrada, por exemplo, tem sido assombrosa a quantidade de mensagens informando ou reclamando que eu teria enviado email contaminado para este ou aquele usuário, que nem sequer conheço. A explicação é que, como estes vírus forjam endereços de remetente, devem ter sido disparadas, sem meu conhecimento, um monte de mensagens aparentemente minhas para milhares de desconhecidos meus. Foi então que resolvi aproveitar este equívoco para fazer novas amizades. Preparei uma resposta bilingüe padrão e programei meu programa de email para enviá-la de volta para cada reclamação ou aviso de vírus, algo do tipo, "Mesmo sendo um engano esta sua mensagem de advertência, aproveito a oportunidade para lhe mandar um alô e desejar-lhe muitas felicidades. Quem diria que um vírus acabaria aproximando as pessoas?..." Pois olhe, cara leitora, o resultado tem sido interessantíssimo. Já fiz um monte de novos contatos e troquei mensagens com gente do mundo inteiro.
De resto, se observarmos bem, os criadores de vírus estão ficando cada vez mais bambas. A velocidade de contágio destes últimos espécimes é algo nunca visto. Cada vez chega mais perto o dia em que algum escritor de vírus realmente talentoso, e que esteja de mal com a vida, decidirá escrever um código terrivelmente nefasto e destruidor. Aí sim, os prejuízos serão absolutamente horrendos, com conseqüências desastrosas.
Vírus: apenas uma hipótese (extraído do Catalisando)
Muitos desses últimos vírus de computador que estão assolando o planeta têm uma característica em comum. Eles fazem spoof de "From", ou seja, eles forjam remetentes. Vamos pensar numa jovem chamada Alice, que você não conhece e para quem nunca mandou email. É possível que ela receba uma mensagem contaminada que aparentemente tenha sido enviada por você. Como? Uma terceira pessoa, que você também não sabe quem é, foi contaminada pelo vírus, que varreu o caderno de endereços dela e usou aleatoriamente diversos lá encontrados como falsos remetentes das mensagens contaminadas. O seu endereço calhou de estar na lista dela e você acabou sendo um dos remetentes dos emails infectados. É bem bolado, causa a maior confusão e tem um efeito adicional, no mínimo, curioso. Quer ver?
Vamos supor que o provedor da Alice tenha um bom antivírus. Imaginemos também que ela recebe um outro email contaminado, aparentemente remetido por um tal de Zeca. Alice não conhece nenhum Zeca, nem ele também a conhece -- foi o vírus que confundiu tudo propositalmente. O antivírus do provedor de Alice detecta a infecção potencial e automaticamente mata a ameaça, enviando em seguida uma mensagem de advertência para o remetente da mensagem infectada -- o Zeca que, coitado, não tá sabendo de nada.
Pois bem, vamos supor que o Zeca esteja meio por fora dessas coisas e não saiba o que é spoof de remetente. Ele recebe a tal advertência e entra em pânico: "Puts! Será que eu tô infectado e sem querer contaminei essa tal de Alice??!"
E aí eu pergunto, qual é a primeira coisa que alguém assim assustado vai fazer? Óbvio: providenciar um programa antivírus para ter certeza que está limpo.
Bem, acho que não preciso ir adiante, conjeturando quem seriam os maiores interessados em propagar um contágio mundial arrasador com estas características tão específicas, né?
O amigo Gustavo Badauy enviou-me um joguinho online simples (mas viciante) em que um Yeti (o Homem das Neves) se esmera em acertar um pingüim com um porrete. Quanto mais longe voar o pobre pássaro, mais pontos se faz. Na versão original, consegui fazer 544,7 metros, e achei que era muito.
Como se sabe, o símbolo do Linux é o pingüinzinho Tux, portanto o joguete pode ter um simbolismo anti-Linuxiano. Mas, no caso, há na imagem do jogo menção a "1978 Reinhold + Yeti", o que serviu como chave para uma boa googlada: o jogo se chama Pingu-Throw e foi desenvolvido por Chris Hilgert, da agência multimídia Edelweiss Medienkwerkst.AT, de Viena, Áustria. Faz parte da série Yetisports, mas no site da agência a versão é mais elaborada e também um pouco mais difícil de se fazer pontos.
Para esclarecer a inscrição na tela, vale lembrar que Reinhold Messner é um dos mais famosos alpinistas vivos. Em 1978, foi o primeiro a subir o Monte Everest sem oxigênio. Além disso, escalou todas as 14 montanhas com mais de 8.000 metros. Certa vez, em suas andanças, ele encontrou o verdadeiro Yeti. O relato deste primeiro encontro, ocorrido em 1986, está no site da National Geographic. Em tempo, o Yeti nada mais é do que um urso tibetano grande. (E pensar que Hitler enviou várias expedições ao Himalaya para procurar o Yeti, pensando que ele seria o elo perdido da raça Ariana...)
Bem, anunciei o jogo no Catalisando e começou uma acirrada disputa pelo recorde. Dezenas de competidores entraram em contato via comentários ou via email. Alguns, infelizmente, registraram seus pontos usando uma das outras várias versões do jogo, o que impossibilitou comparações. É na versão oficial (307 kB) que se concentra a disputa, veja o URL na página de "links de hoje", abaixo. Até o presente momento, o recorde é de André Chagas, com 593,5 metros. Se a leitora obtiver marca melhor, por favor, vá até o Catalisando e ponha lá um comentário. Se quiser apresentar como prova a captura de tela referente à sua conquista, informe também lá o link para a imagem. É bom lembrar que já houve alguns espertinhos usando Photoshop para falsificar o recorde, mas foram desclassificados no ato, pois há como descobrir essas tramóias facilmente.
Para jogar, dê um primeiro clique em qualquer ponto da tela e o pingüim pulará. Com o segundo clique, você brandirá a clava do Yeti e, dependendo de sua destreza, acertará ou não o pingüim. Um aviso: o pingüim, a cada jogada, faz um barulhinho irritante que, maldição!, acaba se imprimindo na memória da gente e depois, quando nos cansamos do jogo, ainda ficamos rememorando o gemido bizarro por horas a fio. É de enlouquecer.
O leitor Jorge Bastos de Carvalho enviou-me uma curiosidade, até onde eu saiba, inédita. Ele escreveu um livro sobre as profecias de Nostradamus e, em seu site, fez uma interpretação da Centúria 4, Quadra 53, concluindo que se trata de uma previsão de que Saddam Hussein seria encontrado num buraco. Vale a pena ler seus comentários rebuscados e cheios de citações.
Já teve problemas com centrais de atendimento? Bem, quase qualquer pessoa já os teve. Irritado com as agruras por que passou, Paulo Vogel pôs no ar um site para expressar sua revolta a permitir que outros também o façam. Ainda está bem no começo, mas se a turma se dispuser a contribuir com seus próprios "relatos de situações odiosas", teremos então em breve um bom banco de dados especializado nesta pústula social dos tempos modernos.
Os links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20040202.htm
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