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Carlos Alberto Teixeira

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Artigo: 624 / Publicação: 2005-07-18

OS 500 MAIS PODEROSOS

Ilustração: Cruz, mestre dos mestres.

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Diante de nossos computadorezinhos em casa ou no trabalho, nem nos lembramos de que existem espalhados pelo mundo verdadeiros monstros mastigadores de números, os supercomputadores. Em 1993 um grupo de cientistas decidiu compilar e manter uma lista relacionando os 500 supercomputadores mais poderosos do mundo. Os responsáveis por este trabalho são Jack Dongarra, da Universidade do Tennessee, juntamente com Erich Strohmaier e Horst Simon, ambos do NERSC/Lawrence Berkeley National Laboratory, e Hans Meuer, da Universidade de Mannheim, na Alemanha. Desde junho de 93, a lista TOP500 vem sendo atualizada duas vezes por ano, com base num teste comparativo conhecido como "LINPACK Benchmark", que visa a medir a taxa de execução de operações em ponto flutuante na solução computacional de um sistema denso de equações lineares. A unidade de medida utilizada na comparação entre computadores de alto desempenho é o "flop/s", ou seja, o número de operações de ponto flutuante realizadas por segundo (FLoating-point OPerations). As operações são feitas com 64 bits e podem ser de adição ou multiplicação. Os supercomputadores estão atualmente tão afiados a ponto de seu desempenho ser medido na ordem de centenas de Teraflop/s, ou seja, centenas de trilhões de operações por segundo.

Na versão mais recente da TOP500, de junho do corrente ano, os dois mais fabulosos supercomputadores são da IBM. O mais possante é o IBM Blue Gene/L, escalável até 65.536 nodos de processamento-dual, com desempenho certificado de 136,8 TF (Teraflop/s) e desenvolvido em parceria com o Departamento Nacional de Energia Nuclear dos EUA (NNSA). Este brinquedinho irado encontra-se instalado no Lawrence Livermore National Laboratory, na Califórnia. Estima-se que até agosto já estará em operação o upgrade que está sendo implantado nesta soberba máquina, elevando seu desempenho até o limite teórico do sistema, ou seja, 360 TF. O segundo da lista é o IBM Watson Blue Gene, instalado no Thomas J. Watson Research Center da IBM, em Nova York. Seu desempenho é de "apenas" 91,29 TF.

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Pode até ser poderoso, mas esse Blue Gene/L é feio
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Aliás, a Big Blue está arrebentando na lista TOP500, em que 259 dos vencedores trazem o selo IBM. Em segundo lugar está a Hewlett-Packard (131), seguida por Silicon Graphics (24), Dell (21) e Cray (16). Dentre os 10 primeiros, a IBM tem 6. Nada mau. E dentre os 304 supercomputadores da lista que usam Linux, a IBM fabricou 193 deles.

Mas enquanto você usa seu computador pessoal para acessar a internet, ler emails, calcular planilhas e escrever textos, que será que os caras fazem com máquinas tão complexas como os superbólidos acima? O Blue Gene/L, por exemplo, é usado como ferramenta de segurança nacional para o governo americano, em especial para analisar questões urgentes relativas ao envelhecimento dos estoques de armas nucleares. Certificar e garantir a segurança e confiabilidade deste perigoso material armazenado é tarefa dura. Contudo, outras aplicações de HPC (high performance computing = computação de alta performance) também se utilizam desta ultra-calculadora, tais como problemas em biologia, modelos financeiros, hidrodinâmica, química quântica, dinâmica molecular, astronomia, pesquisa espacial e modelagem climática.

A Universidade de Boston vai usar o Blue Gene/L para resolver intrincados problemas abrangendo física sub-nuclear, genética, biologia celular e de modelagem de sistemas oceanográficos e espaciais. Além disso, os cientistas desta instituição vão usar este supercomputador para futucar nas mais profundas estruturas da matéria, explorando a teoria QCD (cromodinâmica quântica) que tenta explicar como os quarks e os glúons interagem entre sí, informação que é chave para descrever o que se passa dentro dos aceleradores de partículas de alta-energia. Outros pesquisadores vão aproveitar o desempenho estúpido deste ciber-gigante para estudar a atividade do Sol, mais especificamente protuberâncias e flares solares que afetam as camadas terrestres de radiação na ionosfera e que prejudicam as comunicações, perturbam linhas de transmissão elétrica e bagunçam sistemas de posicionamento global.

Quanto ao futuro, é claro que a IBM não é boba e está trabalhando duro para manter a liderança, pois os competidores também não dormem no ponto. A japonesa Fujitsu, por exemplo, anunciou que até 2011 terá fabricado uma supermáquina de 3 ou 4 Petaflops (1 Peta = mil Teras), que poderá ser fruto da interligação de centenas de seus servidores Primequest. Este projeto está sendo conduzido em parceria com NEC, Hitachi e várias universidades japonesas.


Os links de hoje estão em catalisando.com/infoetc/20050718.htm.

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