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O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira

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Artigo: 591 / Publicação: 2004-04-12

DEMISSÃO DIGITAL - Fácil pra quem fica, duro pra quem sai

A leitora conhece pessoalmente alguém que tenha sido demitido via email? E através de mensagem de texto (SMS) em celular? Estranhos e rudes procedimentos assim já são até meio usuais lá fora e perigam virar moda também aqui no Brasil. Há poucos dias fiquei sabendo de amigos que foram demitidos via correio eletrônico, e não eram funcionários de firmeca não, eram povo de multinacionais da pesada. Pode haver forma mais grotesca de dispensar os serviços de alguém?

Aqui na terrinha, um dos primeiros vexames assim que virou notícia por envolver pessoa pública foi o ocorrido em junho de 2001 com o então Secretário de Saúde do Rio, Sérgio Arouca. Uma mensagem de email foi o recurso usado pelo Prefeito César Maia para defenestrar seu secretário. Na ocasião, o elegante comentário de Arouca foi que achava ótimo que Clique para ampliar a ilustração do Mestre CRUZ. a eletrônica viesse a agilizar nossas vidas, mas observou que pegava mal "coisificar" a política, comentando que ficava parecendo uma coisa tirada do livro 1984, de George Orwell, em que as máquinas são meros instrumentos do totalitarismo.

Mas nem sempre a coisa pega só para o funcionário deletado. Em 1997, por exemplo, o australiano Michael Canizales foi demitido da Microsoft via email. Ele era diretor de recursos humanos e tinha sido admitido na empresa em 1989. Em 1995 foi transferido para Sydney para ajudar a estabelecer a Ninemsn, comprada pela MS. Nessa ocasião, ele adquiriu opções de compra de ações, que venceriam em julho de 1999. Após ser demitido, Michael subiu nas tamancas, apelou para a Justiça e meteu um ferro bonito Na corporação, que em 2000 se viu forçada a pagar US$ 9 milhões ao mancebo.

Outro camarada australiano, em maio de 2003, recebeu em seu celular o seguinte texto enviado pela empresa de que era empregado: "É oficial. Você não trabalha mais para a JNI Traffic Control." É claro que o camarada também se enfureceu já entrou na Justiça, vamos ver no que vai dar.

Pouco depois, em junho do mesmo ano, uma seguradora britânica chamada "The Accident Group" (nomezinho agourento, não?) resolveu que era tempo de fechar as portas. E para comunicar o fato aos seus 2.400 funcionários? Ora, moleza. Os administradores acharam que bastava mandar uma mensagem SMS para os infelizes, avisando que eles estariam no olho da rua e que não receberiam mais salário. Pronto -- serviço limpo, rápido e barato -- assim foi feito.

Ir para a rua já é brabeira, mas dum jeito seco e distante assim é o fim da picada. Tanto é que, logo depois dessa coisa feia que fez a tal seguradora, o novo CEO da gigante em telefonia móvel Vodafone, Arun Sarin, que estava assumindo o cargo àquela época, fez questão de que constasse em seu contrato que ele não poderia ser demitido por email, SMS, nem por qualquer outro meio digital de mensagens. Para chutar o camarada, a empresa precisar enviar uma carta convencional em papel mesmo, fosse escrita a mão, datilografada ou saída duma impressora. E para mostrar que não era jogo duro demais, topou no contrato uma eventual demissão por fax, demonstrando ser possuidor de uma alma flexível e cordata.

Mas o mundo dá suas voltas. Mais de 2.000 cientistas franceses ameaçaram se demitir todos juntos via email caso não fossem destinadas mais verbas para a pesquisa científica no país. É claro que a macacada pulou e se coçou.


A gravadora EMI introduziu um esquema de proteção contra cópias de seus CD's, chamado "Copy Control", que vem causando muita celeuma. Até há pouco, tal proteção era tida como Flagrante de Brando Nights desprotegendo seu CD do Paralamas.inexpugnável. O que eles não contavam era com a inventividade do brasileiro. Um habilidoso fuçador carioca, após comprar o novo CD ao vivo dos Paralamas, ficou zangado com essa coisa do Copy Control e pôs-se a observar o CD com cuidado. A proteção impede o usuário de "ripar" o CD, ou seja, de gerar arquivos MP3 a partir das faixas do mesmo. Dificulta também que o CD seja tocado no carro, pois pula muito.

Pois bem, este atento fuxicador, que designarei pelo pseudônimo Brando Nights (foto), notou que no tal CD há uma marca numa "trilha", como se fosse um separador de seção. Decidiu arriscar e, usando uma caneta dessas de retroprojetor, riscou cuidadosamente em cima da tal marca. Resultado: desprotegeu o CD. Mas ele adverte, cuidado para não borrar demais, risque com precisão.

Sei muito bem que mencionar algo assim aqui pode ser absolutamente inútil e sem propósito, pois é óbvio que nem eu nem as leitoras do InfoEtc teriam o topete de executar procedimento tão torpe e desprezível, burlando um esquema tecnológico que visa a salvaguardar os interesses da gravadora. Em suma, esse tal de Brando Nights é realmente um cabra da peste. Mil vezes execrado seja seu nome!


Não percam a dica do Pictus: uma excelente cartilha sobre segurança na internet em português, completíssima, para novatos, em www.nbso.nic.br/docs/cartilha/. Demais links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20040412.htm

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