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O GLOBO -
Informática Etc. |
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Artigo: 617 / Publicação: 2005-04-11
TEMA ESCOLHIDO A DEDO
Já esqueceu sua senha? Duvido que não. Quanto mais tecnológica vai ficando nossa vida, mais nos tornamos dependentes dessas chaves que abrem as portas do nosso espaço virtual. No entanto, o sistema de senhas se mostrou insuficiente para oferecer um padrão robusto de segurança digital. A solução alternativa mais em voga tem a ver com o seu, o meu, o nosso corpo. A leitora já deve estar sabendo a que me refiro: biometria. Para identificar uma pessoa, com chances mínimas de erro, os sistemas de segurança biométrica se concentram em características comportamentais, físicas e químicas do indivíduo. As comportamentais são ligadas às peculiaridades da voz; à dinâmica com que a pessoa digita sua senha no teclado; e à maneira como move a caneta na hora de assinar um papel. Quanto às singularidades físico-químicas, estas são de vários tipos. Nas mãos, temos as impressões digitais e palmares, a geometria dos dedos e da palma, e os padrões de veias nas costas das mãos. Nos olhos, há as matrizes gráficas da íris e da retina. No rosto, pode-se explorar a geometria facial e os padrões de calor distribuídos no semblante. Além disso, temos o peso, o formato das orelhas, o odor emanado pelo corpo, os padrões elétricos cerebrais e até a matriz genética individual, expressa através da seqüência de DNA. Implementar um sistema completo que contemple todas essas variáveis nos custaria os olhos da cara, com o perdão do trocadilho, que aliás nos remete à cena do filme Minority Report, em que o personagem de Tom Cruise burla o sistema biométrico usando seus próprios globos oculares, que tinham sido removidos de suas órbitas e guardados num saquinho plástico. Nas instituições de pesquisa, tanto nas acadêmicas quanto nas corporativas, a corrida agora é para baixar os custos, tornando estes sistemas mais viáveis e acessíveis à clientela mais numerosa, logo abaixo da elite. Dentre as modalidades biométricas, a que está ganhando disparada é a impressão digital, que já conta com dispositivos simples e baratos ao alcance de qualquer usuário comum de PC ou Macintosh, ou até mesmo Palm e celular. Acontece que, na semana passada, na Malásia, um contador de nome K. Kumaran estava prestes a entrar em sua Mercedes Benz classe S quando foi abordado por ladrões. Eles o fizeram entrar no carro, dar a partida e sair dirigindo. Só que o automóvel era protegido por um sistema biométrico baseado na impressão digital do dedo indicador. Quando os assaltantes tentaram eles mesmos ligar o carro e se depararam com o super-bem-bolado obstáculo de alta tecnologia, nem preciso dizer que apelaram para a solução que é tão óbvia que, se não fosse trágica, cômica seria. Com um canivete bem afiado, cortaram fora a ponta do dedo do Kumaram, deram um pontapé na bunda do pobre contador e fugiram serelepes com a Mercedes do cidadão. Casos como este já fazem parte do tecno-folclore há um bom tempo, como no filme do Schwarzenegger, "O Sexto Dia" (The 6th Day), em que seu personagem Adam Gibson arranca o polegar duma dona para penetrar um sistema controlado por impressões digitais. Só que, desta vez, a coisa aconteceu na vida real, servindo-nos como um bom lembrete de que alta tecnologia não significa necessariamente alta segurança. Pelo menos, nos bons filmes de ficção científica, qualquer sistema biométrico faz um reforço na autenticação do usuário para garantir que o mesmo está vivo, seja pela pulsação sanguínea, cadência das batidas cardíacas, análise físico-química do hálito, calor corporal ou algum outro indicador. Nos grupos de discussão na internet sobre segurança e riscos tecnológicos, houve um gênio que apareceu com uma "solução" para casos como o da Malásia. De modo a preservar a integridade física do usuário, o sistema biométrico de segurança, ao receber a dedada do dono do automóvel, perguntaria numa telinha LCD: "Deseja desabilitar temporariamente a leitura de sua impressão digital? (S/N)" |
