O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira
C@T

Chips óticos de silício

Artigo: 587

 Derrubando a fronteira entre computação e telecomunicações

Publicado em:  2004-02-16
Escrito em:  2004-02-12

 

Num artigo de quinta-feira passada no New York Times, John Markoff fez o relato de um novo rumo de pesquisa adotado pela Intel, que já construiu o protótipo de um chip de silício que manipula digitalmente a luz, do mesmo modo como se faz com a eletricidade, simulando os zeros e uns da linguagem binária de máquina.

Tudo começou com um grupo de engenheiros do departamento de testes da Intel. Eles cucaram uma maquineta que fazia um raio laser varrer a superfície de um chip de computador, bem parecido com o jeito que um raio catódico varre o lado dentro do tubo de imagem duma TV convencional. A imagem laser resultante permitiu ver se os transistores do chip estavam se ligando-desligando corretamente nos tempos exatos. Com isso, puderam ajustar microprocessadores com grande precisão, acelerando-os às raias do exagero, mas sem perder a exatidão do tic-tac eletrônico. O próximo passo foi bolar interruptores de luz usando esta mesma técnica, que emprega o silício comum, já sobejamente utilizado pela Intel.

Não é este exatamente o chip que aqui menciono. Mas dá para ter uma idéia da cara de um deles.Essa brincadeira com a luz é uma bolação antiga, mas era inviável produzir equipamento para tal, em função do alto custo. Agora a coisa mudou de figura, o que vai tornar ainda mais tênue a fronteira entre computação e telecomunicações, representando uma verdadeira revolução no processamento de informações digitais. A previsão é que até 2010 teremos no mercado novas engenhocas já incorporando os resultados destas pesquisas de ponta. Diante dessas novas máquinas, nossos computadores atuais vão ficar no chinelo. Além disso, os camaradas que bolam novos jogos e aplicações vão ter liberdade muito maior para criar sistemas interconectados muito mais poderosos, com a vantagem de que as máquinas não precisarão estar fisicamente próximas. Imaginem receber vídeo de alta definição em sua casa, a velocidades até milhares de vezes maiores que a da internet atual. Cientistas acreditam que será possível, por exemplo, assistir a um evento esportivo e simular, em sua casa, o movimento das câmeras, obtendo na tela de sua TV qualquer ângulo que se queira. Estas visões sintetizadas serão possíveis apenas com algumas câmeras digitais reais posicionadas no evento, o resto será pura interpolação em tempo real. Haja poder de máquina!

O tal chip protótipo da Intel é um modulador ótico feito com puro silício, capaz de enviar dados 50 vezes mais rápido que o recordista anterior. Trata-se de um dispositivo de alta velocidade semelhante a um transistor, capaz de codificar dados digitais num raio de luz devidamente refinado, a ponto de transmitir dois bilhões de bits por segundo. Com ele é possível modular digitalmente um raio laser bem fininho e direcioná-lo para dentro de uma fibra ótica ultra-fina de vidro. Só falta à Intel provar que é possível aumentar as velocidades e diminuir o consumo elétrico deste novo componente, viabilizando sua aplicação num produto comercial.

Em seu evento anual que começa amanhã, o Intel Development Forum, uma conferência para desenvolvedores em San Francisco, a Intel fará uma exibição de um sistema de comunicações já usando este fabuloso chip. O desbunde máximo será a transmissão de um vídeo em alta-definição através de um trecho de oito quilômetros de fibra ótica.

Se você tiver em casa alguma CPU Intel velha ou queimada, então guarde em local seguro, pois tem tudo pra virar peça de museu. Se esta tecnologia de chips óticos de silício emplacar mesmo, vão virar História os velhos chips eletrônicos. E mais, com grande vantagem para os fabricantes atuais, já que o processo de fabricação não mudará lá grande coisa, pois se já era silício, continuará sendo silício. Nada de materiais exóticos nem de processos manuais, que são padrões no estágio atual da indústria de redes por fibra ótica.

No médio prazo, estima-se que os custos de banda para transmissão digital serão dez vezes menores, o que adiantará bastante o famigerado fenômeno da convergência digital, tão exaustivamente comentado nos últimos tempos.


Certamente a leitora recebe de vez em quando uns emails imensos com uma apresentação PowerPoint em anexo, geralmente cheia de dizeres inspiradores, musiquinhas e fotos maravilhosas. É bem verdade que, depois do terceiro ou quarto desses, dá vontade de explodir a máquina, mas alguns deles até que são bonzinhos e dão até vontade de salvar as imagens ou mesmo o som. Já tentei fazer isso na munheca ha muito tempo mas achei trabalhoso e, no caso do som, complicou mais ainda. Para minha sorte, há poucos dias recebi de bandeja uma dica do velho amigo Sidney Simões, que resolve essa parada. Chamando o arquivo PPT ou PPS para dentro do PowerPoint, basta salvar a apresentação como página web. Suponha que salve o arquivo com nome "teste.htm" -- vai se abrir um novo subdiretório com o nome "teste_arquivos" (ou "teste_files"). Dentro dele estarão salvos separadamente as imagens e os áudios. Verdadeira moleza.


Os links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20040216.htm

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