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O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira

Globo Online, onde você fica sabendo das coisas.

Artigo: 599 / Publicação: 2004-08-02

BATAM LOGO ESSE MARTELO E VAMOS TRABALHAR!

Estive no seminário sobre TV Digital na semana passada e fiquei meio confuso com algumas coisas que foram ditas. Como a leitora deve ter visto no fantástico caderno especial sobre o tema, publicado na edição de hoje de O Globo, existe uma disputa ferrenha entre três sistemas de televisão digital: o americano (ATSC), o europeu (DVB) e o japonês (ISDB). Ainda não decidiram qual será adotado aqui no Brasil, ou se será uma mistura dos três, ou mesmo uma solução auriverde. Fiquei impressionado ao ver em que estágio estão as análises da segunda bateria de testes que as autoridades estão realizando com os três padrões. Sim, eles estão já comparando aparelhos prontos, engenhocas que já são vendidas em lojas lá no exterior, e não mais protótipos, como foi na primeira bateria em 2000. Estamos a um passo do final da análise. E nesta altura, diante da urgência, será que ainda podemos sequer sonhar com um padrão brasileiro? Nenhum dos sistemas estrangeiros em análise levou menos de cinco anos para ser desenvolvido, nem custou menos de US$ 500 milhões em pesquisa e desenvolvimento. É claro que seria louvável se tivéssemos desenvolvido um padrão genuinamente nosso, mas o governo deveria ter pensado nisso há muito tempo, em vez de ficar ensebando desde 1998, atolado em ciumeiras, filigranas técnicas, politicagens e no nefasto jogo de interesses.

Outro ponto que me deixou cabreiro foi a repetição de que a adoção da TV digital vai logo de cara permitir acesso internet a cada receptor equipado com sua set-top-box, além de possibilitar interação com a emissora. Helôôou? Disseram o mesmo do rádio, da TV comum e da internet, porém esta propalada bidirecionalidade só acontece em um percentual ínfimo do casos. No rádio, ocorre com os radioamadores e com os donos de walkie-talkies. Na TV se dá só para quem tem videophone. Na internet ainda vá lá que seja, com email, chats, webcams, etc. Mas quando se fala em prover conteúdo denso e atualizado, o que se tem mesmo são grandes fornecedores realizando "broadcast", ou seja, transmitindo de um para muitos, de uma única origem em direção à grande massa.

No evento, foi realizada um comparação item a item entre os três padrões em questão. Naturalmente, uma escolha assim não é puramente técnica, envolve questões políticas maiores e poderosos lobbies que, como se sabe, têm um peso brutal na hora do vamuvê. Mas naquele momento, em que a exposição era eminentemente técnica, a mensagem era clara: para cada um dos requisitos mostrados na interminável tabelinha projetada na tela, o único que atendia a todos eles era o ISDB, o sistema japonês. O governo já sabia disso em 2000 e novamente tudo se comprova em 2004. E ainda não bateram o martelo?

Ao final do seminário, houve a brilhante apresentação do presidente da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, o Sr. Pedro Ziller. Um verdadeiro show. Mas eis, na hora das perguntas, uma famosa e simpática jornalista, cheirosa e com sua voz envolvente, indagou ao nobre palestrante, de forma inequívoca e meridianamente clara, sobre o grande atraso em nossa decisão sobre os rumos da TV digital no Brasil. Acreditem: o camarada teve a cara-de-pau de dizer que não há atraso nenhum. Ainda bem que a platéia reunia só a elite, porque se fosse um pouquinho menos, garanto que voava tomate.


No impecável especial do Globo Online sobre o tema, na seção Megafone, a pergunta era: "Que padrão de TV Digital o Brasil deve adotar?". Um dos leitores respondeu: "Qualquer padrão, mas só depois de consertar as estradas, as escolas públicas e a Saúde..."


Para quem não conhece, "mlogs" são audioblogs com mp3's, geralmente disponíveis para download apenas por alguns dias. A maioria é de gravações raras, indies (bandas e selos independentes), artistas menos conhecidos ou com público mais específico. Se a leitora gosta de pesquisar novas e raras tendências, caia de boca nos mlogs. A quantidade de material disponível é quase assustadora. Como pontos de partida, segure esses três aqui: Newflux, LondonLee e MP3blogs. Esta precisa dica veio do Mascarenhas Castro, que ainda deu o toque duma boa matéria no USA Today sobre o tema, com links para muitos outros mlogs. Valeu, hombre! 


Sobre a tragédia do amigo Fervil (vide pág. 3), um aprendizado: para viver no Rio, precisamos ensaiar ser assaltados. Treinar mesmo. Pratique com afinco, para na hora agá não cometer nenhum deslize que possa pôr tudo a perder. Procure pelo pequeno manual de instruções em português que está rolando na rede.


Os links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20040802.htm.

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