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O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira

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Artigo: 631 / Publicação: 2005-10-24

ÔMEGA-LINHA E A RAIZ QUADRADA

Ilustração do meu amigo Cruz, o mestre dos mestres.

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Hacker hoje em dia virou quase sinônimo de criminoso mas antigamente era elogio. Semana passada, um hacker das antigas chamado Ômega-Linha (Homem Galinha) visitou meu currículo informal na web, encontrou uma menção à frase "Celacanto Provoca Maremoto" e contou-me o seguinte.

Em 1978, ele sabotou o computador do IME, Instituto Militar de Engenharia. Foi por puro espírito-de-porco. "É como quem escala o Everest, simplesmente porque a montanha está lá", disse. A máquina era um IBM 1130 e ele reescreveu a função SQRT (square root), que calculava a raiz quadrada de um número. Numa escola de Engenharia, imagine a leitora quantas vezes por dia era invocada a tal SQRT pelos programas dos alunos, tudo ainda em cartão perfurado.

Na primeira tentativa, a função original foi simplesmente deletada da biblioteca e ninguém mais conseguia tirar raiz quadrada de nada. Encarado como sabotagem, o fato gerou no IME um recrudescimento nas normas de segurança para acesso ao 1130. Mas, como se sabe, quando a coisa fica mais perigosa, é aí que o hacker fica ainda mais ansioso. Perde o sono bolando maneiras de burlar os novos obstáculos e não desiste de suas fuxicadas. E foi o que aconteceu. Com o auxílio de dois amigos, codinomes P2 e Baiano, Ômega-Linha reescreveu a nova função e o P2 entregou o maço de cartões no escaninho de entrada do CPD (centro de processamento de dados). Agora não tinha mais volta.

Pois bem, a nova função do Ômega-Linha calculava normalmente a raiz quadrada. Só que, como brinde, escrevia na impressora uma entre dez frases, entre elas a famosa "Celacanto Provoca Maremoto", com moldura, setinha e tudo. Para realizar a proeza, ele utilizou o //DUP (Disk Utility Program), apagando a função SQRT original e substituindo-a pela mutretada. Não demorou muito e um dos militares rodou um programa pesado de cálculo de flexão em vigas e a impressora cuspiu uma tonelada de papel com as frases do celacanto antes que o operador se tocasse e reagisse, abortando a execução do programa.

Obviamente, a vítima criou o maior fuzuê e os responsáveis pelo CPD iniciaram uma caçada ao autor da brincadeira que, a essa altura, poderia até tentar reverter a função para o código original. Só que o Ômega-Linha já tinha se livrado dos cartões, das listagens e dos rascunhos. Para sorte do hacker, nunca encontraram o autor. Depois de algumas cabeçadas, os operadores do 1130 baixaram o backup da biblioteca, a função original SQRT voltou a ser o que era e hoje o fato só é lembrado às gargalhadas em reuniões regadas a chopp pela turma que se formou em 1979 no IME.


A internet é um verdadeiro tesouro para quem sabe usá-la mas, a cada dia que passa, vem se tornando território cada vez mais perigoso para usuários incautos ou novatos. Se você está começando agora a descobrir o mundo da web e dos emails preste muita atenção. Quando receber um email, seja lá de quem for, evite clicar em links que venham no corpo da mensagem. Para quem não conhece, um link (ou hiperlink) é uma palavra ou frase da mensagem que aparece na tela em cor azul ou violeta. Quando você passa o cursor do mouse em cima de um link, a seta se transforma numa mãozinha com o dedo indicador para cima. Se você usa o programa de emails da Microsoft, o Outlook Express, é preciso ligar a sua barra de status para que possa seguir a dica que vou lhe dar agora. Para acionar esta barra, clique no menu lá de cima em "Exibir", depois em "Layout". Se já não estiver marcada, marque a opção "Barra de status" e clique em OK. A barra aparecerá no rodapé da sua tela do Outlook Express. Depois disso, passe seu mouse em cima do link suspeito no corpo da mensagem que você recebeu. Observará que na barra de status vai aparecer uma tripa de coisas escritas, que na verdade são o endereço do link suspeito. Em geral, trata-se de um site ou de um arquivo. Pois bem, preste bem atenção ao final da tripa, que deve ter um ponto seguido de três letras. Se estas três letras forem "exe", "scr", "com", "pif", "rar" ou "zip", então evite clicar no link, pois pode ser uma armadilha. Se não aparecer o ponto e as três letras ao final da tripa, pior ainda, pois o endereço pode ser grande demais e aparecer truncado na barra de status, mascarando um possível perigo.

Armadilhas assim se chamam "phishing", um jeito sórdido de se apoderar do seu computador ou dos seus dados particulares. Visite o site da Microsoft na página especializada sobre phishing, pois as explicações dadas lá são muito claras. A lista de fraudes oferecida pelo UOL também é ótima.

Desconfie sempre de mensagens com links aparentemente enviadas por bancos, órgãos do governo e empresas, ou tratando de assuntos que lhe despertem curiosidade, como fofocas políticas, de jogadores de futebol, de artistas da TV, pornografia e esquemas para ficar rico sem fazer força. E o mais importante, enquanto não pegar prática na internet, jamais informe seus dados particulares, contas bancárias ou senhas de qualquer espécie. Enquanto sentir insegurança e não tiver aprendido a se proteger, evite também fazer compras online ou realizar operações bancárias via internet.


Não deixe de visitar os links de hoje, que estão em http://catalisando.com/infoetc/20051024.htm

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