Artigo: 592 / Publicação: 2004-04-26
3D WEB - Máquinas de busca tridimensional
Quanto tempo conseguiria a leitora sobreviver na web, ou achar alguma coisa nela, sem depender de ferramentas como Google, Altavista e outras? A quantidade de conteúdo online cresceu tão assustadoramente que hoje viramos meio que escravos dessas máquinas de busca. E ficamos maravilhados com o poder desses instrumentos de pesquisa, achando-os tão formidáveis que às vezes acreditamos que nada os poderia superar. Mas engana-se quem pensa assim. Ainda vamos dar muita risada lembrando dos tempos em que era preciso digitar palavras-chave como argumentos de busca num Google da vida.
Tem muita gente trabalhando duro para expandir os conceitos das ferramentas web de busca, abrangendo análises de imagens e comparações bi e tridimensionais de formas, padrões, objetos, cores e texturas, ou seja, dando um salto sobre a barreira das descrições textuais associadas a estas entidades de informação. A busca de imagens, por exemplo, no Google, nada mais faz do que pesquisar os itens de texto que circundam as fotos em páginas web. Tudo bem que já seja uma mão na roda, mas não entra no mérito das formas nem da geometria dos objetos retratados.
Pesquisadores nas universidades de Purdue e Princeton, nos EUA, estão desenvolvendo novas máquinas de busca que podem chafurdar em catálogos de objetos tridimensionais contendo dados sobre peças mecânicas e formas arquitetônicas e efetuar buscas usando critérios espaciais. A interface com o usuário ainda é o maior problema, pois deve permitir que ele, usando apenas seu browser, possa dizer ao sistema qual forma espacial deseja buscar.
Um dos papas nessa linha de pesquisa é o Prof. Karthik Ramani, do departamento de engenharia mecânica da Universidade de Purdue e diretor do CISE (Center for Information Systems in Engineering). Ele criou um sistema de busca para componentes industriais gerados por computador, poderoso auxílio às equipes de engenharia que freqüentemente perdem um tempão reprojetando peças que muito provavelmente já tinham sido criadas, usadas e, em alguns casos, até rejeitadas por este ou aquele motivo. Grandes empresas industriais, com inventários de peças contendo dezenas de milhares de itens, estão de olho nessa valiosa tecnologia. O problema é que, muito embora a grande maioria dessas peças tenha sido criada usando CAD (computer aided design - projeto assistido por computador) e possua uma precisa representação digital, a forma com que são catalogadas exige exame individual caso se queira realizar uma pesquisa. E isso é, na maioria das vezes, totalmente inviável. Uma das saídas é o 3DESS, sistema de busca por formas em componentes de engenharia, desenvolvido pela equipe do Prof. Ramani. (Em tempo, nadavê mas, para relaxar, faça um teste de dicção -- tente ler em voz alta, de primeira, o nome de um estudante de mestrado que participa desta equipe: "Yagnanarayanan Kalyanaraman".) Pois bem, com a 3DESS, basta desenhar o esboço de uma peça para receber na tela dezenas de itens que se parecem com ela. Se um deles estiver bem perto de desejado, o projetista pode visualizar um esqueleto do componente, manipulá-lo online, alongando-o ou curvando-o, e re-submeter a pesquisa.
Outra equipe de cobras é a do Grupo de Recuperação e Análise de Formas, da Universidade de Princeton. A própria leitora pode se divertir com a máquina tridimensional de busca desenvolvida por eles. Uma das maneiras de pesquisar o banco de dados é através de texto combinado com três vistas bidimensionais do objeto procurado, usando a opção "Text & 2D Sketch". A outra é usando a modalidade "Text & 3D Sketch", através da ferramenta Teddy, um engenhoso applet Java escrito em 1998 por Takeo Igarashi, da Universidade de Tóquio. Experimente: no começo é um pouco difícil, mas com o treino fica moleza. Aliás, também no Japão, o Tokyo Research Labs da IBM vem desenvolvendo outro potente sistema de gerenciamento de informações para modelos tridimensionais criados por computação gráfica.
Mas como essas ferramentas funcionam, mágica? Que nada. A leitora decerto se lembra do pixel (picture element), elemento básico de um gráfico ou fotografia digital, tão falado quando se lida com manipulação de imagens. Muito bem, para lidar com o espaço 3D existe o similar voxel (volume element), elemento básico espacial de um objeto tridimensional que pode ser representado em computador. Essas máquinas 3D de busca pegam o esboço que o usuário oferece, convertem a forma num conjunto de voxels e sai fazendo uma varredura no banco de dados em busca de formas similares.
Por enquanto, buscas tridimensionais ainda servem apenas a propósitos muito específicos, pesquisando bancos de dados fechados e bem regrados. Usá-las num universo tão amplo quanto o da web já é um passo bem mais adiante. Fora isso, no futuro, teremos também buscas por sons, odores, temperaturas, etc. E a interface será vocal, gestual ou até simplesmente precisaremos pensar na forma ou no texto a pesquisar. Mas isso, por ora, ainda é só sonho.
Os links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20040426.htm
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